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O HIPNOTISMO psicologia, tecnica e aplicação, Manuais, Projetos, Pesquisas de Matemática

Um livro ilistre para quem deseja descobrir um pouco sobre hipnotismo e auto-hipnose. Este livro foi modificado por mim, mas qualquer dúvida pesquisem sobre karl-weissmann (o autor da obra)

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2010
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Compartilhado em 08/11/2010

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O HIPNOTISMO
PSICOLOGIA
TÉCNICA E
APLICAÇÃO
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O HIPNOTISMO

PSICOLOGIA

TÉCNICA E

APLICAÇÃO

ÍNDICE

  • INTRODUÇÃO......................................................................................................................
  • I - HISTÓRIA DO HIPNOTISMO.......................................................................................
  • PRÉ-HISTÓRIA...................................................................................................................
  • O PADRE GASSNER..........................................................................................................
    • MESMER............................................................................................................................
  • O MARQUÊS DE PUYSÉGUR..........................................................................................
  • O ABADE FARIA................................................................................................................
  • ELLIOSTON………………………………………………………………………………
  • ESDAILE………………………………………………….……………………………….
  • BRAID……………………………………………………………………….…………….
  • BERTRAND………………………………………………………………….……………
  • LIÉBEAULT........................................................................................................................
  • BERNHEIM.........................................................................................................................
  • CHARCOT...........................................................................................................................
  • FREUD.................................................................................................................................
  • II – QUE É HIPNOSE?........................................................................................................
  • UM FEMÔMENO DE PROJEÇÃO – ARTE CIÊNCIA.....................................................
  • A LEI DA REVERSÃO DE EFEITOS................................................................................
  • III – HIPNOSE É SUGESTÃO............................................................................................
  • SUGESTÃO E PRESTÍGIO.................................................................................................
  • IV – HIPNOSE E SONO......................................................................................................
  • V – ALGUMAS TEORIAS SOBRE HIPNOSE..................................................................
  • A HIPNOSE COMO ENTREGA AMOROSA....................................................................
    • “MAMADEIRA HIPNÓTICA”...........................................................................................
    • HIPNOSE COMO GÊNERO DRAMÁTICO......................................................................
    • HIPNOSE COMO DISSOCIAÇÃO.....................................................................................
    • TEORIA DOS TRÊS FATORES.........................................................................................
    • HIPNOSE É UM ESTADO PSICOLÓGICO NORMAL....................................................
    • FÓRMULA HIPNOTICA....................................................................................................
    • HIPNOSE EM ESTADO DE INTENSA CONCENTRAÇÃO...........................................
    • VI – ESTÁGIOS DA HIPNOSE..........................................................................................
    • ALGUMAS MUDANÇAS FISIOLÓGICAS...................................................................... 5. TRANSE PROFUNDO (Estágio sonambúlico)
    • ESCALA LECRON – BORDEAUX....................................................................................
    • VII – A INDUÇÃO HIPNÓTICA........................................................................................
    • PREÂMBULO (Importante)................................................................................................
  • TRATAMENTO...................................................................................................................
  • VIII– ALGUNS PRINCÍPIOS DA TÉCNICA SUGESTIVA.............................................
  • A LEI DO EFEITO DOMINANTE.....................................................................................
  • VALOR SUGESTIVO DA CONTAGEM...........................................................................
  • MONOTONIA......................................................................................................................
  • IX – MÉTODOS DE INDUÇÃO HIPNÓTICA..................................................................
  • TESTES DE SUSCETIBILIDADE......................................................................................
  • O TESTE DAS MÃOS.........................................................................................................
  • O TESTE DA OSCILAÇÃO................................................................................................
  • PÊNDULO DE CHEVREUL...............................................................................................
  • O TESTE TÉRMICO........................................................................................................... O TESTE OLFATIVO??
  • MÉTODO DE BERNHEIM.................................................................................................
    • MÉTODO DO Dr. A. A. MOSS...........................................................................................
    • MÉTODO DA ESTRELA....................................................................................................
    • RAPIDEZ E PROFUNDIDADE DO TRANSE...................................................................
    • SINAIS PSICOLÓGICOS....................................................................................................
    • PARAR E MOVER DÚVIDAS...........................................................................................
    • ATO DE ACORDAR...........................................................................................................
    • UMA TECNICAS PARA OS DIFÍCEIS DE ACORDAR..................................................
    • INDUÇÃO POR SUGESTÃO PÓS-HIPNÓTICA..............................................................
    • ALGUNS CUIDADOS PRELIMINARES..........................................................................
    • HIPNOSE ACORDADA......................................................................................................
    • X – A QUALIFICAÇÃO DE HIPNOTISTA.......................................................................
  • HIPNOTIZÁVEIS?...................................................................................................................... XI – CRITÉRIOS DE SUSCETIBILIDADE. QUAIS AS PESSOAS MAIS
    • TIPOS IMPULSIVOS..........................................................................................................
    • PREGENITAIS.....................................................................................................................
    • ORAL...................................................................................................................................
    • ANAL...................................................................................................................................
    • FÁLICO................................................................................................................................
    • HISTÉRICOS.......................................................................................................................
    • PESSOAS PREOCUPADAS...............................................................................................
    • OS INDIVÍDUOS FELIZES OU DESPREOCUPADOS....................................................
    • OS INTELIGENTES............................................................................................................
    • SEXO....................................................................................................................................
    • FATOR ÉTNICO..................................................................................................................
    • IDADE..................................................................................................................................
    • O TABAJISMO....................................................................................................................
    • TRAÇO DE FAMÍLIA.........................................................................................................
  • PESSOA SER HIPNOTIZADA SEM AVISO PRÉVIO?........................................................... XII – O QUE SE CONTUMA PERGUNTAR AO HIPNOTIZADOR. PODE UMA
    • É POSSIVEL HIPNOTIZAR UMA PESSOA CONTRA SUA VONTADE?....................
    • PODE TRANFORMAR-SE O SONO NATURAL EM SONO HIPNÓTICO?..................
      • O HIPNOTISMO TELEPÁTICO.........................................................................................
      • E A INDUÇÃO COM AJUDA DE DROGAS QUIMICAS?..............................................
      • O PODER DA HIPNOSE É RELATICO?...........................................................................
      • XIII – A AUTO-HIPNOSE..................................................................................................
      • XIV – A HIPNOSE COMO RECURSO TERAPEUTICO E EDUCATIVO......................
      • DISTÚRBIOS DE METABOLISMO, OBESIDADE, ETC................................................
  • MENSTRUAIS, ETC................................................................................................................... DISTÚRBIOS FUNCIONAIS DA SEXUALIDADE, IRREGULARIDADES - DEFEITOS DE VISÃO...................................................................................................... - DIFICULDADE DE ARTICULAÇÃO, GAGUEIRA, ETC............................................. - A CAIMBRA DO ESCRIVÃO.......................................................................................... - DIFICULDADES DE MEMÓRIA E DE CONCENTRAÇÃO......................................... - INSÔNIA............................................................................................................................ - ALCOOLISMO.................................................................................................................. - TABAJISMO (cigarros)..................................................................................................... - XV – HIPNOANÁLISE..................................................................................................... - RECORDAR É VIVER...................................................................................................... - INDUÇÃO DE SONHOS................................................................................................... - DESENHOS E ESCRITURAS AUTOMÁTICOS............................................................ - ESPELHO OU BOLA DE CRISTAL................................................................................ - PSICO-DRAMA OU A TECNICA CINEMATOGRÁFICA............................................ - HISTÓRIAS SIMBÓLICAS E CONFLITOS EXPERIMENTAIS................................... - CONTRA INDICAÇÕES................................................................................................... - XVI – HIPNOSE EM ODONTOLOGIA (Hipnodontia)................................................... - O MÉTODO DE Dr. G. F. KUEHNER (Recomendado a principiantes)........................... - PARA PACIENTES PROTÉTICOS (com próteses)......................................................... - INDICAÇÕES ODONTOLÓGICAS PARA CADA ESTÁGIO DA HIPNOSE..............
    • HIPNOTISMO, ORGANIZADA E ANALISADA PELO AUTOR......................................... XVII – O HIPNOTISMO DE PALCO. UMA DEMONSTRAÇÃO PÚBLICA DE

Um dos reparos clássicos feitos ao hipnotismo é o de sua utilização em demonstrações públicas. O autor dêste trabalho, embora veterano na psicanálise e psicólogo em uma das maiores penitenciárias, onde orienta em regime de recuperação mais de mil detentos, realizou centenas de demonstrações públicas e colheu as impressões mais autorizadas e insuspeitas, segundo as quais um espetáculo de hipnotismo pode ser mais do que um mero espetáculo de curiosidade, divertido e interessante. Vem a propósito o testemunho de dois eminentes educadores, respectivamente o Padre Loebmann, professor catedrático da Universidade Católica, e Guido de Maforeschi, pseudônimo que esconde um pastor protestante e conhecido jornalista de São Paulo…

“Um espetáculo que é uma lição da nossa grandeza e ignorância — declara o primeiro, e continua — O filósofo Kant se extasiava com as maravilhas do firmamento celeste como com as do “firmamento” da consciência psíquico-moral do homem. Karl Weissmann levantou aos seus ouvintes o véu do nosso maravilhoso e tão pouco conhecido psiquismo, abrindo horizontes… fazendo ver e sentir estas maravilhas”.

São de Guido de Maforeschi as palavras abaixo:

“Notável o trabalho do prof. Weissmann, agora no Municipal.

O adjetivo não nos vem à mente senão ao término de seu trabalho de ontem. Não que tenha havido qualquer reserva quanto à honestidade ou mesmo quanto a qualquer mínima circunstância no processo de quanto lá se realiza. Tudo claro, tudo evidente, tudo no máximo respeito da verdade científica. Por isso mesmo é que se compreendeu ao fim, que essa obra do professor Weissmann foge àquêle sentido superficial e comum de espetáculo, de coisa para ver. È coisa que sugere ser verdade, e que abre à mente curiosa todo um mundo ainda apenas entrevisto nos domínios da psiquiatria e das investigações para além nas veredas interiores do homem. E mais: naqueles convites ao inconsciente, para um bem-estar e uma paz interior na solução dos problemas, aquilo penetra realmente nos cofres íntimos do paciente para um sentido de serenidade, de paz, de compenetração da vida.

Notável, portanto, pelo sentido científico e útil, o que ficou claro aos olhos de quantos lá estiveram. Os pacientes não foram apenas pacientes. Além de voluntàriamente dispósos às experiências, cremos que colheram benefícios dos trabalhos que ajudaram a realizar. “Não se tem um mero espetáculo de curiosidade: tem-se uma exposição de fatos sérios e suscetíveis de produzir benefícios no equilíbrio da personalidade”.

As transcrições acima não têm por finalidade destacar qualidades pessoais do autor, senão ùnicamente deixar patente que o hipnotismo de palco em si não constitui necessàriamente um desserviço para a ciência, desde que se lhe eleve o nível e que se o apresente de forma sincera, transmitindo ao público um sentido de beleza e de verdade. Despertando a curiosidade e o interêsse públicos, espetáculos desta natureza contribuem para uma difusão mais ampla dos aspectos científicos

dêsse ramo legítimo da psicologia. E não ùnicamente as massas populares, senão também as classes acadêmicas costumam beneficiar-se com êsse gênero de diversão.

Neste país coube ao autor dêste trabalho a responsabilidade de ter ministrado os primeiros cursos de hipnotismo e suas técnicas a turmas de médicos e dentistas, muitos dos quais vêm empregando essas técnicas com grande proveito para a ciência médica e odontológica. E não foram as conferências ou publicações científicas, mas, sim, as demonstrações públicas, realizadas em teatros e TVs, que inspiraram a nobre iniciativa.

Aos que ainda insistem em profanar que a hipnose médica nada ou quase nada tem em comum com o hipnotismo de palco e da televisão e que êsse último desfigura necessàriamente a verdadeira natureza dos fenômenos hipnóticos e que só consegue impressionar e convencer a ignorantes, opomos o testemunho do próprio Freud:

“Quando ainda estudante — declara Freud em sua autobiografia — assisti a uma demonstração pública do “magnetizador” Hansen. Notei como um dos “sujeitoos“ adquiriu palidez cadavérica ao entrar na rigidez cataléptica. E a palidez perdurou durante todo o transe. Foi o que consolidou, de uma vez por tôdas, minha convicção em relação à legitimidade dos fenômenos hipnóticos.”

Negar ao hipnotismo sua adequação ao palco é desconhecer-lhe a natureza essencialmente dramática. O hipnotismo é, por definição, dramatização, animação e ativação de idéias. É teatro por excelência, conforme veremos mais adiante. Por outro lado, a hipnose é uma técnica no contrôle das condições psicossomáticas, e das mais eficientes, o que equivale a dizer que é uma chance terapêutica nada desprezível. Bastaria considerar que 85% das doenças consideradas até hoje orgânicas, são na realidade de origem emocional (funcional). Portanto, suscetíveis de tratamento hipnoterápico. E temos de considerar ainda a aplicação da hipnose na vida cotidiana em situações não especìficamente terapêuticas.

Os maiores expoentes do hipnotismo científico contemporâneo recomendam, por isso, uma colaboração mais estreita entre os hipnotistas leigos e os hipnotistas médicos, visando uma mais ampla e exata compreensão do fenômeno em questão.

O objetivo dêste livro é mostrar o que é a hipnose, à luz dos nossos conhecimentos a respeito até a data presente, realçando seu valor e importância científicos; indicar a sua aplicação e, na medida do possível, ensinar a hipnotizar.

Interessante será dizer que cada um dêsses três objetivos faria jus a um volume a parte, comportando o último ainda algumas aulas práticas, já que a capacidade psicológica e o desembaraço necessário para uma eficiente hipnotização não se adquirem fàcilmente através de simples leitura.

Esculápio. Ali, os peregrinos eram submetidos à hipnose pelos sacerdotes, os quais invocavam alucinatóriamente a presença de sua divindade a indicar os possíveis expedientes de cura. As sacerdotisas de Ísis, pósas em estado de transe, manifestavam o dom da clarividência; hipnotizadas, revelavam ao Faraó fatos distantes ou fatos ainda a ocorrer. Semelhantemente, os oráculos e as sibilas articulavam suas profecias sob o efeito do transe auto-hipnótico. Pela auto-hipnose se explica também a anestesia dos mártires, que se submetiam às maiores torturas, sem dar o menor sinal de sofrimento. Os sacerdotes de Caem recorriam à hipnose em massa para aliviar os descontentamentos coletivos.

Dentre os grandes homens, sábios, filósofos e líderes religiosos, que se dedicaram ao hipnotismo, figura Avicena, no século X; Paracelso, no século XVI, e muitos outros. Em plena Idade Média, Richard Middletown (Ricardo Média-Vila), discípulo de São Boa Ventura, elaborou um tratado forte sôbre os fenômenos que mais tarde reconheceríamos como hipnóticos.

O oriente, ainda mais do que o Ocidente, vem mantendo uma tradição ininterrupta

na prática hipnótica. Os métodos Yogas são considerados dignos de atenção científica até os nossos dias. Dentre os hindus, mongóis, persas, chineses e tibetanos, a hipnose vem sendo exercida há milênios, ainda que preponderantemente para fins religiosos, não se sabendo ao certo até que ponto sua verdadeira natureza ali está sendo conhecida.

O PADRE GASSNER..........................................................................................................

Na segunda metade do século XVIII, na Alemanha do Sul, apareceu um padre jesuíta, de nome Gassner. Era um padre um tanto teatral. Realizava curas espetaculares numa dezena de milhares de pessoas. A fim de assegurar-se a aprovação da Igreja, explicava seus métodos como um processo de exorcismo. Consoante a crença comum da época, os doentes eram simplesmente possuídos pelo demônio. E os que se sentiam com o diabo no corpo vinham ao padre para que êle o expulsasse. E o padre aparecia à sua clientela, todo de prêto, de braços estendidos, segurando um crucifixo cravejado de diamantes à frente dos pacientes. Usava ambiente escuro, decorações lúgubres. Falava em latim e com voz cava. Um médico que assistiu a uma sessão dessas com uma jovem camponesa, ele nos descreve êsse método fantástico:

“Entrando de maneira dramática no aposento, o Pr. Gassner tocou a jovem com o crucifixo, e essa, como que fulminada, caiu ao chão em estado de desmaio. Falando-lhe em latim, a paciente reagiu instantaneamente. À ordem “Agitatur bracium sinistrum”, o braço esquerdo da jovem começou a mover-se num crescendo de velocidade. E ao comando tonitroante “Cesset!”, o braço se imobilizara, voltando à posição anterior. Ato contínuo, o padre sugere que está

louca, e a jovem, com o rosto horrivelmente desfigurado, corre furiosamente pela sala, manifestando todos os sintomas característicos da loucura. Bastou a ordem enérgica “Pacet!” para que ela se aquietasse como se nada houvesse ocorrido de anormal. O padre Gassner nesta altura lhe ordena falar em latim, e a jovem pronuncia o idioma que normalmente lhe é desconhecido. Finalmente, Gassner ordena à moça uma redução nas batidas do coração. E o médico presente constata uma diminuição na pulsação. Ao comando contrário, o pulso se acelera, chegando a 120 pulsações por minuto. Em seguida, a jovem, estendida no chão, recebe a sugestão de que suas pulsações iriam reduzir cada vez mais, até cessarem completamente. Seus músculos se iriam relaxando totalmente e ela morreria, ainda que apenas temporàriamente. E o médico, espantado, não percebendo sequer vestígios de pulso ou de respiração, declara a jovem morta! O padre Gassner sorri confiantemente. Bastou uma ordem sua para que a jovem tornasse gradativamente à vida. E com o demônio devidamente expulso de seu corpo, a moça, sentindo-se como nascida de novo, desperta e agradece sorridente ao padre o milagre de sua cura.”

Não resta dúvida que o padre Gassner era um perito hipnotista e um grande psicólogo. Hoje tamanha teatralidade constituiria uma afronta à dignidade cultural de muitos pacientes. Já não temos que recorrer ao latim, podendo hipnotizar na língua do país. Contudo, o método do padre Gassner, ligeiramente modificado, ainda surtiria efeito em muita gente.

MESMER

É uso ainda fazer remontar històricamente o comêço do hipnotismo científico ao aparecimento de Franz Anton Mesmer. Estudioso da Astronomia, Mesmer deu uma versão não menos fantástica e romântica aos fenômenos hipnóticos do que o padre Gassner. Em lugar de responsabilizar o demônio pelas enfermidades, responsabilizava os astros. Não podia haver nada mais lisonjeiro às nossas pretensões do que isso de ligar o humilde destino humano ao glorioso destino astral. Educado para seguir a carreira eclesiástica, Mesmer teve suas primeiras instruções num convento, tendo aos 15 anos ingressado num colégio de jesuítas em Dillingen. Todavia, interessando-se muito pela física, pela matemática e, sobretudo, pela astronomia, resolveu trocar a carreira religiosa pela medicina. Entrou na universidade de Viena, onde se doutorou com uma tese intitulada:

“De Planetarium Influx”, trabalho em que se propunha demonstrar a influência dos astros e dos planetas, ao mesmo tempo como causas de doenças e como fôrças curativas. Sabemos que no passado muitos dos mais eminentes filósofos e cientistas incorreram nesta vaidade. Entre êsses, o grande Kepler, o indicado autor do horóscopo de Wallenstein. Santo Tomás de Aquino mesmo acreditava na influência astral. Dizia que certos objetos, como habitações, obras de arte e vestimentas deviam suas qualidades a influência misteriosa dos astros.

Em Paris, a fama de Mesmer espalhou-se ràpidamente. O “mesmerismo” tornou-se moda na aristocracia francesa. Era o assunto de todos os salões. Quem quer que se preze, tinha de ser mesmerisado. As “curas coletivas” assumiram em Paris proporções muito mais espetaculares do que em Viena.

Deleuze, em sua “História Crítica do Magnetismo Animal”, descreveu uma dessas

cenas :

“Num dos compartimentos, sob a influência das varetas, que saíam de garrafas contendo água magnetizada, e aplicada às diversas partes do corpo, ocorriam diàriamente as cenas mais extraordinárias. Gargalhadas irônicas, gemidos alucinantes e crises de pranto se alternavam. Indivíduos atirando-se para trás a contorcer-se em convulsões espasmódicas. Respirações semelhantes aos roncos de moribundos e outros sintomas horríveis se viam por tôda parte. Sùbitamente êsses estranhos atores atiravam-se uns nos braços dos outros ou então se repeliam com expressões de horror. Enquanto isso, num outro compartimento, com as paredes devidamente forradas, apresentava-se outro espetáculo. Ali mulheres batiam com as mãos contra as paredes ou rolavam sôbre o assoalho coberto de almofadas, com acessos de sufocação. No meio dessa multidão arfante e agitada, Mesmer, envergando um casaco lilás, movia-se soberanamente, parando, de vez em quando, diante de uma das pacientes mais excitadas. Fitando-lhe firmemente os olhos, enquanto lhe segurava ambas as mãos, estabelecia contato imediato por meio de seu dedo indicador. Doutra feita operava fortes correntes, abrindo as mãos e esticando os dedos, enquanto com movimentos ultra-rápidos cruzava e descruzava os braços, para executar os passes finais.” (* )

Semelhante sucesso não se exerce facilmente. Mais uma vez a medicina rigorosa moveu a Mesmer um processo de perseguição. Em 1784, Luís XVI, instigado pela classe médica, de certo modo despeitada nomeou uma comissão de sábios para investigar a natureza do fenômeno mesmeriano. A comissão era compósa das três figuras mais eminentes da ciência daquele tempo, Lavoisier, Bailly e Benjamin Franklin, na ocasião embaixador americano em Paris. Uma petição dirigida por Mesmer, em data anterior, à Academia Francesa, no sentido de investigar-lhe o fenômeno, fôra indeferida. Mesmer, indignado com o indeferimento, recusou-se a submeter-se à prova dos citados cientistas. Êstes limitaram-se a presenciar as demonstrações realizadas por alunos. Enfiaram as mãos nas tinas, e Interessante será dizer que o banho magnético não lhes provocou os efeitos descritos acima. Nada de crises ou de convulsões. Nada de fluidos ou coisas semelhantes foram registrados. Enfim, os sábios nada sentiram de anormal e saíram ilesos da experiência. Hoje seriam simplesmente classificados como insuscetíveis. Como seria de esperar, o parecer da comissão era condenatório ao mesmerismo. Não obstante os êxitos obtidos em centenas de pessoas tudo era classificado taxativamente de fraude, farsa e calúnia.

Oficialmente desacreditado, Mesmer abandonou Paris. Viveu algum tempo sob nome supóso na Inglaterra, tendo depois voltado para a Áustria, onde morreu em completo ostracismo em 1815.

Julgado pela póseridade, a figura de Mesmer não merecia essa degradação. Mesmer era sincero nas suas convicções. Não reconheceu a verdadeira natureza do fenômeno hipnótico que soube desencadear tão espetacularmente. Note-se que, ainda hoje, alguns dos aspectos do hipnotismo estão por ser explicados, ou pelo menos melhor explicados.

O mesmerismo, ou magnetismo animal, continuou ativo ainda por algum tempo depois da morte de seu fundador. E até hoje muita gente confunde hipnotismo com magnetismo, usando esta palavra como sinônimo daquela. Para Mesmer, a hipnose ainda era uma força, emanada, ainda que por via astral, da pessoa do hipnotizador. É oestranho

poder hipnótico no qual ainda se acredita a maioria dos nossos contemporâneos.

O MARQUÊS DE PUYSÉGUR..........................................................................................

Dentre os discípulos de Mesmer que fizeram reviver a ciência que estava por cair em esquecimento com a morte de seu fundador, figurava uma personalidade influente: o marquês de Puységur.

Puységur continuava a empregar os métodos do mestre até o dia em que, por mera casualidade, magnetizou um jovem camponês de nome Victor, que sofria de uma afecção pulmonar, verificou que o expediente magnético podia produzir um estado de sono e repouso, em lugar das clássicas crises de convulsões. E o paciente do marquês não se detinha no sono: dormindo, movia os lábios e falava, mais inteligentemente do que no estado normal. Chegou mesmo a indicar um tratamento para a sua própria enfermidade, tratamento êsse que obteve pleno êxito, valendo-lhe o completo restabelecimento. Nesse estado de sono, Victor parecia reproduzir pensamentos alheios, muito superiores à sua cultura rudimentar. No mais o paciente se conduzia como um sonâmbulo. Puységur estava diante de um fenômeno que não hesitou em rotular de “Sonambulismo artificial”.

Puységur percebeu de um relance a transcendência dêsse fenômeno hipnótico que ainda se considerava magnético, e passou a explorá-lo sistemàticamente. Enquantoo mestre provocava crises nervosas, convulsões histéricas, prantos e desmaios, o discípulo agia em sentido contrário, sugerindo aos pacientes: paz, repouso, ausência de dor e um estado pos-hipnótico agradável. Uma norma que se iria perpetuar na prática hipnótica daí em diante.

Embora continuasse a usar passes, conjuntamente com a sugestão, na indução do transe, Puységur deu um impulso decisivo ao hipnotismo científico. A êle se deve os primeiros critérios psicològicamente corretos de hipnose e suscetibilidade hipnótica, o que não impediu que depois dêle outros fenômenos hipnóticos fôssem registrados.

Já no princípio do século XIX o nome do abade Faria era muito popular em Paris. Sua figura era vista com freqüência nos salões da nobreza e da alta sociedade parisiense. A exemplo de todos os expoentes do hipnotismo antes e depois dêle, viveu ao mesmo tempo horas de glória e de maldição. Ofereceram-lhe uma cadeira de Filosofia na Academia de Marselha, e sem nunca ter estudado medicina foi proclamado membro da Ordem dos Médicos.

Em Paris, onde desfrutava de enorme prestígio, o padre Faria abriu uma escola de magnetismo, depois que a polícia lhe proibira as experiências de hipnotismo em Nimes. Explicando a verdade sôbre o hipnotismo, o padre Faria não escapou à perseguição maliciosa de seus contemporâneos. Seus inimigos recorreram a um dos expedientes mais estúpidos (ainda muito usado) para desacreditá-lo diante da opinião pública: contrataram um ator para simular hipnose e na hora oportuna abrir os olhos e gritar: “Embuste!” O golpe, não obstante irracional, não deixou de surtir o efeito almejado. Por incrível que possa parecer, o abade Faria ficou desmoralizado devido a um engano, o qual poderia ocorrer ao mais experiente e confiante dos hipnotizadores modernos. E até hoje, muitos hipnotistas de palco caem vítima dessa cilada maliciosa e desonesta. Na minha própria prática uso aparar êsse golpe com um simples aviso: “As pessoas que se apresentarem com propósitos de simulação darão prova de ser, entre outras coisas, portadoras de doença mental ou tara caracterológica.”

Contudo, o abade Faria, envolvido nas agitações da Revolução Francesa, sofreu mais perseguição política do que científica. Segundo um livro publicado há mais de um século, da autoria de um antigo funcionário da polícia parisiense, descrevendo o caso verdadeiro que serviria de fonte inspiradora a Alexandre Dumas, o abade Faria teria morrido em uma prisão de Esterel, onde fôra lançado por motivos políticos, tendo deixado tôda sua fortuna a um dos seus companheiros de prisão, condenado devido a uma denúncia falsa, fortuna essa calculada naquele tempo em quatro bilhões. Fadado assim a tornar-se personagem de uma das mais famosas obras de ficção, o padre Faria, herói de Monte Cristo, não deixou de vingar como pesquisador e cientista, reconhecido pela póseridade. “O padre Faria — declarou recentemente o doutor Egas Moniz, Prêmio Nobel de Medicina e um dos maiores expoentes da psiquiatria contemporânea — viu o problema da hipnose em suas próprias bases com uma grande precisão e com clareza. Foi êle o primeiro a marcar à hipnose os seus limites naturais… Foi êle que defendeu, pela primeira vez, a doutrina sôbre a interpretação dos fenômenos do sonambulismo, ponto de partida de tôda sua doutrina filosófica.” O mais importante, porém, é a sua contribuição à doutrina da sugestão.

ELLIOSTON

Aquilo que já começara a denunciar-se como fenômeno essencialmente psicológico e subjetivo, ainda funcionaria por algum tempo e para efeitos

terapêuticos importantes, sob o nome de magnetismo ou mesmerismo. Um dos derradeiros expoentes do magnetismo era o Dr. John Ellioston, eminente médico inglês e uma das figuras mais eminentes da história médica britânica. Professor de Medicina na Universidade de Londres e Presidente da Royal Medical Society, era o homem que introduziu o estetoscópio na Inglaterra, além dos métodos de examinar o coração e o pulmão, ainda em uso. O Dr. Ellioston foi o primeiro a usar a hipnose (ainda não conhecida por êsse nome) no tratamento da histeria. E começou a introduzir o “sono magnético” na prática hospitalar, tanto para fins cirúrgicos como para os expedientes psiquiátricos.

Os métodos tão pouco fiéis aos princípios do Dr. Ellioston não tardaram em criar uma onda de oposição. E o conselho da Universidade acabou por proibir o uso do mesmerismo no hospital. Ellioston, em virtude disso, pediu sua demissão, deixando a famosa declaração: “A Universidade foi estabelecida para o descobrimento e a difusão da verdade. Tôdas as outras considerações são secundárias. Nós devemos orientar o público e não deixar-nos orientar pelo público. A única questão é saber se a coisa é ou não verdadeira.” Ellioston fundou póseriormente o Mesmeric Hospital em Londres e hospitais congêneres se iam fundando em outras cidades inglêsas e no mundo afora.

Os adeptos da escola magnética anunciavam seus feitos terapêuticos em tôda parte. Na Alemanha, na Áustria, na França e mesmo nos Estados Unidos se realizavam intervenções cirúrgicas sob “sono magnético”. Na América, o Dr. Albert Wheeler remove uma carne esponjosa nasal de um paciente, enquanto o “magnetizador” Phineas Quimby atua como anestesista. Já em 1829 o Dr. Jules Cloquet usou o mesmo recurso anestésico numa mastectomia. Jeane Oudet comunica à Academia Francesa de Medicina seus sucessos magnéticos obtidos em extrações de dentes. A ciência ortodoxa poderia ter aceito o fenômeno e rejeitar apenas as teorias. Acontece que, em relação ao mesmerismo, nem os fatos eram aceitos, sobretudo na cética Inglaterra.

ESDAILE

Os PACIENTES de Esdaile (outro adepto da escola mesmeriana) que sofriam as mais severas intervenções cirúrgicas, inclusive amputações sob “sono magnético”, eram apontados pela ciência ortodoxa como “um grupo de endurecidos e teimosos impósores”.

O lugar de Esdaile na história do hipnotismo não se justifica como criador de métodos ou de escola, mas, sim, como exemplo de pioneiro na luta pelo reconhecimento da hipnose como coadjuvante valiosa da cirurgia. James Esdaile, jovem cirurgião escocês, inspirou-se na leitura dos trabalhos de Ellioston sôbre o mesmerismo. Esdaile começou a sua prática na Índia, como médico da “British East India Company”. Em Calcutá realizou milhares de intervenções cirúrgicas leves e centenas de operações profundas, inclusive dezenove amputações, apenas sob o efeito da anestesia hipnótica. O éter e o clorofórmio ainda não eram conhecidos

mandando-os fixar firmemente o gargalo de um vaso ornamental. Nos três “sujeitos” a finalidade foi coroado de êxito. Todos entraram em transe. O processo de indução hipnótica pelo cansaço visual passou a fazer escola. Até aos nossos dias, os livros populares sôbre hipnotismo insistem em ensinar o desenvolvimento da resistência ocular à fadiga e ao deslumbramento. E até hoje as vítimas, cujo número é incalculável, ainda fixam horas seguidas um ponto prêto sem pestanejar. E êsse ponto se lhes fixa para o resto da vida na sua visão em forma de escotôma. Livros há que, não contente com êsse abuso, manda fitar lâmpadas e o próprio sol, para desenvolver a fôrça do olhar.

Não responsabilizemos, porém, Braid por essas práticas ignorantes. O que Braid procurou demonstrar é o fato de o transe assemelhar-se a um estado de sono que podia ser induzido por agente físico. Baseando o processo hipnótico num princípio onírico, nos deu a palavra hipnotismo, derivada do vocábulo gregohypnos, significando sono. Todavia, o sono hipnótico não se confundia com o sono fisiológico, ou seja, o sono normal. Consoante seus conceitos neuro- fisiológicos, o transe hipnótico era descrito como “s o n o

n e r v o s o ”(Nervous Sleep).

Já quase no fim de sua carreira, Braid descartou-se em parte do método do cansaço visual e do da fascinação, pois descobriu que podia hipnotizar cegos ou pessoas em recintos obscurecidos. Dessa observação em diante passou a dar maior importância à sugestão verbal. Vencida esta fase, não tardou em descobrir que também o sono não era necessário. Para produzir os fenômenos hipnóticos, tais como a anestesia, a amnésia, a catalepsia e as alucinações sensoriais, não era preciso submergir o “sujeito” na inconsciência onírica. Quando, porém, Braid se capacitou de que a hipnose não era sono, a palavra hipnotismo já estava cunhada. E, certo ou errado, é o nome que vigora até os nossos dias.

Em 1843, Braid publicou seu livro intitulado Neurypnology or the Rationale of

Nervous Sleep, no qual expõe seus métodos para o tratamento de enfermidades nervosas.

Não obstante, a sua índole anti-charlatanesca, Braid não escapou às campanhas maliciosas da classe médica, embora essas fôssem muito mais brandas do que as movidas contra seus antecessores mesmerianos. Consoante o provérbio segundo o qual ninguém é profeta em sua terra, as publicações científicas de Braid encontraram melhor aceitação na França e em outros países do que no seu torrão natal.

BERTRAND

Para efeitos históricos, Braid é considerado o pai do hipnotismo. Todavia, o ditado latino que conclui com o Pater semper incertum, se aplica com muito mais

razão às paternidades científicas. Sabemos que muito antes de Braid, o abade Faria tinha suas idéias modernas e psicològicamente corretas sôbre o fenômeno hipnótico, explicado por êle como fenômeno subjetivo. E antes do Abade, o mesmerista Alexander Betrand, em 1820, já apontava no estado hipnagógico uma causa psicológica. Tudo, dizia, era sugestão aplicada. Escreveu a propósito Pierre Janet: “Betrand antecipou-se ao abade Faria e a Braid. Foi o primeiro a afirmar francamente que o sonambulismo artificial podia explicar-se simplesmente à base das leis da imaginação. O “sujeito” dorme simplesmente porque pensa em dormir e acorda porque pensa em acordar. As obras do abade Faria, do general, Noizet, na França, e as de Braid, na Inglaterra, só contribuiram com uma formulação mais clara dêstes conceitos, desenvolvendo esta interpretação psicológica em forma mais precisa.” (*)

Os historiadores da psicologia médica consideram Bertrand como um ponto de transição entre o magnetismo e o hipnotismo.

LIÉBEAUL

Em 1864, um exemplar da obra de Braid caiu nas mãos de Liébeault, um jovem médico rural francês. Liébeault já adquirira noções de magnetismo em época anterior, quando ainda estudante de medicina. Ao estudar a obra de Braid já se encontrava em Nancy, cidade na qual se dedicou durante mais de vinte anos à hipnoterapia e que devido à sua atividade clínica tornou-se a Capital do Hipnotismo.

Liébeault é descrito pelos seus biógrafos como tendo sido um homem sereno, agradável, bondoso e estimado pelos pobres, que o chamavam Lebon père L i é b e a u l t. Dizia Liébeault aos seus clientes, em sua quase totalidade humildes camponeses : “Se desejais que vos trate com drogas, o farei, mas tereis de pagar-me como antes. Se, entretanto, me permitis que vos hipnotize, farei o tratamento de graça.” Ao método de fixação ocular de Braid, Liébeault acrescentou o da sugestão verbal.

J. M. Bramwell, um médico que praticava o hipnotismo naquela mesma ocasião na Inglaterra, visitou Liébeault e deixou a seguinte descrição de sua atividade hipnoterápica: “No verão de 1889 passei uma quinzena em Nancy a fim de ver o trabalho hipnótico de Liébeaut. Suaclinique, sempre movimentada, compreendia dois compartimentos que davam pelos fundos em um jardim. Seu interior não apresentava nada de especial que pudesse atrair a atenção. É certo que todos que lá iam com idéias preconcebidas sôbre as maravilhas do hipnotismo tinham de sair decepcionados. Com efeito, fazendo caso omisso do método de tratamento e algumas ligeiras diferenças, a impressão que se tinha era a de estar em um departamento público, numa pensão ou num hospital de clínica geral. Com a diferença de que os pacientes falavam um pouco mais livremente entre si e se dirigiam ao médico de uma maneira mais espontânea do que se costumava ver na