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Este documento discute as causas econômicas e políticas que levaram à rebelião gaúcha no rio grande do sul, no século xix. O texto explica como o baixo preço do charque gaúcho, devido às baixas taxas impostas pelo governo central, e o uso de mão-de-obra assalariada em fazendas uruguaias e argentinas, faziam com que o charque gaúcho fosse menos competitivo no mercado. Além disso, o documento aborda a importância da escolha de presidentes de província e altos funcionários pelo poder central na revolta. O texto também menciona outras revoltas do período regencial, como a balaiada e a sabinada.
Tipologia: Notas de estudo
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charque platino e o alto preço do sal que era utilizado para salgar a carne gaúcha, eram as principais causas para o produto gaúcho perder a concorrência em relação ao charque platino. E nisso, os gaúchos tinham razão, pois a necessidade de mulas, de couro e charque de outras províncias, fazia com que o governo central mantivesse os impostos dos produtos platinos em um nível baixo, dificultando a vida dos produtores gaúchos. Na realidade, um outro componente contribuía para que o charque gaúcho fosse menos vendido: o uso da força de trabalho assalariado e a divisão de trabalho nas fazendas uruguaias e argentinas produzia produtos mais baratos em relação aos produtos gaúchos,que eram produzidos pela mão-de-obra escrava. Contudo, os estancieiros não percebiam, ou não queriam perceber essa realidade. Mesmo com essa causa econômica, não podemos esquecer um outro fato causador da revolta: a escolha de presidentes de província e dos altos funcionários pelo poder central. Desde do início da colonização, essa região foi ocupada por militares portugueses, já que era um região constantemente cobiçada pelos espanhóis. Com a vinda da família real e mesmo com a independência, a situação da região não mudou. Como os centros exportadores do Brasil necessitavam dos produtos sulinos para sua manutenção, o controle dos governos sobre a região aumentaram, causando um clima de insatisfação na classe dominante gaúcha, os estancieiros.
A rebelião começou em 20 de setembro de 1835, quando os estancieiros, liderados por Bento Gonçalves, depuseram o presidente da província, Antônio Rodrigues Fernandes Braga. A rápida mobilização da classe dominante local mostrou sua capacidade para a revolta. Essa velocidade de mobilização pode ser explicada, pelo fato de que a província por ter sido sempre uma região de fronteira e de muitos conflitos, propiciou à classe dominante sulista uma organização e treinamento militar de seus homens, já que isso era fundamental para a manutenção de suas propriedades.
Com a expulsão, inclusive do vice-presidente da província, os gaúchos proclamaram a República Rio-Grandense, também chamada de República Piratini, por ter sido nessa cidade instalado o governo revolucionário. O governo regencial reagiu e conseguiu prender Bento Gonçalves, após um batalha no rio Jacuí, enviando-o para o Forte do Mar, na Bahia, de onde escaparia somente em 1837. Os revolucionários continuaram suas ações. Auxiliados pelo italiano Giuseppe Garibaldi, conseguiram em 1939, conquistar Laguna, estendendo a revolta à Santa Catarina, onde um outro líder farroupilha, Davi Canabarro, proclamou a Republica Catarinense ou Juliana.
Após a maioridade de D. Pedro de Alcântara, o governo do imperador D. Pedro II ofereceu anistia aos revoltosos, mas os mesmos não aceitaram a proposta. É interessante observar que, "Durante todo o tempo, foram os dirigentes das camadas dominantes sulinas, apesar da participação de peões, agregados e toda clientela pobre, que tiveram o controle do movimento, o que explicava a reticência do poder central em reprimir os 'farroupilhas' com a violência que utilizaria na Cabanagem."(2) Em 1842, Luís Alves de Lima e Silva, agora, Barão de Caxias, foi nomeado presidente e comandante militar da província, e tratou de "pacificá-la". Ao contrário das outras rebeliões, a pacificação ocorreu através de um acordo. Os farroupilhas aceitaram depor as armas após várias concessões do governo imperial: incorporação dos soldados farroupilhas ao Exército, a patente de
oficial aos líderes do movimento, anistia geral e completa aos revoltosos, a libertação dos escravos que participaram da revolta e o fortalecimento da assembléia local. Com essas condições, a mais longa revolta brasileira chegou ao fim.
Uma outra revolta do Período Regencial foi a Balaiada, também chamada de Revolta dos Balaios. Ocorrida no Maranhão, essa revolta teve a participação fundamental dos escravos e dos homens livres de baixa renda. No nível econômico, o Maranhão era uma região exportadora de algodão que passava por uma grave crise econômica, devido à concorrência com o algodão americano. Além disso, existia uma outra atividade econômica muito importante nessa província, a pecuária, responsável pela absorção de grande parte da mão-de-obra livre dessa região. No campo político, havia a disputa entre a classe dominante pelo poder. De um lado, os Bentevis (liberais) e os Cabanos (conservadores).
O fato que dá início a revolta, ocorreu quando um vaqueiro, Raimundo Gomes, da fazenda do padre Inácio Mendes, que era Bentevi, teve seu irmão aprisionado por ordem do subprefeito, José Egito, da facção dos Cabanos. Não aceitando a prisão de seu irmão, Raimundo Gomes invadiu a cadeia e libertou-o. A revolta dos companheiros de Raimundo Gomes aos poucos se tornou mais freqüente e ampla, destacando-se o fabricador e vendedor de balaios, Francisco Manuel dos Anjos Ferreira, o Balaio, que daria nome a revolta e o negro Cosme, que liderou mais de três mil escravos. Apesar das tentativas de manipulação por parte dos Bentevis, o movimento adquiriu feição própria, escapando das mãos da elite. Atacando sempre em emboscadas, a revolta chegou ao Piauí e Ceará. Diante da proporção do movimento, o governo designou o coronel Luís Alves de Lima e Silva para reprimir os rebeldes. Com a falta de organização e objetivos definidos, a revolta foi sendo abafada e com a concessão de anistia para os chefes que ajudassem na perseguição aos rebelados, a Balaiada fracassou em 1841.
Na Bahia o clima revolucionário era muito forte, basta lembrarmos da Conjuração Baiana de 1798, das lutas pela independência entre 1822-23 e a Revolta dos Malês em 1835. No ano de 1837 o clima se tornou mais tenso. Com a abdicação de Feijó e a apresentação da Lei de Interpretação do Ato Adicional, a classe média baiana se organizou para "resolver" os problemas da província e do Brasil. Organizada através dos jornais da Bahia, a revolta teve seu início com a fuga do líder farroupilha Bento Gonçalves, preso em Salvador. Livre das grades, Bento Gonçalves incentivou a revolução. Iniciada em 7 de novembro de 1837, sob o comando do médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, daí o nome, Sabinada, a revolta conseguiu o apoio de parte das tropas do governo, obrigando a fuga das autoridades e proclamando um república, com duração até a maioridade de D. Pedro de Alcântara. Sem conseguir ampliar seu campo de ação, a revolta ficou limitada a Salvador, facilitando a repressão do governo. Em maio de 1838, foi organizada a repressão com um violento ataque a capital. Os rebelados foram julgados por
fim, a Balaiada, no Maranhão.
A eclosão dessas revoltas e a permanência do clima de agitação em todo o país iriam fortalecer o ideal conservador e centralista que, a partir de 1837, tomaria conta do país. Passou-se, assim, para a fase do “regresso conservador”.
Recomposição das agrupamentos políticos. Logo no início da regência, ocorreu um reagrupamento político que deu origem a três correntes:
. Os moderados ou chimangos, integrados pelos membros do “partido brasileiro”; os moderados eram favoráveis às reformas e tinham em vista duas coisas: o federalismo e o fim da vitaliciedade do Senado; . Os restauradores ou caramurus, constituídos, em sua maioria, pelos antigos integrantes do "partido português", mas agora reforçado com a adesão de membros do "partido brasileiro", como foi o caso de José Bonifácio; os restauradores eram assim chamados por serem partidários do retorno de D. Pedro I ao trono; . Os exaltados, farroupilhas ou jurujubas, como serão conhecidos os que denominamos liberais radicais durante o Primeiro Reinado; além do federalismo e do fim da vitaliciedade do Senado, defendiam a democratização da sociedade.