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PCR em tempo real, Notas de estudo de Biomedicina

PCR em tempo real

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 05/01/2010

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10 Revista Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento - Edição nº 33 - julho/dezembro 2004
Pesquisa
PCR em tempo real
Uma Inovação tecnológica da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
Caroline Monteiro Novais
Estudante do curso de farmácia do
Centro Universitário de Barra Mansa.
E-mail: carol_farmacia@hotmail.com
Melissa Pires-Alves
Doutora em Biologia Celular e Molecular pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Professora do Centro Universitário de Barra Mansa.
E-mail: melalves@ig.com.br
Colaborador
Fábio Freitas Silva
Introdução
advento da biologia
molecular foi certamente
um dos maiores passos das
ciências biológicas durante
o Século XX. A descoberta da Reação
em Cadeia da Polimerase (PCR) trou-
xe enormes benefícios e desenvolvi-
mentos científicos como o
seqüenciamento de genomas, a ex-
pressão de genes em sistemas
recombinantes, o estudo de genética
molecular, a determinação rápida da
paternidade e o diagnóstico rápido de
doenças infecciosas.
Ultimamente, uma inovação
tecnológica resultante da PCR, deno-
minada de PCR em Tempo Real, vem
ganhando espaço nos diagnósticos clí-
nicos e nos laboratórios de pesquisa
por apresentar a capacidade de gerar
resultados quantitativos. Essa técnica
permite o acompanhamento da rea-
ção e a apresentação dos resultados de
forma mais precisa e rápida, em rela-
ção à PCR que apresenta somente
resultados qualitativos.
PCR
A Reação em Cadeia de Polimerase
(PCR, do inglês Polymerase Chain
Reaction), é uma metodologia que
pode ser executada inteiramente in
vitro sem o uso de células (BRUCE,
1999). A técnica da PCR foi desenvol-
vida nos anos 80 por Kary Mullis, que
recebeu, em 1994, o prêmio Nobel.
A PCR possibilita a síntese de
fragmentos de DNA, usando a enzima
DNA-polimerase, a mesma que parti-
cipa da replicação do material genéti-
co nas células. Esta enzima sintetiza
uma seqüência complementar de DNA,
desde que um pequeno fragmento (o
iniciador, ou primer, em inglês) já
esteja ligado a uma das cadeias do
DNA no ponto escolhido para o início
da síntese. Os iniciadores definem a
seqüência a ser replicada e o resultado
obtido é a amplificação de uma deter-
minada seqüência DNA com bilhões
de cópias (MULLIS, 1990).
Utilização da técnica da PCR
O desenvolvimento da técnica
de amplificação de segmentos de DNA
utilizando a PCR abriu enormes pers-
pectivas para a análise de genes, diag-
nóstico de doenças genéticas e
detecção de agentes infecciosos como
citomegalovírus, vírus da hepatite B e
C, herpes vírus simples, vírus da rubé-
ola, vírus da imunodeficiência humana
(HIV), Chlamydia trachomatis,
Helicobater pylori, Mycobacterium
tuberculosis e Pneumocistis carinii.
O avanço da ciência sobre a com-
preensão dos genes trouxe para a
rotina do laboratório de genética, fer-
ramentas que permitem o diagnóstico
em nível molecular. Na linha das doen-
ças genéticas, o permanente desen-
volvimento de novos protocolos tem
permitido a pesquisa de pequenas
alterações na seqüência de DNA, como,
por exemplo, na fibrose cística.
Outras aplicações especialmente
úteis para a PCR é a clonagem de um
determinado fragmento de DNA, que
pode ser um gene e o conhecimento
do DNA codificante (cDNA) obtido a
partir da molécula de RNA, o que
permite o estudo da expressão de
genes.
Finalmente, a PCR tem um gran-
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Pesquisa

PCR em tempo real

Uma Inovação tecnológica da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

Caroline Monteiro Novais Estudante do curso de farmácia do Centro Universitário de Barra Mansa. E-mail: carol_farmacia@hotmail.com

Melissa Pires-Alves Doutora em Biologia Celular e Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professora do Centro Universitário de Barra Mansa. E-mail: melalves@ig.com.br

Colaborador Fábio Freitas Silva

Introdução

advento da biologia molecular foi certamente um dos maiores passos das ciências biológicas durante o Século XX. A descoberta da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) trou- xe enormes benefícios e desenvolvi- mentos científicos como o seqüenciamento de genomas, a ex- pressão de genes em sistemas recombinantes, o estudo de genética molecular, a determinação rápida da paternidade e o diagnóstico rápido de doenças infecciosas. Ultimamente, uma inovação tecnológica resultante da PCR, deno- minada de PCR em Tempo Real, vem ganhando espaço nos diagnósticos clí- nicos e nos laboratórios de pesquisa por apresentar a capacidade de gerar resultados quantitativos. Essa técnica permite o acompanhamento da rea- ção e a apresentação dos resultados de forma mais precisa e rápida, em rela- ção à PCR que apresenta somente resultados qualitativos.

PCR

A Reação em Cadeia de Polimerase (PCR, do inglês Polymerase Chain Reaction), é uma metodologia que pode ser executada inteiramente in vitro sem o uso de células (BRUCE, 1999). A técnica da PCR foi desenvol- vida nos anos 80 por Kary Mullis, que recebeu, em 1994, o prêmio Nobel. A PCR possibilita a síntese de fragmentos de DNA, usando a enzima DNA-polimerase, a mesma que parti- cipa da replicação do material genéti- co nas células. Esta enzima sintetiza

uma seqüência complementar de DNA, desde que um pequeno fragmento (o iniciador, ou primer, em inglês) já esteja ligado a uma das cadeias do DNA no ponto escolhido para o início da síntese. Os iniciadores definem a seqüência a ser replicada e o resultado obtido é a amplificação de uma deter- minada seqüência DNA com bilhões de cópias (MULLIS, 1990).

Utilização da técnica da PCR

O desenvolvimento da técnica de amplificação de segmentos de DNA utilizando a PCR abriu enormes pers- pectivas para a análise de genes, diag- nóstico de doenças genéticas e detecção de agentes infecciosos como citomegalovírus, vírus da hepatite B e C, herpes vírus simples, vírus da rubé- ola, vírus da imunodeficiência humana (HIV), Chlamydia trachomatis, Helicobater pylori, Mycobacterium tuberculosis e Pneumocistis carinii. O avanço da ciência sobre a com- preensão dos genes trouxe para a rotina do laboratório de genética, fer- ramentas que permitem o diagnóstico em nível molecular. Na linha das doen- ças genéticas, o permanente desen- volvimento de novos protocolos tem permitido a pesquisa de pequenas alterações na seqüência de DNA, como, por exemplo, na fibrose cística. Outras aplicações especialmente úteis para a PCR é a clonagem de um determinado fragmento de DNA, que pode ser um gene e o conhecimento do DNA codificante (cDNA) obtido a partir da molécula de RNA, o que permite o estudo da expressão de genes. Finalmente, a PCR tem um gran-

de potencial na medicina forense. Sua sensibilidade torna possível utilizar uma amostra bastante pequena (traços mí- nimos de sangue e tecidos que pode- riam conter os restos de somente uma única célula) e ainda se obter uma “impressão digital de DNA” da pessoa da qual a amostra foi coletada, poden- do assim fazer comparações com aque- les obtidos de vítimas e/ou suspeitos de casos de infração penal (SILVA & PASSOS, 2002). O genoma de cada ser humano (exceto dos gêmeos idênticos) é dife- rente nas regiões polimórficas, sendo possível amplificar essas regiões. As- sim, a pesquisa de STRs (Small Tan- dem Repeats) através da PCR, utilizan- do um conjunto de iniciadores que cobrem estas partes altamente variá- veis do genoma humano, pode gerar uma impressão digital característica de DNA para cada indivíduo (BRUCE, 1999).

PCR em Tempo Real

A possibilidade de monitorar a PCR em tempo real revolucionou o processo de quantificação de frag- mentos de DNA e RNA. A PCR em tempo real realiza a quantificação des- tes ácidos nucléicos de maneira preci- sa e com maior reprodutibilidade, por- que determina valores durante a fase exponencial da reação. O ponto que

detecta o ciclo na qual a reação atinge o limiar da fase exponencial é denomi- nado de Cycle Threshold (CT) (Figura 1). Este ponto permite a quantificação exata e reprodutível baseado na fluorescência. A emissão dos compostos fluo- rescentes gera um sinal que aumenta na proporção direta da quantidade de produto da PCR. Sendo assim, os valo- res da fluorescência são gravados du- rante cada ciclo e representam a quan- tidade de produto amplificado (http:/ /www.ncifcrf.gov/rtp/gel/rtqpcr/ WhatIs.asp, 2004). Os compostos flu- orescentes mais utilizados são o SYBR® Green e TaqMan®. A PCR em tempo real requer uma plataforma de instrumentação que con- tém um termociclador com sistema ótico para a excitação da fluorescência e na coleção da emissão e um compu- tador com um software para aquisição de dados e análise final da reação. Estas máquinas, disponíveis de diver- sos fabricantes, diferem na capacidade da amostra (96-poços padrão, processamento de poucas amostras ou requerem tubos capilares de vidro especializados), no método da excita- ção (lasers ou fontes claras do espec- tro largo com filtros ajustáveis), e na sensibilidade total. Há também dife- renças nos softwares para o processamento dos dados (http:// www.ambion.com/techlib/tn/81/

813.html, 2004).

Fluoróforos

Os fluoróforos são moléculas que absorvem e emitem luz em um com- primento de onda específico. Os siste- mas de detecção da PCR em Tempo Real utilizam estas moléculas que pro- porcionam o acompanhamento da re- ação ao longo dos ciclos.

SYBR® Green

O SYBR® Green se liga entre a fita dupla de DNA (Figura 2) e com a excitação da luz emitida pelo sistema ótico do termociclador, emite uma fluorescência verde. As vantagens da utilização do SYBR® Green são: baixo custo, facilidade no uso e sensibilida- de. A desvantagem é a ligação em todo DNA fita dupla que surge durante a reação, incluindo os dímeros dos iniciadores e outros produtos inespecíficos, podendo superestimar a concentração do fragmento alvo. O SYBR® Green não ligado ao DNA exibe uma fluorescência muito pe- quena. Entretanto, a fluorescência é realçada quando ligado na fita dupla do DNA. No começo da amplificação, a mistura da reação contém o DNA desnaturado, os iniciadores e o SYBR® Green. As moléculas não-ligadas do SYBR® Green apresentam fluorescência fraca produzindo um si- nal mínimo sendo este subtraído du- rante a análise de computador. Após o reconhecimento dos iniciadores, algu- mas moléculas do SYBR® Green po- dem ligar-se na fita dupla previamen- te formada. Durante a polimerização catalisada pela enzima Taq DNA polimerase, as moléculas do SYBR® Green vão se ligando ao DNA recen- temente sintetizado. Assim, a reação é

Figura 1: Curva de amplificação do PCR em Tempo Real. CT – Cycle Threshold. A amplificação mostra 3 fases distintas (1) linha basal: não houve produtos da PCR suficiente para detectar a fluorescência; (2) fase log: a quantidade de produtos da PCR dobra a cada ciclo e (3) fase platô: não há mais aumento no número de produtos.

Figura 2: Molécula de SYBR Green® entre a fita dupla de DNA.

Na ausência de alvos, o oligonucleotídeo não emite fluorescência, pois o quencher está próximo do fluoróforo captando ener- gia. No momento em que o molecular beacon encontra o seu alvo, ocorre a hibridização resultando em uma reor- ganização conformacional, onde o fluoróforo de dissocia do quencher, emitindo assim a fluorescência. Os molecular beacons podem ser sintetizados com diferentes cores de fluoróforos, possibilitando ensaios que necessitam detectar diferentes alvos em uma mesma reação. São altamente específicos permitindo dis- criminar seqüências-alvo que diferem entre si por apenas um nucleotídeo substituído. São sondas ideais, no en- saio diagnóstico para identificação ge- nética, detecção de SNP (single nucleotide polymorfism) e aplicações farmacogenéticas (KRAMER, 2004).

Utilização da PCR em

Tempo Real

O sistema de quantificação em tempo real tem as seguintes aplica- ções: · Identificação de alelos em DNA genômico; · Análise de seqüências virais, bacterianas ou de protozoários a partir de várias fontes; · Análise de patógenos em ali- mentos; · Análise de produtos transgênicos; A aplicação em diagnósticos, como a detecção de patógenos, ou doenças, torna-se interessante uma vez que esta técnica permite a quantificação e

rapidez do resultado, pois não mais requer a detecção em gel de eletroforese, necessário na análise da PCR.

Conclusão

As técnicas associadas à biologia molecular e à engenharia genética progrediram muito desde a década de 50, quando o DNA teve sua estrutura descrita. O avanço foi tão grande que em pouco tempo, pouco mais de 50 anos, suas aplicações práticas já permeiam o nosso cotidiano. A descoberta da PCR faz parte desse progresso, sendo que o mais novo avanço tecnológico partiu da própria PCR, gerando a PCR em Tem- po Real, que permite a quantificação das amostras amplificadas, sendo de grande relevância para diagnósticos de patógenos e doenças genéticas. Dentre as vantagens, esta técnica em relação à PCR qualitativa estão a faci- lidade na quantificação, maior sensibi- lidade, maior precisão, reprodutibilidade e acurácia, velocida- de na análise, melhor controle de qua- lidade no processo e menor risco de contaminação.

Referências bibliográficas

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KRAMER, F.R. Molecular Beacons. Disponível em: <http:// www.molecular-beacons.org/ default.htm>. Acesso em: 27 maio

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Figura 5: (A) Oligonucleotídeo usado como sonda é sintetizado de modo a possibilitar a formação de uma estrutura secundária nas extremidades 5’e 3’. (B) Toda fita nova formada durante a amplificação é alvo para o anelamento do molecular beacon, aumentando a intensidade da fluorescência.

A (^) B