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Uma pesquisa que investiga as ações antieticas nas relações entre profissionais do ramo público e privado, enfatizando a necessidade de adequação dos comportamentos individuais no ambiente corporativo. O texto discute a importância da responsabilidade social nas organizações, a influência dos valores e princípios dos gestores, e a necessidade de controlar o comportamento dos funcionários através de códigos de ética. Além disso, o documento aborda a relação entre a organização e os indivíduos, a racionalidade funcional e substantiva, e a importância da conscientização e união da massa para enfraquecer o domínio corporativo.
Tipologia: Exercícios
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Monografia apresentada à Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FACC/UFRJ, como requisite parcial à conclusão do curso de graduação em Administração.
Orientador: Renato Nunes Bittencourt
As estatísticas crescentes de práticas antiéticas ocorridas no ambiente de trabalho e fora dele, trouxeram para a sociedade atual uma preocupação a respeito do comportamento dos indivíduos. A globalização, a competitividade e as características do sistema capitalista são fatores que influenciam nas atitudes dos profissionais. Diante dessa eminente necessidade de adequação dos comportamentos dos indivíduos no ambiente corporativo, a presente pesquisa tem como propósito central identificar as ações antiéticas nas relações dos profissionais do ramo público e privado. Como método de pesquisa foi aplicado um survey em 227 participantes, através de um questionário que abordou desde o contato do indivíduo com o código de ética da empresa, como a percepção deste a respeito dos comportamentos antiéticos presenciados no ambiente de trabalho. A amostra estudada apontou uma ocorrência significativa de comportamentos ilícitos no ambiente corporativo, constatando-se a necessidade educar os indivíduos através de cursos e treinamentos e implementar meios mais efetivos de controle.
Palavras-chave: Comportamento organizacional. Comportamento antiético
The rising statistics of anti ethic practices occurred among work places and also out of them have brought to today’s society a big concern about people’s behavior. Globalization, competitiveness and the characteristics of a capitalist system are factors that influence professionals attitudes. Facing this great need of fitting people’s behavior onto corporate environment, this paper main intention is to identify anti ethic actions in public and private professionals’ relations. The method applied to collect this information was a survey with 227 participants who answered a poll about employees having knowledge of the company’s ethic code and how these employees perceived anti ethic behavior in the work location. The results showed a significant occurrence of illegal actions in corporate environment, leading the thought to the urgent need of educating individuals trough courses, trainings and more effective ways of control.
Key words: organizational behavior; anti ethic behavior.
Tabela 1: Responsabilidades Sociais Corporativas ........................................................ 18 Tabela 2: Instâncias na Responsabilidade Moral das Empresas .................................... 19 Tabela 3 – Caracterização da amostra ............................................................................ 28
Figura 1: Modelo de Criação de Valor Sustentável (CVS) ............................................ 23
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1.1 Considerações Iniciais
O aumento das empresas e a globalização foram fatores impactantes que levaram ao inchaço econômico, isto é, quando a oferta ultrapassa a capacidade de absorção do mercado. Como consequência dessa disputa de mercado característica do sistema capitalista, a responsabilidade da organização com a ética foi perdendo espaço para o alcance de objetivos particulares e financeiros da empresa. Se necessário, as empresas negligenciam a conduta ética e realizam ações que podem proporcionar prejuízos ao meio ambiente e a sociedade como um todo. A estatística crescente por práticas ilícitas praticadas pelas organizações, trouxe para a sociedade a busca de medidas exercíveis de controle e punição. A preocupação ambiental, oriunda da projeção dos impactos para as gerações futuras, pela intensidade de produção e ações danosas praticadas pelas empresas, também fomentaram a atenção dos órgãos reguladores e da sociedade.
Também é necessário considerar a composição de uma organização, formada por um conjunto de indivíduos cada qual com suas particularidades, desejos, pensamentos e condutas que não necessariamente irão agir conforme as diretrizes da organização. Assim, o código de ética aparece como instrumento importante para a organização com seus trabalhadores, cujo objetivo é guiar as decisões de seus funcionários de acordo com os valores e a visão da empresa, evitando atitudes que desvirtuam as escolhas diante da competitividade e dos dilemas éticas vivenciados no trabalho.
O momento vivido pelo país com a reprodução cada vez maior de escândalos que envolvem o comportamento antiético no ambiente político, econômico e empresarial, justifica a relevância da abordagem desse tema para toda a sociedade. Focando no contexto empresarial, as organizações são capazes de desempenhar seu importante papel na sociedade com a criação de valor, de renda e movimentação da economia (VELOSO, 2005), mas para isso, precisam conseguir equilibrar seus interesses próprios com os anseios da sociedade.
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O entendimento dos fatores históricos e atuais que impactam os indivíduos no processo de decisão nas organizações mostra-se, portanto, intrinsicamente fundamental para a redução de fraudes e negligência das organizações na sociedade atual. Assim, o presente trabalho propõe levantar as atitudes éticas presentes nas organizações e responder o seguinte questionamento: como se dá o comportamento ético dos indivíduos na sociedade capitalista?
1.3.1 Objetivo Geral
Esta pesquisa teve como objetivo estudar as ações antiéticas nas relações profissionais como algo estrutural na própria empresa, instrumentalizando, quando necessário, e as demandas éticas para fins utilitários.
1.3.2 Objetivos Específicos
Além do objetivo primário especificado, a presente pesquisa se propõe a levantar: Contextualização do espírito do capitalismo; A importância dos valores éticos individuais; A relação da organização e os indivíduos que a compõem
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sociedade atual uma preocupação de seus efeitos para as gerações futuras. Nesse cenário, a organização que for capaz de implementar ações sustentáveis que degradem menos o ambiente, gera para si, uma vantagem competitiva no mercado. (NOBRE E RIBEIRO, 2013).
Em época de transformação do mercado para um meio mais dinâmico, globalizado, competitivo e midiático, vivemos um período marcado pela falta de comprometimento ético da população em nível global. Para Zylbersztajn (2002), as organizações tendem a operar em situações oportunistas de benefício próprio e aponta que pode haver um prejuízo das outras partes. Como indica as estimativas da Associação de Certificação de Examinadores de Fraudes, as práticas fraudulentas em um período analisado de janeiro de 2016 a outubro de 2017, movimentaram um montante de sete bilhões de dólares no mundo.
No ponto de vista de Aloise, Rocha e Olea (2017) o ambiente legal, os princípios e os valores dos gestores são fatores que impactam no comportamento ético das organizações. Assim como o contexto social e cultural, as forças de mercado e a estrutura de gestão e controle no setor de atuação.
2.2 A Ética Protestante e o espírito do capitalismo
A maior parte da sociedade desde seus primórdios foi impactada pela religião com mais ou menos intensidade. Oliveira, et al (2017), constataram a influência da religião para a população, com explicações sobre as origens do homem e da terra, desenvolvimento de teorias, valores morais e também de cunho político. Acrescentaram que através da fé, os cidadãos religiosos seguem a vontade divina imposta pela igreja em formas indiretas de leis, decretos, mandamentos e ordenamentos.
Com o desenvolvimento de estudos no campo da Filosofia e da ciência, a ética protestante se afastou da magia característica do catolicismo e substituiu as crenças e valores religiosos por uma linha mais racional do pensamento para se adequar as exigências do mundo moderno. (OLIVEIRA, et al. 2017).
Na ética protestante, o trabalho era visto como algo predestinado por Deus, sagrado e objeto de ascensão. Nesse sentido, cabia aos homens daquela época trabalhar, poupar, e não desperdiçar o tempo, não caberia a ele a ostentação de sua riqueza, apenas ganhar a vida com atividades produtivas de seu suor e esforço. O autor acrescenta ainda que os homens que não eram capazes de trabalhar, seja por problema físico ou mental, eram ditos como incapazes, e
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cabia-lhes apenas o inferno.
Weber, em sua primeira teoria, relacionou o sistema capitalista com traços de racionalismo econômico existentes na ética protestante e identificou que as primeiras ações características do sistema capitalista haveriam ocorrido na parte ocidental. A valoração do trabalho, e do tempo, presentes na ética protestante, com o desenvolvimento econômico foram institucionalizados e impostos aos seres humanos na sociedade capitalista moderna. (RIESEBRODT, 2012).
Buscando traduzir o “espírito do capitalismo”, Weber utilizou-se do pensamento de Benjamin Franklin: “Ganhar dinheiro dentro da ordem econômica moderna é, enquanto isso for feito legalmente, o resultado e a expressão da virtude e da eficiência de uma vocação”. Esse sistema, expressa o utilitarismo do indivíduo, que deverá ser capaz de trabalhar, gerar capital e não gozar de sua riqueza.
O trabalho passa a ser visto como instrumento de ascese e preservação da redenção da fé e do homem, que través de sua dedicação profissional, seria capaz de cumprir sua vocação. No entanto, o distanciamento forçado da magia e da religião para racionalização do mundo, gerou uma crise de sentimentos de angústia na vida social e na vida individual oriundo da reforma protestante. Constatado como aspecto fundamental na estrutura da modernidade capitalista, os fiéis passaram a buscar no trabalho, sinais de certeza de sua salvação. (PISSARDO, 2017).
2.3 A ética e a moral
A ética e a moral são duas palavras utilizadas em vários contextos de nosso cotidiano e que possuem difícil desvinculação. Apesar de carregarem a ambiguidade em seu significado, devem ser consideradas como dois conceitos distintos e complementares, na medida em que a ética tem como objeto de estudo a própria moral.
A ética se originou da palavra grego éthos, que abrange o temperamento, caráter, hábito e modelo de ser. No meio empresarial, a ética poderá ser classificada como normativa, quando a filosofia e a teologia irão orientar o comportamento dos indivíduos; e descritiva, do campo da gestão e dos negócios, quando se interessa por explicar e predizer o comportamento dos indivíduos. (BORGES, MEDEIROS E CASADO, 2011)
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2.4 Organização e sociedade
O resquício da fé religiosa fundamentalista na disputa de crescimento econômico proporciona políticas palpáveis de desintegração social e ambiental. (KORTEN, 1996, p. 87). Nesse contexto, Bakan (2008) define as empresas como instituições egoístas e incapazes de seguir preceitos morais que não prejudiquem os outros quando os proveitos são maiores que os danos. Assim, as ações são endereçadas em pró de benefícios particulares para maximização do lucro que não se sustentam no bem comum.
Além disso, a utilidade do ser humano nesse Sistema restringe-se na capacidade de transformar em capital humano para o alcance de interesses próprios ou em virtude de interesse de outrem. (HINKELLAMERT, 2016, p. 201). As corporações encontram brechas para ações indevidas através da ineficiência do Sistema de Regulador e pela falta de efeito do cumprimento da lei, formado por regulações maleáveis que não conseguem extinguir comportamentos danosos aos seres humanos, as comunidades e ao meio ambiente. (BAKAN, 2008).
Para tanto, a noção de responsabilidade social está presente nas organizações como fator impactante na sobrevivência da empresa perante a opinião pública. O aumento da cobrança por ações responsabilizadas de bem-estar para a sociedade e para o meio ambiente, gerou fonte de vantagem competitiva para as empresas que conseguem refletir essa imagem.
A responsabilidade social para Thiry-Cherques (2003) está contida nas dimensões da ética e no compromisso moral, é o que nos torna suscetível à ética, ao direito, às ideologias, e à fé, para os cristãos. E que nos faz sujeitos de sanção, do castigo, reprovação e culpa de atos e intenções que corrompam os princípios morais.
Carroll (1979), conceitua as Responsabilidades Sociais Corporativas em quatro linhas principais para as atividades de negócios: Econômica, Legal, Ética e filantrópica, nesta ordem de importância.
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Tabela 1 – Reponsabilidades Sociais Corporativas
Responsabilidade Descrição
Econômica Como unidade econômica, a empresa é responsável pela produção e rentabilidade.
Legal A empresa deve agir de acordo com a lei existente.
Ética A empresa precisa se comportar de maneira adequada.
Filantrópica A empresa deve estar envolvida nas melhorias do ambiente social
Fonte: Elaborado pela autora, com base em Carvalho e Medeiros (2013)
Os empregados e os dirigentes são os agentes morais da empresa, restando a última à obrigação e responsabilidade de responder perante a lei. Assim, as instituições, as organizações, o Estado, os sistemas econômicos e políticos irão assumir responsabilidades distintas e que comandadas por homens, os atores morais e sujeitos da eticidade, evitarão a violação das obrigações com a sociedade. (THIRY-CHERQUES, 2003).
Para Thiry-Cherques (2003), há duas esferas de instância nas responsabilidades, os naturais, estarão voltadas para o ambiente externo, ou seja, a comunidade como um todo; e as contratuais, que são livres de escolha mas devem se enquadrar no permitido pela lei. Cada uma dessas instâncias, possuem referências a pontos específicos de responsabilidade para com todos os envolvidos, direcionando o cumprimento dos deveres e direitos e a legitimidade das informações para todos os envolvidos.
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Moraes et. Al (2012) constataram em sua pesquisa a racionalidade funcional como atuante nas organizações, preocupada com fins e o cumprimento das normas, enquanto a racionalidade substantiva, focada na reflexão das ações baseada em valores éticos, ainda não possui espaço nas organizações.
Vizeu (2006), destaca a racionalidade do éthos capitalista como garantia dos interesses da classe econômica dominante, seja elaborando mecanismos efetivos de controle e dominação dos grupos inferiores empregados, cidadãos, pacientes; seja construindo uma falsa consciência da realidade organizacional. Complementando a crítica à ideologia capitalista, Bittencourt (2016), reconhece o exercício do consumo para além da satisfação das demandas pessoais, mas um dever nacionalista e uma iniciativa em favor do progresso econômico do país e de sua ordem social. Conforme aponta Maurício Tragtenberg,
O sistema capitalista perpetua-se porque ele produz escravos a quem é inculcada, desde a infância, uma necessidade de segurança, que se traduz socialmente por uma fé absoluta nas instituições e na “verdade” do poder, de uma tal religiosidade que o sacrifício de si, a ideologia da renúncia à subjetividade e seus prazeres proibidos, adoração mística do poder e o culto do chefe terminam por terminar toda a possibilidade autônoma do pensamento. (TRAGTENBERG, 2005, p. 139). Para Bittencourt (2016) a única forma capaz de enfraquecer o domínio corporativo, é a conscientização e união da massa, hoje alienada, sobre a natureza econômica, reguladora e exploradora das organizações, que os tornam vítimas do sistema capitalista.
2.5 O Código de Ética
No Brasil, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social fundado em 1998 possui como missão auxiliar as empresas nas tomadas de decisões no que diz respeito a a responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. Com o fomento da competitividade do mercado e os dilemas éticos vivenciados dentro das organizações, aumentou-se a necessidade de controlar e prever o comportamento dos funcionários através de um documento de formalização que reflete a cultura, política e os valores da empresa. (MORAES et al., 2012).
Através do Código de Ética, a organização busca minimizar os impactos dos fatores internos e externos na tomada de decisão dos seus funcionários. Os externos, relacionam aos aspectos que atuam sobre o ambiente de trabalho de maneira geral, como o
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ambiente regulatório, as tendências sociais e demográficas, e internos, influenciados pela cultura, crenças, valores, habilidades do profissional e experiências passadas. (BRAGA, KUBO, OLIVA, 2017).
Como definição ‘o código de ética ou de compromisso social é um instrumento de realização da visão e missão da empresa, que orienta suas ações e explicita sua postura social a todos com quem mantém relações’ (ETHOS, 2000, p. 7). Para Kant (1995), a tensão dentro de um indivíduo se enraíza através do conflito entre os desejos, impulsos e valores próprios e a razão utilitarista da organização, visando o lucro, renda e produção. Para ele, é nesse momento que os indivíduos precisam de princípios definidos que controlem suas ações para comportamentos que respeitem a ética.
O código de ética, por si só, não é capaz de garantir a tomada de decisão dos funcionários pautada em valores éticos desejados pela organização. Para a devida incorporação do código na cultura da empresa, este precisa ser construído junto aos funcionários e/ou difundido através de programas consistentes e permanentes, de forma que os valores reflitam um sentido coletivo para os envolvidos. (CHERMAN E TOMEI, 2005).
Em Petta e Ferraz (2017) o código de ética se desenvolvido e implementado corretamente, também impacta no sucesso da organização, pois minimiza riscos de ações fraudulentas, diminui condutas ou operações indevidas e expande o compromisso da organização com a responsabilidade ética. Assim, Cristina e Florina (2008) reforçam que o código de ética pode cooperar na qualidade e performance dos serviços ou das atividades realizadas, na melhora da credibilidade com os stakeholder e na imagem da empresa para os demais da sociedade.
Ramos (1991) faz uma crítica a esse tipo de imposição, ao ponto que os indivíduos perderam o senso pessoal e a auto orientação para agir de acordo com o que lhe foi imposto. O autor fala ainda que o mundo passa por uma síndrome comportamental, em que as pessoas apenas cumprem os deveres, sem refletir sobre o que é certo ou errado, apenas se adequam ao comportamento.