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PARA O PROFESSOR. O grande e maravilhoso livro das famílias. Mary Hoffman / Ros Asquith. Tradução Isa Mesquita. Faixa etária a partir de 6 anos. 40 páginas.
Tipologia: Resumos
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Mary Hoffman / Ros Asquith Tradução Isa Mesquita Faixa etária a partir de 6 anos 40 páginas TEMAS Pluralidade cultural / Comportamento / Relações familiares a autora Mary Hoffman nasceu em 1945, em Eastleigh, Inglater- ra. Licenciou-se em Linguística pela University College London. É autora de mais de noventa livros infantojuvenis, entre álbuns e romances, de sucesso internacional. Entre eles estão Meu primeiro livro de contos de fadas (Companhia das Letrinhas, 2003) e Bem- -vindo à família! (Edições SM, 2014). Mary tem três filhas adultas, que trabalham na área de artes, e vive em Oxfordshire, Inglaterra, com o marido e três gatos. a ilustradora Ros Asquith nasceu em Sussex, Inglaterra, e formou-se pela Camberwell School of Art, em Londres. Trabalhou como designer gráfica e muralista antes de se tornar cartunista nos anos
Mesmo com o conceito já estabelecido em nosso imagi- nário, vale a pena retomar a etimologia da palavra. Família é derivada do latim famulus , que significa “escravo doméstico”, “servo”. O termo era utilizado na Roma Antiga para designar todos os que estavam sujeitos ao pater familias : não só escravos e servos, mas também os animais. Portanto, em sua origem, o termo família estava mais ligado ao patrimônio e à riqueza do que aos laços de sangue. O vocábulo gens , de genere , que significa “gerar”, é que se referia às pessoas com parentesco genético, tal como a família nuclear que conhecemos hoje: pai, mãe e filhos. Só na idade pós-clássica a noção se ampliou, vindo a representar não somente os escravos e o patrimônio, mas o grupo de pessoas que viviam juntas. Naquele período, por- tanto, o termo família passou a designar o conjunto de todos os que estavam subordinados ao potestas (ou seja, ao poder e ao domínio) do pater familias , incluindo os servos, os filhos e a mulher do patriarca. O elemento aglutinador ainda não era a consanguinida- de: uma filha que se casasse com uma pessoa de fora do clã familiar, por exemplo, deixava de pertencer à “família”. Do mesmo modo, segundo as leis de Direito de então, nem sequer os laços de afeto contavam para transmissão da herança: um pai poderia adorar sua filha, mas não lhe legar os bens. Já na Idade Média, o significado do termo voltou a ser res- tringido: começou a se ater apenas ao grupo unido por laços de sangue, estendido eventualmente para os laços formados por adoção. Posteriormente, com a Revolução Francesa , surgiram no Ocidente os casamentos laicos e, depois, com a Revolução Industrial, tornaram-se frequentes os movimentos migratórios para cidades maiores, construídas ao redor dos complexos industriais. Tamanhas mudanças demográficas estreitaram os laços familiares e provocaram nova configuração das famílias (que se tornaram menores e mais nucleares), delineando um cenário similar ao que existe hoje. Parte das mulheres come- çou a sair de casa para trabalhar e, em consequência disso, a educação dos filhos passou a ser partilhada com as escolas. Os laços de sangue É possível termos ideia do poder designado a um chefe de família na Roma Antiga, bem como das diferentes leis que regiam seus estatuto social e regras morais, ao acom- panhar a descrição feita pelo arqueólogo e historiador francês Paul Veyne no ensaio “Do ventre materno ao testamento” (em História da vida privada 1. São Paulo: Com- panhia das Letras, 2009). Nesse ensaio, Veyne discorre sobre algumas especificida- des da formação familiar e sobre o poder dado ao chefe de família na Antiguidade, cujas decisões levavam em consideração outras questões, além dos laços de sangue: “O nascimento de um romano não é ape- nas um fato biológico. Os recém-nascidos só vêm ao mundo, ou melhor, só são rece- bidos na sociedade em virtude de uma de- cisão do chefe de família. [...] Em Roma um cidadão não ‘tem’ um filho: ele o ‘toma’, ‘levanta’ ( tolkre ); o pai exerce a prerrogati- va, tão logo nasce a criança, de levantá-la do chão, onde a parteira a depositou, para tomá-la nos braços e assim manifestar que a reconhece e se recusa a enjeitá-la”. revolução francesa Durante os agitados anos da Revolução Francesa (1789-1799), pautados por inten- sa agitação política e social, as fronteiras entre vidas pública e privada sofreram transformações expressivas. Nesse período, o domínio público ampliou-se sobremaneira sobre o privado, a ponto de os interesses pessoais serem vistos como ofensa aos ideais revolucioná- rios (e, portanto, passíveis de penalidades).
Mas não é sempre assim, dado que, como dito anteriormente, o conceito de família, assim entendido, não é universal: os grupos familiares se organizam e modificam-se conforme cultura, o espaço e o tempo em que vivem. Por exemplo, em determinadas tribos africanas as famílias são constituídas por um homem e várias mulheres que coabitam a mesma casa. Já em regiões como o Paquistão, existe a tradição de os familiares escolherem os parceiros de seus filhos para a constituição de uma nova família, e assim por diante.
Além das famílias de estrutura nuclear tradicional (pai, mãe, filhos), há as que se formam em torno do pai ou da mãe apenas. Trata-se de variações da estrutura nuclear tradicional devido a múltiplos fatores (escolha por criar sozinho/a um filho, óbito do pai ou mãe, não reconhecimento da função parental, abandono de lar ou adoção de crianças por uma só pessoa etc.). Há, ainda, famílias que se constituem de forma mais ex- tensa, unindo ao núcleo mais próximo os parentes diretos ou colaterais, ou seja, não só as relações entre pais e filhos, mas também entre avós, pais, enteados e netos. Existem também as famílias comunitárias, nas quais o papel parental é descentralizado e as crianças são de responsabili- dade de todos os membros adultos, ao contrário dos sistemas familiares tradicionais, em que a total responsabilidade pela criação e educação das crianças cabe aos pais e à escola.
Baseadas na ligação conjugal entre duas pessoas do mes- mo sexo, as famílias homoafetivas podem incluir crianças adotadas ou filhos biológicos de um ou ambos os parceiros.
À diferença do que acontece com os animais, o ser huma- no nasce completamente indefeso: o bebezinho necessita de cuidados e afeto, alguém que o alimente e lhe dê suporte para mantê-lo vivo. A família, como rede significativa de pessoas que lhe dão apoio, é fundamental no processo de desenvol- vimento, tanto no âmbito psicofísico – nutrição, conforto, abrigo e proteção –, como no âmbito da sociabilidade, no que se refere aos primeiros ensinamentos morais e éticos repassa- dos a cada um dos indivíduos do grupo familiar de origem. É a família que primeiro oferece e transmite os parâmetros de subjetivação e, também, de acomodação a determinada cultura, sendo matriz de identidade, comportamento e socialização. matriz de identidade , com- portamento e socialização As interações familiares constituem a base de nossa socialização. Os pais ou as figuras que ocupam funções parentais são matrizes de identidade, sendo elementos fundamentais para a “formação do eu”. As dinâmicas do apego, envolvidas no cuidado adulto aos bebês, são vitais para seu desenvolvimento psicossocial. O processo, complexo e deflagrado muito precocemente, passa por uma série de mecanismos de identificação com as figuras de apego, por meio das quais o bebê irá aos poucos se reconhecer para, num terceiro momento, delas se diferen- ciar, constituindo assim sua singularidade ou, em outras palavras, as bases para a construção da própria identidade. Mas não só os pais colaboram para isso. Em outro registro, e em tempos diferentes, irmãos, avós, tios e outros membros significativos do núcleo familiar expandem o universo afetivo da criança, levando-a a jogos mais ampliados de identificação/diferenciação (envolven- do rivalidades, reciprocidade, valores, empatia, afetos compartilhados etc.), por meio dos quais ela poderá exercitar suas habilidades sociais rumo ao amadureci- mento psicossocial e ético.
d u r a n t e a l e i t u r a Nem sempre a produção oral do aluno é trabalhada de forma sistemática em sala de aula. Isso decorre da visão de que a criança adquire essa habilidade espontaneamente no contato cotidiano com os outros, sem necessidade de mediação do professor. En- tretanto, é possível ensinar o aluno a colocar-se oralmente em situações diversas, como as requeridas em uma apresentação ou em uma roda de história. Quando falamos sobre oralidade, falamos sobre a necessidade de estimular o aluno a preparar seu discurso e nele mergulhar, ou seja, sobre a importância de atentar para a articulação ordenada daquilo que vai dizer. Nesse sentido, proponha uma leitura compartilhada. Ini- cialmente o professor pode ler o livro em voz alta e os alunos acompanham a leitura. Depois, sugira a eles que leiam em voz baixa e escolham trechos que serão lidos para a turma. Se, por um lado, a leitura em voz alta é um instrumento importante para se chegar ao sentido, ressaltando o ritmo, a sonoridade, a musicalidade, a expressividade da palavra, por outro, a leitura silenciosa é a maneira mais habitual no cotidiano, devendo ser igualmente estimulada, pois potencializa a introspecção e a reflexão sobre o texto. a p ó s a l e i t u r a Terminada as rodadas de leitura, passemos a mais perguntas: “De qual trecho você mais gostou e por quê?”, “Quais as passa- gens mais engraçadas e por quê?”, “Que trecho o intrigou mais e por quê?”, “Quais aspectos de sua família lhe vieram à cabeça durante a leitura?”, “Que imagens mais lhe chamaram a atenção?”. Isso pode ser feito inicialmente em duplas e depois abrindo a discussão para toda a turma, com mediação do professor, que pode aproveitar a ocasião para naturalizar as diferenças entre os variados tipos de família – tema central do livro. Esta também é uma boa oportunidade para estimular as crianças a ouvir com atenção, intervir, formular e responder a perguntas, manifestar opiniões e acolher as dos outros. E também o momento de adequar intervenções precedentes, de estimular as crianças a relatar experiências, ideias e opiniões de forma clara e ordenada em ambientes que extrapolam os vivenciados no âmbito privado e familiar. Por que ler para os alunos? Como explica o educador Rubem Alves (1933-2014): “todo texto literário é uma partitura musical. As palavras são as notas. Se aquele que lê é um artista, se ele domi- na a técnica, se ele surta sobre as palavras, se ele está possuído pelo texto – a beleza acontece. E o texto se apossa do corpo de quem ouve. Mas se aquele que lê não do- mina a técnica, se ele luta com as palavras, se ele não desliza sobre elas, a leitura não produz prazer: queremos que ela termine logo. Assim, quem ensina a ler, isto é, aquele que lê para que seus alunos tenham prazer no texto, tem de ser um artista. Só deveria ler aquele quer está possuído pelo texto que lê. Por isso acho que deveria ser estabelecida em nossas escolas a prática de ‘concertos de leitura’”.
Depois desse amplo trabalho com o livro, os alunos certa- mente terão um entendimento global do que foi lido e visto. Estarão aptos a desenvolver as habilidades de reflexão, inter- pretação e síntese, avaliando melhor o que leram e, certamente, desenvolvendo ferramentas para leituras vindouras. Atividade 1 Cenas de família Sugira que cada aluno desenhe ou pinte, em uma grande cartolina, a cena de uma família (a própria ou alguma do livro), a partir das questões listadas a seguir. Esta atividade pode ser feita em parceria com a área de Artes:
- Quem faz parte de sua família? Sua família é grande ou pequena? - Em que tipo de casa vive sua família? - Em sua família, todos foram ou vão para a escola? - Em sua família, todos trabalham? - Para onde sua família costuma ir durante as férias? - Como são as refeições em sua casa? Quem as prepara? Onde compram os alimentos? - Você tem animais de estimação? Você os considera parte de sua família? - Há festas e celebrações em sua casa? Como são essas co- memorações? - Como sua família se locomove na cidade? - Como vocês compartilham os sentimentos alegres e tristes? Depois de finalizados os trabalhos, proponha que cada um apresente a família desenhada – uma boa oportunidade de retomar as discussões sobre diferenças. Os trabalhos poderão ser expostos em um mural, em lugar visível na escola, para que crianças de outras turmas possam apreciá-los. Atividade 2 Do livro ao sujeito Refletir sobre o lugar ao qual se pertence, resgatando sua origem e aproximando-se dos familiares e responsáveis, é algo fundamental para que os alunos estabeleçam relações com o livro que acabaram de ler, indo, portanto, do livro ao Para saber mais Livros para o aluno
gêneros diferentes), da importância que os nomes car- regam e seu determinismo na história de cada um deles. Utilize-os, lendo em voz alta os trechos mais acessíveis durante a atividade:
- “Nasceu uma ninfa”, Carlos Drummond de Andrade (em Contos plausíveis. São Paulo: Companhia das letras, 2012). - Morte e vida Severina (Auto de Natal pernambucano), João Cabral de Melo Neto (Rio de Janeiro: Alfaguara, 2007). - “Nomes de gente”, Geraldo Azevedo e Renato Rocha ( Adi- vinha o que é , MPB4. São Paulo: Ariola,1983). Uma atividade complementar a essa é trabalhar a iden- tidade familiar pela via dos documentos pessoais. Peça para as crianças trazerem a certidão de nascimento e o RG pessoal e/ou dos pais. Em duplas, sugira que comparem os dados de seus documentos com os de um colega (nome, data de nascimento, sexo, estado, cidade, números). Esta é uma boa ocasião para explicar que todas as pessoas têm um nome e um sobrenome, que deverão ser registrados em cartório, algo fundamental para a inclusão social (matricular-se no posto de saúde, na creche, na escola...). Como finalização, proponha a construção de uma árvore genealógica – uma maneira sempre interessante de registrar a história da família. elaBoração do guia Luciana Marques Ferraz (doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, psicóloga e professora do Ensino Fundamental); preparação Malu Rangel; edição e redação do Boxe “matriz de identidade, comportamento e socialização” Graziela R. S. Costa Pinto; revisão Carla Mello Moreira.