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Ensino de geografia
Tipologia: Esquemas
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Não perca as partes importantes!
O mapa mental no
ensino de geografia
ConCepções e propostas
© 2011 Editora UNESP Cultura Acadêmica Praça da Sé, 108 01001-900 – São Paulo – SP Tel.: (0xx11) 3242- Fax: (0xx11) 3242- www.editoraunesp.com.br feu@editora.unesp.br
CIP – Brasil. Catalogação na fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
R395m Richter, Denis O mapa mental no ensino de geografia : concepções e propostas para o trabalho docente / Denis Richter. – São Paulo : Cultura Acadêmica, 2011. 270p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7983-227-
Este livro é publicado pelo Programa de Publicações Digitais da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP)
Eu ando pelo mundo Prestando atenção em cores Que eu não sei o nome Cores de Almodóvar Cores de Frida Kahlo Cores!
Passeio pelo escuro Eu presto muita atenção No que meu irmão ouve E como uma segunda pele Um calo, uma casca Uma cápsula protetora Ai, eu quero chegar antes Pra sinalizar O estar de cada coisa Filtrar seus graus... [...]
Adriana Calcanhoto , Esquadros
12 DENIS RICHTER
rico e de vivências profissionais. O menino cultivou seus sonhos, venceu batalhas pessoais e profissionais e tornou-se docente e pes- quisador da área de ensino da Geografia, com ênfase na Carto- grafia Escolar. Este livro relata a sua pesquisa de doutorado, a qual realizou uma investigação do raciocínio geográfico de alunos do terceiro ano do ensino médio, público e privado, em duas escolas de uma cidade do interior do Estado de São Paulo. Esses alunos construíram mapas mentais da cidade ao realizar a leitura do seu cotidiano, da perspectiva espacial. Os mapas mentais são esboços cartográ- ficos, sem os rigores dos produtos convencionais, mas que têm um imenso valor ao representar a leitura particular do espaço feita pelo indivíduo. É uma ferramenta capaz de aproximar os conhe- cimentos científicos ensinados na escola da leitura do cotidiano. Este estudo revelou como os alunos utilizaram a linguagem espa- cial para expressar os seus saberes geográficos sobre a organização e a estrutura da cidade, bem como os processos que interferem na produção dos diferentes contextos do espaço urbano. Os mapas mentais materializaram as interpretações, os olhares, as reflexões, os avanços, as relações, os limites, os equívocos e as omissões esta- belecidos pelos estudantes a respeito do espaço. Denis fez uma pesquisa rigorosa e atenta dos pressupostos teó- ricos da Cartografia Escolar. Realizou uma revisão crítica de como a Cartografia Escolar foi se consolidando ao longo do tempo, tanto com relação à pesquisa de cunho acadêmico como à sua materia- lização nas publicações especializadas. Faz referência ao trabalho de vários pesquisadores da área, numa singela homenagem àqueles que colaboraram para os avanços científicos da Cartografia Es- colar. Seu trabalho se fundamenta nos estudos de Vigotski, numa co- rajosa empreitada que tem o objetivo de considerar a linguagem no campo da representação gráfica. Nesse sentido, enfrenta o desafio de tecer aproximações entre a teoria histórico-cultural e a Carto- grafia, ao explorar a conexão entre o processo de desenvolvimento da linguagem com a construção e o uso da representação cartográ- fica pelos indivíduos.
O MAPA MENTAL NO ENSINO DE GEOGRAFIA 13
É notável a densidade com que aborda as questões teóricas, o tratamento dado ao material empírico e a criatividade com que apresenta as suas interpretações. Além disso, há um cuidado no emprego de uma linguagem clara em respeito ao leitor, com a nítida intenção de que a sua pesquisa seja socializada entre os professores. As contribuições deste estudo são fundamentais para embasar práticas escolares que utilizem os mapas mentais. O livro fornece estratégias de como os mapas mentais podem ser utilizados como recurso capaz de aproximar os conceitos científicos das leituras da vivência, para que os estudantes possam desenvolver interpreta- ções aprofundadas sobre o processo de construção do espaço. Trata-se de um material riquíssimo, que se revela potencial- mente significativo como fonte de pesquisa e referência para ações dos professores, principalmente da educação básica, e de inspiração para novas pesquisas na área do ensino de Geografia e da Carto- grafia Escolar. Seria um paradoxo dizer que esta pesquisa nos deixou profun- damente insatisfeitas, se não considerássemos que a satisfação é excesso de certeza. A certeza não condiz com o processo de investi- gação científica, pois o que o desencadeia é, sobretudo, a dúvida, não a resposta. Como muito bem aponta Mario Sergio Cortella, em seu livro Qual é a tua obra? : inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética : “tomemos, pois, muito cuidado com a sa- tisfação. A satisfação paralisa, a satisfação adormece, a satisfação entorpece. A satisfação pode nos deixar num estado de tranquili- dade. Sabe o que é o oposto? O que nos renova? É a outra pessoa”. Denis nos propiciou a gratificante experiência de que há algo mais a ser investigado/conhecido. Um gosto prazeroso de quero mais... Se o inspiramos, ele certamente nos revitalizou.
Suas orientadoras, suas admiradoras: Fátima Aparecida Dias Gomes Marin Mônica Modesta Santos Decanini Presidente Prudente/SP, junho de 2011
Introdução
Este livro refere-se à pesquisa de doutorado defendida em 2010 no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT – Universidade Estadual Paulista – UNESP/campus de Presidente Prudente/SP, sob orientação da professora doutora Fátima Aparecida Dias Gomes Marin (UNESP) e co-orientação da professora doutora Mônica Modesta Santos De- canini (UNESP), tendo o propósito de investigar o raciocínio geo- gráfico desenvolvido pelos alunos da 3a^ série do ensino médio (EM), a partir da contribuição do ensino de Geografia, em duas escolas (uma pública e outra particular) localizadas na cidade de Presidente Prudente. Para isso, propusemos aos estudantes dessas escolas a construção de mapas mentais da respectiva cidade com o objetivo de analisar e interpretar o raciocínio geográfico formado ao longo da educação básica; identificar e avaliar o conhecimento que os alunos possuíam dos conteúdos da Geografia; e conhecer como esses estudantes utilizavam a linguagem espacial para ex- pressar seus conceitos espontâneos e científicos. A produção desses mapas mentais revelou as leituras e os entendimentos que os alunos desenvolvem em relação à organização e à estrutura da cidade, bem como os processos que interferem na produção dos diferentes con- textos do espaço urbano.
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Podemos destacar que a necessidade de desenvolvermos um es- tudo sobre o raciocínio geográfico se instaura na ideia de que, no processo de aprendizagem de Geografia, é fundamental estabele- cermos relações com os objetos e arranjos espaciais que compõem a sociedade – a totalidade (Santos, 2005). Essa perspectiva encontra- -se fortemente associada às práticas escolares, no sentido de que, quando um aluno participa da escola, espera-se que o mesmo possa integrar ao seu cotidiano uma leitura mais crítica da realidade. Ao concordarmos com isso, reconhecemos que todas as disci- plinas possuem sua parcela de responsabilidade na formação es- colar dos indivíduos. Sendo assim, no caso da Geografia não seria diferente; como qualquer outro campo científico que faz parte dos saberes curriculares da escola, essa disciplina busca proporcionar ao aluno um “novo olhar” sobre o seu contexto sociocultural. Para a Geografia, esse olhar está relacionado ao estudo do espaço. Esse destaque ao termo espacial significa que existe uma preo- cupação sobre a localização e a contextualização do “onde(?)” dos objetos, dos fatos e dos fenômenos no/do cotidiano (Santos, 2002). Temos condições de aproximar esse debate do trabalho escolar a partir das orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do Ensino Fundamental de Geografia, que fazem uma alusão ao termo olhar :
Se nessa fase da escolaridade é possível trazer o mundo para a sala de aula do aluno, é também importante levar os alunos para fora dela. É relevante lembrar que grande parte da compreensão da Geo- grafia passa pelo olhar. [...] A observação permite explicações sem necessidade de longos discursos. Além disso, estar diante do objeto de estudo é muito mais cativante e prazeroso no processo de apren- dizagem. (Brasil, 1998, p.34) [ grifo nosso ]
Para ampliarmos essa discussão, destacamos o mapa como uma importante linguagem que colabora na formação e no desenvolvi- mento desse raciocínio geográfico. Esse meio de comunicação, que há muito tempo faz parte do ambiente escolar, possui uma ligação
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que tenha condições de ler, analisar, interpretar e produzir (ser um fazedor de) mapas. Nesse caso, a única perspectiva de formação, quando há, é a de um leitor de mapas. Em outras palavras, a pos- sibilidade de construir um mapa parece estar longe do ambiente escolar. A partir dessas questões é que defendemos a necessidade de aprofundarmos o debate e a construção de uma prática didática que utilize o mapa como importante linguagem na contribuição do pro- cesso de ensino-aprendizagem de Geografia e, consequentemente, do desenvolvimento do raciocínio geográfico. A proposta de reali- zarmos um trabalho somente com o mapa pronto ou existente 1 não atende, muitas vezes, às expectativas da formação escolar dos estu- dantes. O que se sustenta aqui é a busca por caminhos que possibi- litem um ensino voltado à construção do mapa de uma maneira mais livre e participativa. Para alcançarmos esse objetivo, desta- camos o uso de mapas mentais como ferramentas capazes de apro- ximar o conhecimento dos saberes científicos ensinados na escola da leitura do cotidiano. Desse modo, o mapa mental é analisado como um recurso que permite a construção de uma expressão gráfica mais livre, tendo a perspectiva de que o estudante possa transpor para essa represen- tação espacial os conteúdos geográficos aprendidos ao longo da educação básica. Assim, além de utilizar a fala, a escrita, a imagem ou o próprio mapa convencional/tradicional, o aluno terá a oportu- nidade de apresentar num mapa mental suas interpretações a res- peito de um determinado lugar, provenientes de leituras mais científicas da realidade.
O MAPA MENTAL NO ENSINO DE GEOGRAFIA 19
Com base nesses apontamentos, organizamos este livro^2 em quatro capítulos que buscam discutir a importante colaboração da Cartografia para o ato da leitura espacial, desde a interpretação do mapa como linguagem de comunicação até sua possibilidade de utilização para analisar o cotidiano. Essa organização visa apro- fundar as questões suscitadas na introdução deste trabalho, possi- bilitando que o leitor possa compreender quais são os debates científicos que existem sobre a temática estudada e, principal- mente, quais avanços oferecemos para subsidiar o desenvolvimento do raciocínio geográfico com o uso dos mapas mentais. Sendo assim, o primeiro capítulo se ocupa em discutir os “Pres- supostos teóricos da Cartografia Escolar”. Nele, são realizados os resgates históricos do desenvolvimento dessa linha de pesquisa, que obteve um significativo crescimento nos últimos anos no Brasil, como, também, as atuais reflexões sobre o ensino de Cartografia. No segundo capítulo, a proposta apresentada se baseia na inte- gração das concepções teóricas de Vigotski com a representação da linguagem espacial. Seu desafio está em resolver a seguinte questão: “Teoria histórico-cultural e Cartografia: uma aproximação pos- sível?”. Para fazermos essa conexão, apresentamos ao longo do texto deste capítulo caixas de textos que visam relacionar a teoria vi- gotskiana com o processo de construção do mapa. Após realizarmos o resgate das discussões pertinentes sobre Cartografia Escolar e de discorrermos sobre a contribuição da teoria vigotskiana para a representação espacial, consideramos ne- cessário indicar um instrumento que colabora para essa associação.