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O presente artigo teve como objetivo analisar o comportamento das fraudes nas empresas brasileiras em pesquisa realizada nos anos de 2002 e 2004, Manuais, Projetos, Pesquisas de Ciências Sociais

O presente artigo teve como objetivo analisar o comportamento das fraudes nas empresas brasileiras em pesquisa realizada nos anos de 2002 e 2004 pela empresa de auditoria KPMG. O artigo foi estruturado com uma fundamentação, relacionando o assunto fraudes com a auditoria e demonstrando a diferença entre fraude e erro.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2019

Compartilhado em 24/11/2019

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Ed.5 - 2008 UNICENTRO - Revista Eletrônica Lato Sensu ISSN: 1980-6116
www.unicentro.br
FRAUDES CONTÁBEIS E SUAS INFLUÊNCIAS NOS ESCÂNDALOS
FINANCEIROS
Sand ra Debastiani
Pós-graduanda do Curso de Especialização (Pós-Graduação lato sensu) em Gestão e Auditoria de Negócios.
UNICENTRO. 2007.
José Augusto Ianesko
Professor Orientador Mestre em Contabilidade e Controladoria. Departamento de Ciências Contábeis da
UNICENTRO.
RESUMO
Notícias sobre fraudes contábeis em grandes empresas vêm compondo as manchetes de jornais, revistas e demais meios de
comunicação mundial nas últimas décadas. Para uma compreensão das questões que envolvem o gerenciamento e a
manipulação das informações contábeis nas organizações, este artigo busca analisar as fraudes contábeis e escândalos
financeiros divulgados nas grandes empresas multinacionais: Enron, WorldCom, Xerox, Tyco Internacional e Parmalat. A
proposta deste trabalho é observar os reflexos no mercado da referida seleção de casos de fraudes contábeis e verificar as
providências tomadas pelos profissionais contábeis e autoridades reguladoras. Este artigo também tem a intenção de
contribuir para evidenciar que a confiabilidade das informações contábeis depende, dentre outros fatores, do trabalho
realizado pelos profissionais contábeis, sendo a ética profissional um elemento essencial no desempenho das atividades
destes profissionais contábeis. As conclusões reveladas pela pesquisa levam a crer que a globalização da economia e a
competitividade dos negócios têm interferido na tomada de decisão das entidades, influenciando na prática da distorção e
manipulação intencional das informações contábeis contidas nas demonstrações, afetando a credibilidade das mesmas.
Palavras-chave: Fraudes contábeis; escândalos financeiros; profissionais contábeis; confiabilidade; credibilidade;
demonstrações contábeis; informações contábeis; ética.
ABSTRACT
News about accounting fraud in big companies are making up the news in newspapers, magazines and all communication of
the world in the last decades. For a apprehension of questions that involve the management and the manipulation of the
accounting information in the regimentations, this article analyse the accounting frauds and financial scandals that were
released in the multinational big companies: Enron, WorldCom, Xerox, Tyco International and Parmalat. The proposal of this
article is to look at the reflection in the market that refers in selection of cases about accounting frauds and to check the
professional’s goals and the regular authorities. This article has an intention to show up the trustiness of accounting
information depends another factors of a fulfilled work by accounting professionals and the ethics is an essencial object in
a performance of the activities of these professionals. The conclusion comes out by the research lead to believe that the
globalization of the economy and the competitive about business have interference in decisions that influence the accounting
information in exhibitions that may affect the companies’ credibility.
Key words: accounting frauds, financial scandals, accounting professionals, accounting exhibitions, accounting information.
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Ed.5 - 2008 UNICENTRO - Revista Eletrônica^ Lato Sensu^ ISSN:^ 1980- www.unicentro.br

FRAUDES CONTÁBEIS E SUAS INFLUÊNCIAS NOS ESCÂNDALOS

FINANCEIROS

Sandra Debastiani Pós-graduanda do Curso de Especialização (Pós-Graduação lato sensu ) em Gestão e Auditoria de Negócios. UNICENTRO. 2007. José Augusto Ianesko Professor Orientador Mestre em Contabilidade e Controladoria. Departamento de Ciências Contábeis da UNICENTRO. RESUMO Notícias sobre fraudes contábeis em grandes empresas vêm compondo as manchetes de jornais, revistas e demais meios de comunicação mundial nas últimas décadas. Para uma compreensão das questões que envolvem o gerenciamento e a manipulação das informações contábeis nas organizações, este artigo busca analisar as fraudes contábeis e escândalos financeiros divulgados nas grandes empresas multinacionais: Enron, WorldCom, Xerox, Tyco Internacional e Parmalat. A proposta deste trabalho é observar os reflexos no mercado da referida seleção de casos de fraudes contábeis e verificar as providências tomadas pelos profissionais contábeis e autoridades reguladoras. Este artigo também tem a intenção de contribuir para evidenciar que a confiabilidade das informações contábeis depende, dentre outros fatores, do trabalho realizado pelos profissionais contábeis, sendo a ética profissional um elemento essencial no desempenho das atividades destes profissionais contábeis. As conclusões reveladas pela pesquisa levam a crer que a globalização da economia e a competitividade dos negócios têm interferido na tomada de decisão das entidades, influenciando na prática da distorção e manipulação intencional das informações contábeis contidas nas demonstrações, afetando a credibilidade das mesmas. Palavras-chave: Fraudes contábeis; escândalos financeiros; profissionais contábeis; confiabilidade; credibilidade; demonstrações contábeis; informações contábeis; ética. ABSTRACT News about accounting fraud in big companies are making up the news in newspapers, magazines and all communication of the world in the last decades. For a apprehension of questions that involve the management and the manipulation of the accounting information in the regimentations, this article analyse the accounting frauds and financial scandals that were released in the multinational big companies: Enron, WorldCom, Xerox, Tyco International and Parmalat. The proposal of this article is to look at the reflection in the market that refers in selection of cases about accounting frauds and to check the professional’s goals and the regular authorities. This article has an intention to show up the trustiness of accounting information depends another factors of a fulfilled work by accounting professionals and the ethics is an essencial object in a performance of the activities of these professionals. The conclusion comes out by the research lead to believe that the globalization of the economy and the competitive about business have interference in decisions that influence the accounting information in exhibitions that may affect the companies’ credibility. Key words : accounting frauds, financial scandals, accounting professionals, accounting exhibitions, accounting information.

FRAUDES CONTÁBEIS E SUAS INFLUÊNCIAS NOS ESCÂNDALOS FINANCEIROS INTRODUÇÃO O mundo atual, em virtude da globalização da economia e da tecnologia da informação, está inserido num processo de mudanças com crescentes aproximações dos mercados, organizações e produtos, agilizando o acesso às informações. A globalização e o desenvolvimento tecnológico, entretanto, não trouxeram apenas benefícios às organizações e à sociedade. Trouxeram também, um espaço para a disseminação de um tipo de crime denominado “fraude”. Toda a vez que o mundo é abalado por uma fraude contábil, surge a discussão sobre em que medida os mecanismos de controle falharam, sejam eles implementados pelos profissionais contábeis, pelas firmas de auditoria, pelos órgãos reguladores ou pelas próprias empresas. Os recentes escândalos contábeis envolvendo companhias tais como Enron, WorldCom e Parmalat têm levantado questões sobre a confiabilidade dos relatórios contábeis resultando na perda da utilidade dessas informações. Os escândalos provocados pelas fraudes contábeis possuem causas comuns e ocorrem quando pessoas com conhecimento do funcionamento da organização tiram vantagens de uma frágil supervisão dos órgãos reguladores. O tema fraudes contábeis, apesar de ser muito discutido no âmbito dos jornais econômicos e revistas acadêmicas internacionais, ainda é pouco explorado e discutido entre os especialistas no assunto. A intenção deste artigo é contribuir para o conhecimento das características, processos de desenvolvimento e tipos de fraudes contábeis, que se aliados a bons controles internos administrados com ética, servem como medida para tentar fazer com que as organizações fiquem atentas e preparadas para combater este tipo de crime. Diante das fraudes contábeis e suas influências nos escândalos financeiros surge a indagação sobre quais providências poderiam ser tomadas pelos profissionais contábeis e autoridades reguladoras. E, ainda, tomadas as devidas precauções e implantados os devidos controles, como mantê-los atualizados perante o surgimento de novos tipos de fraudes? Este estudo objetiva avaliar as principais fraudes contábeis divulgadas nos últimos anos, que comprometeram a credibilidade dos profissionais contábeis e analisar exemplos de casos de fraudes e seus reflexos no mercado atual. Pretende também, demonstrar a relação entre as principais crises financeiras empresariais marcadas por fraudes contábeis e a ausência de mecanismos efetivos de controle, tais como os trabalhos das empresas de auditoria, o papel dos órgãos reguladores e a ética profissional contábil.

REVISÃO DA LITERATURA

No final dos anos 90 e início deste milênio, o mundo vivia em um aparente clima de prosperidade, época de expansão vertiginosa da internet e crescimento de mercado. Nesse contexto, as empresas sentiam-se pressionadas a adicionar valor, com isso, a transparência cedeu lugar à dissimulação e o foco foi alterado do crescimento a longo prazo para os resultados trimestrais. Nesse processo, a Contabilidade também sofreu interferências e teve seus objetivos distorcidos, pois conforme Marion (1990, p.20), “a contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões”, ratificando a importância da contabilidade para a tomada de decisões, a partir de informações úteis e exatas. Assim sendo, a contabilidade tem como objetivo principal gerar informações para embasar as decisões a serem tomadas. Para isso, identifica, registra, mensura e possibilita análises dos eventos que alteram o patrimônio das empresas. Para o Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (1991, p.8), A contabilidade, como em todas as ciências, tem as suas formas próprias de atuação e, usualmente, expressa-se através da apreensão, quantificação, registro, relato, análise, projeção e revisão de fatos sobre o patrimônio e suas variações, tanto em termos físicos como monetários. As Normas Técnicas, normatizam científica e tecnicamente esses procedimentos. O profissional contábil, no desempenho de suas funções, exerce papel fundamental na sociedade, pois é a partir das informações fornecidas por ele que os usuários da contabilidade tomam suas decisões. Portanto, ao contador compete conhecer profundamente as técnicas de apresentação das demonstrações contábeis e aplicá-las no desenvolvimento de seu trabalho. Todavia, em muitos casos, contadores, proprietários e gerentes de organizações utilizam seus conhecimentos sobre as normas e padrões contábeis com o objetivo de desviar e manipular as informações contidas nos relatórios, tornando suas informações opacas. Nos últimos anos, foram divulgadas fraudes contábeis em empresas multinacionais que estavam apresentando ótimo desempenho e que comprometeram, irremediavelmente, a credibilidade do mercado. Inicialmente, cabe distinguir fraudes contábeis de erros

FRAUDES CONTÁBEIS E SUAS INFLUÊNCIAS NOS ESCÂNDALOS FINANCEIROS literatura existente sobre o assunto, composta por livros, artigos de jornais e revistas e consultas a “sites” da Internet pertinentes ao tema do trabalho. n Quanto à abordagem do problema – Pesquisa qualitativa, por considerar que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito da pesquisa. DESENVOLVIMENTO No atual cenário da economia brasileira e mundial, onde os chamados “crimes do colarinho branco” predominam, faz-se necessário um estudo sobre as manipulações e o uso indevido de recursos. Nesse sentido, o objetivo da Contabilidade de atuar como fonte de geração de informações úteis aos usuários, vem sendo questionado pela sociedade, devido à perda da confiabilidade dos relatórios contábeis. Observa-se, que o tema “fraudes contábeis” está sendo vastamente discutido pelos jornais e revistas de negócios, na área acadêmica e por diversos pesquisadores. Para recuperar a confiabilidade, faz-se necessário definir um modelo contábil no qual o interesse de todos os usuários seja levado em consideração. Para melhor entender esse conflito de interesse de usuários da informação, necessita- se de um entendimento das principais falhas da contabilidade ocorridas nos últimos períodos. Diversas são as maneiras pelas quais a contabilidade pode ser usada indevidamente para a realização de fraudes, contudo, ao mesmo tempo em que ela constitui um meio para o cometimento de atos ilícitos, também é um meio bastante eficaz para combatê-los. Existem métodos contábeis de grande potencial tecnológico para detectar e evitar as fraudes contábeis, pois nos últimos tempos, o desenvolvimento da tecnologia da informação, indiscutivelmente, vem proporcionando um avanço nos processos empresariais, trazendo rapidez no processamento dos dados, agilidade e oportunidade na prestação de informações úteis aos usuários. Em um processo de fraude contábil, há as vítimas e os agentes das fraudes. Entre eles, podem ser mencionados, a empresa, os acionistas, os sócios, a administração da empresa, os fornecedores, os bancos, os clientes, os empregados, o governo, dentre outros. Alterando-se a posição da vítima e do praticante, as fraudes contábeis podem ser cometidas de várias maneiras. Nesta pesquisa, analisaremos casos de fraudes contábeis realizadas por funcionários das empresas por desejo e determinação das mesmas, contra o governo ou contra o mercado. Por causa da falta de fiscalização e de auditoria nos livros contábeis das empresas brasileiras, o país tem apresentado vários casos expressivos de fraudes contábeis. No entanto, é nas empresas dos Estados Unidos que elas acontecem com mais freqüência, causando repercussão mundial. Através de consultas em diversas publicações, verificou-se que dentre as empresas internacionais que apresentaram casos de fraudes contábeis nos últimos anos, as mais mencionadas são: Enron, WorldCom, Parmalat, Xerox e Tyco. Deste modo, a presente pesquisa será fundamentada na análise da referida seleção de empresas com registro de ocorrência de fraudes contábeis. Na seqüência, através do quadro 01, são apresentadas as fraudes contábeis ocorridas nas empresas multinacionais Enron, WorldCom, Parmalat, Xerox e Tyco , nos últimos anos, e divulgadas a partir de 2002; destacando-se o nome da empresa, o setor de atividade, a fraude cometida e a maneira pela qual foi efetuada. Ressalta-se, que esse quadro foi elaborado com base em diversas pesquisas e consultas sobre as mencionadas fraudes, visando revelá-las de uma forma sintética e de fácil compreensão. QUADRO 01 -Fraudes contábeis mais evidenciadas nos últimos anos. Empresa Setor de Atividade Fraude Cometida Como fraudou Enron Energia Superestimação de lucros e desvios de dívidas a associadas. Ocultou do balanço a participação em pequenas empresas, superestimando seu resultado através da venda de bens a essas empresas por preços supervalorizados, gerando receitas falsas através do desvio de passivos (dívidas). O último balanço publicado ocultou, aproximadamente, 650 milhões de dólares em passivos e superestimou seu lucro em cerca de 600 milhões de dólares.

DEBASTIANI, Sandra; IANESKO, José Augusto Empresa Setor de Atividade Fraude Cometida Como fraudou Telecomunicação Xerox Lácteos WorldCom Ativação indevida de gastos. Inseriu no balanço cerca de 3, bilhões de dólares classificados como “investimentos”, sendo correto classificar como “despesa”. Fabricação de fotocopiadoras e materiais para escritório. Contratos de aluguel de equipamentos classificados como receita de vendas. Registrou no balanço aproximadamente 6,4 bilhões de dólares como receita de vendas, sendo que 5,1 bilhões desse montante provinham de aluguel de equipamentos, serviços e terceirização de documentos e receitas financeiras. Tyco Componentes elétricos e eletrônicos. Sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Sonegou mais de 1 milhão de dólares em impostos sobre a compra de obras de arte no valor de 13 milhões de dólares, além de utilizar indevidamente fundos da companhia para compra de apartamentos e casas para executivos. Parmalat Adulteração de contas e geração de lucros fictícios. Adulterou contas para encobrir perdas e manter o potencial de captação de recursos no mercado, incluindo receitas inexistentes no balanço. Houve o envolvimento de bancos comerciais governo, criado pelo Congresso Americano com o objetivo de supervisionar o cumprimento da legislação societária, passou a investigar as demonstrações da Enron. Na seqüência, foi anunciado que a Enron para registrar suas dívidas usava inúmeras subsidiárias de fachada, cujos ativos eram formados por ações da própria empresa. Dessa forma, no período de 1997 a 2000 o passivo da empresa foi subestimado. Com o apoio da Arthur Andersen , detentora dos conhecimentos dos procedimentos de registros adotados, a Enron criou uma série de transações financeiras que permitiram tratar de empréstimos tomados como se fossem vendas realizadas. Para viabilizar a fraude, conseguiu ainda, apoio de outras empresas e bancos, que aceitaram manipular seu balanço financeiro e esconder débitos repetidamente. Após o início das investigações, a Arthur Andersen ficou sob forte suspeita de ter fechado os olhos para as práticas contábeis adotadas pela organização, a fim de manter sua fonte de renda pelos serviços de consultoria. Já, em dezembro de 2001, a Enron pediu concordata devido à perda de credibilidade e ações desvalorizadas. Conseqüentemente, milhares de empregados foram demitidos e os acionistas perderam todo o dinheiro investido, além de restarem 13 bilhões de dólares de débitos com credores. A Arthur Andersen era a quinta maior empresa de auditoria do mundo, com 85.000 empregados em 84 no Congresso Americano e acabou admitindo que sua equipe cometeu um erro de avaliação no caso da Enron, porém afirmou, que a companhia de energia tinha sido notificada sobre a possibilidade da prática de alguns atos ilegais. No entanto, em janeiro de 2002, a empresa auditora anunciou que o seu pessoal envolvido nas operações com a Enron se desfizera dos papéis de trabalho e arquivos de documentos. No transcorrer das investigações, foi confirmado que a Arthur Andersen tinha noções dos problemas existentes nas contabilizações da Enron, e em agosto de 2002, a Securities and Exchange Commission (SEC) proibiu-a de conduzir auditorias nas empresas registradas neste órgão, o que conduziu ao encerramento de suas atividades. Como uma reação em cadeia, foram anunciadas ao público, fraudes contábeis de outras entidades que nos últimos anos vinham apresentando um desempenho de destaque. Também é famoso o caso de fraude na empresa WorldCom, que inflou seus resultados por meio de informações contábeis falsas. A proporção das fraudes contábeis nesta empresa multinacional é grande, pois do ponto de vista financeiro, é considerado o escândalo mais grave da história. Em junho de 2002, a WorldCom publicou

DEBASTIANI, Sandra; IANESKO, José Augusto de realização da auditoria passou a ser da empresa Deloitte & Touche S.p.A , a qual assumiu a análise em virtude da necessidade de rodízio dos auditores. É importante destacar, que a legislação italiana determina às empresas de auditoria, efetuar rodízio de entidade após três anos de contrato, porém há possibilidade de efetuar duas renovações e decorridos 9 anos ele é obrigatório. A Deloitte & Touche se baseava no trabalho da empresa anterior para emitir seu parecer, e não apontou nenhum problema na posição financeira da cliente analisada, no entanto, sempre destacou, através de ressalvas, que um grande percentual das receitas eram originadas das subsidiárias, as quais eram auditadas por outras empresas. A Grant Thornton Internation desligou a Grant Thornton S.p.A. na Itália, não podendo mais operar e nem fazer parte da rede internacional de sócios em virtude da perda de confiança no trabalho e a preocupação para com a reputação do nome da firma. Essas grandes revelações de fraudes contábeis influenciam nos escândalos financeiros, pois causam, inevitavelmente, prejuízos a funcionários, credores e investidores, além de comprometer a credibilidade da confiança no mercado. Esses escândalos afetam também as empresas que primam pelo correto em seus negócios, pois dificultam a obtenção de crédito. Quase todos os grandes escândalos financeiros analisados ocorreram “sob as barbas” de auditores que realizavam seu trabalho há pelo menos uma década. As autoridades reguladoras observaram também, que o fato da prestação de serviços de consultoria e auditoria serem prestados pela mesma empresa, comprometeu a qualidade das auditorias, pois as empresas eram remuneradas pelos dois serviços realizados e o risco de perder uma das remunerações induziu-as a compactuar com as fraudes. As autoridades concluíram também, que os relacionamentos de longa data entre companhias e empresas corromperam o padrão de escrituração contábil. Para corrigir esses erros, as autoridades reguladoras americanas, depois das revelações de irregularidades contábeis vinculadas à divulgação de lucros fictícios e quebras de grandes empresas, decidiram tornar mais rígidas as normas contábeis das empresas, visando a aumentar a transparência e endurecer as possíveis penas aplicadas aos presidentes, diretores e funcionários desonestos. A legislação americana foi modificada em caráter praticamente emergencial, sendo as empresas obrigadas a declarar seus balanços sob novas e rigorosas regras e seus executivos e diretores sujeitos à apreciação e condenação dos tribunais de justiça. Com base nisso, foi criada em 2002, pelo congresso americano a Lei Sarbanes-Oxley , também conhecida por SOX , que atingiu, principalmente, as empresas que possuem ações negociadas na Bolsa de Valores, aumentando consideravelmente a responsabilidade dos executivos, auditores externos e advogados. A conseqüência da criação desta lei para as empresas foi o aumento expressivo no processo dos seus controles internos. Nos Estados Unidos, as auditorias são fiscalizadas e regulamentadas pela Securities and Exchange Commission (SEC), que possui poderes para punir quem violar os dispositivos legais. Uma das principais mudanças é a limitação da ação das auditorias independentes, não permitindo que elas prestem serviços de consultoria na empresa auditada por elas, aumentando a independência. Ficou estabelecido também, a criação de um comitê de auditoria formado exclusivamente por diretores independentes, com responsabilidade de supervisionar o relacionamento da companhia e do auditor externo, com atenção especial aos serviços realizados e à independência do auditor. A Lei Sarbanes-Oxley proibiu também que as companhias abertas emprestem recursos aos executivos e diretores. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que averigua a saúde financeira das empresas que negociam ações na Bolsa de Valores, aproveitou e adaptou algumas normas e exigências da lei americana. Um dos principais procedimentos adotados é, a auditoria externa, no que se refere à circularização. Através deste procedimento, a auditoria busca a evidência das fontes externas, enviando cartas para os envolvidos nas transações com a empresa auditada, a fim de confirmar saldos das principais informações financeiras da empresa auditada. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Nos casos de fraudes contábeis analisados ocorridos nos Estados Unidos e na Europa, a solução parece ser óbvia; reforçar o papel dos auditores com realização de auditoria independente e qualificada, melhorar a regulação contábil através de sanções, além de conscientizar sobre a importância da transparência e da ética pessoal nas organizações. Historicamente, o processo de fraudes é milenar e acredita-se que terá continuidade até o momento em que o comportamento pessoal, individual se conscientizar da necessidade de respeito coletivo e manutenção dos valores individuais morais. A globalização da economia evidenciou a necessidade de que as organizações empresariais reflitam sobre a ética e o comportamento moral dos indivíduos. O comportamento ético de um indivíduo não envolve apenas o cumprimento de normas de conduta, preceitos e códigos específicos, engloba também, o respeito aos demais indivíduos, as atitudes e valores morais e o compromisso de contribuir

FRAUDES CONTÁBEIS E SUAS INFLUÊNCIAS NOS ESCÂNDALOS FINANCEIROS para com o crescimento e valorização da sociedade. Baseados na ética pessoal, muitos autores afirmam que a fraude é um problema social e não contábil, pois a realização de atos ilícitos voltados à aquisição de vantagens é um ato de conduta da natureza humana. Devido ao fato dos profissionais contábeis serem encarregados pelas informações a respeito do patrimônio e dos resultados das organizações, exige-se que as informações por eles produzidas retratem a verdade. Portanto, a transparência e a responsabilidade das informações prestadas devem ser itens fundamentais para as empresas observarem na condução de suas atividades. Cada empresa deve desenvolver normas éticas e de conduta próprias, e o profissional contábil responsável pelas demonstrações deve seguir, atentamente, o Código de Ética Profissional para evitar o cometimento de violações. Ao optar pela profissão contábil, cabe ao indivíduo, perceber a importância e a necessidade de zelar por sua conduta e atuar eticamente, pois no desempenho da função, estará convivendo diretamente com interesses conflitantes de diversos segmentos da sociedade. Observou-se, nos casos de fraudes citados neste trabalho, que alguns profissionais contabilistas, contrariando o Código de Ética Profissional, e violando o comportamento pessoal normal de um indivíduo, se propõem a executar fraudes na elaboração dos serviços contábeis com o intuito de prejudicar alguém. Essas fraudes muitas vezes são bem elaboradas e só o olhar atento do profissional de auditoria ou de um perito-contador apoiado no seu conhecimento técnico-científico das matérias afins à contabilidade, poderá fornecer meios para a sua identificação. Em algumas situações de fraudes em demonstrações contábeis efetuadas intencionalmente por executivos da organização, percebeu-se que caso os profissionais da classe contábil realmente usufruíssem da fidedignidade e da independência total na elaboração das demonstrações contábeis, muitas fraudes e escândalos financeiros seriam evitados. Ressalta-se, neste momento, a importância dos profissionais contábeis adotarem uma postura ética rígida e de respeito às normas contábeis, negando-se a efetuar registros contábeis ilegais. A partir do momento em que todos os profissionais contábeis se conscientizarem de que o cumprimento das normas e princípios contábeis dependem de suas atitudes e se negarem a efetuar registros contábeis ilegais, as fraudes contábeis efetuadas intencionalmente pelos executivos das organizações serão reduzidas significativamente. É importante registrar, que a responsabilidade primeira na prevenção e identificação de fraudes é da administração da entidade, mediante a manutenção de adequado sistema de controle interno, que, entretanto, não elimina o risco de sua ocorrência. Geralmente, as fraudes contábeis são frutos de oportunidade e um controle interno adequado torna mais difícil sua efetivação. Destaca-se, que o auditor não é responsável nem pode ser responsabilizado pela prevenção de fraudes. Todavia, deve planejar seu trabalho avaliando o risco de sua ocorrência, de forma a ter grande probabilidade de detectar as que impliquem efeitos relevantes nas demonstrações contábeis. Caso sejam detectados erros ou fraudes relevantes no decorrer dos seus trabalhos, o auditor deve comunicar à administração da entidade e sugerir medidas corretivas, informando sobre os possíveis efeitos no seu parecer, caso elas não sejam adotadas. Afinal, o auditor deve ter muito zelo pela profissão e trabalho desempenhados, pois quando é divulgado um escândalo contábil, é disparada pelo público em geral a indagação de qual foi a entidade encarregada pela auditoria e quais os profissionais responsáveis. Os escândalos contábeis da Enron e da Parmalat anteriormente analisados, são semelhantes no que se refere à falha dos auditores externos no cumprimento de suas funções de guardiões da fidedignidade das demonstrações contábeis, uma vez que não foram competentes e muito menos independentes na emissão de suas opiniões sobre a situação das entidades analisadas. Portanto, uma das medidas para a diminuição da manipulação contábil é reforçar o papel dos auditores, demonstrando que a auditoria é uma medida primordial contra a generalização das práticas de manipulação contábil. O auditor, no desenvolvimento de suas funções, deve adotar uma postura contundente e emitir opiniões adversas diante da existência de manipulação de números contábeis. A regulação contábil também é de suma relevância para evitar fraudes contábeis, pois fixar padrões contábeis com imposições de sanções é uma alternativa para minimizar as manipulações contábeis. A aprovação da Lei Sarbanes-Oxley, nos Estados Unidos, trouxe fortes penalidades aos crimes praticados pelos administradores da entidade, elevando as penas dos crimes financeiros. É notável que essa lei não vai garantir a inexistência de fraudes ou manipulações de informações financeiras e contábeis de uma empresa, mas com certeza, servirá para inibi-las. É viável refletir, que diante dos impactos causados pelas fraudes em demonstrações contábeis à economia mundial, alguma medida deve ser implementada para recuperar a credibilidade das demonstrações contábeis das empresas. A implantação de normas mais rígidas e de caráter internacional, no sentido de eliminar as possibilidades das empresas realizarem lançamentos contábeis alternativos, ou seja, imposição de barreiras à interpretação ambígua de normas contábeis, seria de grande valia para evitar violações