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Um estudo populacional baseado em lages, santa catarina, brasil, que estimou a prevalência de obesidade em adultos e identificou fatores potencialmente causais. Os dados coletados incluíram idade, escolaridade, renda per capita, número de filhos, história familiar de obesidade e nível de atividade física. Os resultados mostraram que a prevalência de obesidade foi maior em mulheres e associada a menores rendas e idades mais avançadas.
Tipologia: Notas de estudo
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RESUMO
ABSTRACT
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INTRODUÇÃO
obesidade tornou-se preocupação mundial a partir de meados da década de 1990; desde en-
tão sua prevalência vem aumentando de maneira
alarmante em praticamente todos os países. São
apontados como causas a diminuição da atividade fí-
sica e o maior consumo de alimentos pobres em nu-
trientes e em fibras e de alta densidade energética. Os
riscos mais importantes da obesidade são o desenvol-
vimento de outras doenças crônicas não-transmissí-
veis (DCNTs), como diabetes tipo 2 e as doenças
cardiovasculares, tendo como conseqüência maior
risco de morte prematura ou redução da qualidade
de vida do indivíduo (1).
Mais recentemente, segundo a Organização Mun-
dial da Saúde (OMS), o sobrepeso atinge cerca de 1,
bilhões de indivíduos acima de 15 anos, destes 400 mi-
lhões apresentam obesidade. A obesidade é responsável
por cerca de 2% a 6% em média, do total de recursos
financeiros destinados à saúde (2).
No Brasil, a região sul é a que possui as maiores
prevalências de obesidade com índices semelhantes ou
até mais elevados do que os encontrados nos países de-
senvolvidos (3).
Inquéritos nacionais, como o Estudo Nacional
de Despesas Familiares (ENDEF), realizados entre
1974 e 1975 (4) e a Pesquisa sobre Padrões de Vida
(PPV), realizada entre 1996 e 1997 (5), revelaram
aumento da obesidade em todos os níveis de escola-
ridade para a população masculina. Para o sexo femi-
nino, a relação entre a obesidade e a escolaridade foi
semelhante à da população masculina no período de
1974/75 a 1989; entre 1974/75 e 1995/96 houve
a manutenção da tendência de aumento apenas em
mulheres de baixa escolaridade, apresentando esta-
bilização ou, até mesmo, redução de obesidade en-
tre mulheres de alta de escolaridade (6). Dados de
2003 da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) (7)
revelaram que o excesso de peso afeta 41,1% dos ho-
mens e 40% das mulheres, visto que, desse grupo, a
obesidade atingiu 8,9% dos homens e 13,1% das mu-
lheres adultas.
São escassos os estudos de base populacional em
cidades de médio porte, portanto, o presente estu-
do objetivou estimar a prevalência de obesidade e
os fatores potencialmente causais no município de
Lages, cidade de médio porte de Santa Catarina, sul
do Brasil.
MéTODO
O município de Lages situa-se na região serrana de Santa Catarina a 176,5 km da capital do estado, Flo- rianópolis. A população do município no ano 2005 foi de 166.733 habitantes, sendo 97,4% na zona urbana (162.397 habitantes). No período de 1996 a 2000, a taxa anual de crescimento estimada foi de 1,4%. O município apresenta razão de dependência de 53,8%. A razão de dependência expressa a relação en- tre a população dependente economicamente (meno- res de 15 anos e idosos com 65 anos e mais) no que diz respeito à população economicamente ativa (15 a 64 anos). O cálculo é feito da seguinte forma: soma-se a população de zero a 14 anos com a população com 65 anos e mais e divide-se o resultado pela população entre 15 e 65 anos.
O índice de desenvolvimento humano municipal foi de 0,813 em 2000, situando o município na 316 a posição entre todos os municípios brasileiros e na 73 a posição entre os municípios do estado de Santa Catari- na. A mortalidade infantil foi de 22,8/1.000 nascidos vivos em 2004; a esperança de vida é de 71,9 anos; a taxa de fecundidade de 2,5 filhos por mulher; a média de anos de estudo foi de 6,6; e a taxa de analfabetismo foi de 8,4%. A renda média per capita em 2000 foi de R$ 335,40 e a proporção de pobres foi de 22% (8).
Foi realizado inquérito epidemiológico de base po- pulacional do tipo transversal. A população-alvo foi constituída de adultos de ambos os sexos, na faixa etária entre 20 e 59 anos de idade e residentes na zona urbana do município, totalizando cerca de 52% da população total ou 86.998 pessoas (9).
Este estudo é um subestudo de uma pesquisa mais abrangente cujo objetivo foi estudar a auto-avaliação das condições de saúde da população adulta de Lages e fatores associados (socioeconômicos, comportamen- tais, nutricionais, morbidades e utilização de serviços) (9). Para o cálculo da amostra do estudo mais amplo utilizou-se prevalência de 50% (desconhecida), com erro de 3,5 pontos percentuais, efeito do desenho de delineamento de 2%, ao qual se somou 10% referente a perdas e recusas, mais 20% para o controle de fatores de confusão, calculado no módulo statcalc do pacote estatístico Epi Info (10), obtendo-se o total de 2. indivíduos. Para o cálculo do tamanho da amostra ne- cessária para estimar a prevalência de obesidade consi- derou-se prevalência (9,9%) encontrada em estudo realizado em Pelotas, RS (11), obtendo-se amostra
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e de história familiar de obesidade o nível intermediá-
rio e a variável comportamental, atividade física, a mais
proximal ao desfecho.
Fatores socioeconômicos: renda escolaridade
nível 3: determinantes distais
nível 1: determinantes proximais
variáveis demográficas: idade nº filhos nas mulheres
variáveis comportamentais: atividade física
vAriÁvel resPostA obesidade sim/não
Figura 1. Modelo teórico de investigação dos efeitos de fa- tores relacionados ao sobrepeso e à obesidade estruturado em blocos hierarquizados.
A análise multivariável foi realizada por meio da re-
gressão de Poisson, que apresenta como medida de
efeito a razão de prevalência. A análise de regressão se-
guiu o modelo conceitual proposto (Figura 1).
As variáveis com p < 0,25 obtido na análise biva-
riada foram selecionadas para comporem a análise
múltipla. O critério de permanência das variáveis nos
seus níveis hierárquicos e no modelo final foi p ≤ 0,
e/ou caso ajustassem o modelo. Foram apresentadas
estimativas por ponto e por intervalo com 95% de
confiança.
Todas as análises consideraram o efeito do delinea-
mento do estudo usando-se o comando svy do Stata
9.0. O projeto do estudo foi submetido e aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Uniplac sob Pro-
tocolo nº 01/2007. Foram solicitadas assinaturas dos
termos de consentimento livre e esclarecido dos parti-
cipantes da pesquisa. Caso fosse observado algum pro-
blema de saúde com o participante da pesquisa, o
entrevistador o encaminhava à unidade de saúde mais
próxima.
RESUlTADOS
Entre os indivíduos investigados, 462 (23,5%; IC95%: 21,6-25,3) foram classificados como obesos. Obser- vou-se maior prevalência de obesidade entre as mu- lheres, 314 (26,1%; IC95%: 23,6-28,6) do que entre os homens (19,3%; IC95%:16,5-22,1), motivo pelo qual foram realizadas análises estratificadas por sexo.
Nas análises bivariadas, encontrou-se, para o sexo masculino, relação linear positiva da obesidade com a idade (p < 0,001) e negativa com a atividade física (p = 0,001). Entre as mulheres, também foi observada rela- ção linear positiva da obesidade com a idade (p < 0,001), com a história familiar de obesidade (p < 0,001) e com o maior número de filhos (p < 0,001) (Tabela 1). Para renda e escolaridade, as associações foram negati- vas com valores de p = 0,001 e p < 0,001, respectiva- mente.
Na análise múltipla, foram associados à obesidade, em homens, o sedentarismo (RP = 1,55; IC 95% 1,21- 2,00) e o aumento da idade RP = 1,72 para 30 a 39 anos e RP = 2,15 para 50 a 59 anos. Para o sexo femi- nino, observou-se que a obesidade aumenta com a ida- de, porquanto na faixa etária de 50-59 anos a RP é 2, (IC 95%:1,88-3,65). Constatou-se, também, que a obesidade aumenta com a diminuição da renda e da escolaridade e com a história familiar de obesidade (Tabela 2).
DISCUSSÃO
A prevalência de obesidade encontrada na cidade de Lages foi de 23,5%, superior em mais de três vezes a média mundial de 7% (2); em nível nacional, as maiores prevalências são encontradas nas regiões sul e sudeste do Brasil (11). Em Lages, a obesidade apresenta-se maior entre as mulheres quando comparada aos ho- mens (26,1% e 19,3%, respectivamente). Investigações com metodologias semelhantes realizadas na cidade de Pelotas, RS, nos anos de 1994 (1) e 2000 (12), mos- tram resultados similares ao presente estudo. Segundo recente inquérito nacional de fatores de risco para DCNTs do Instituto Nacional do Câncer, as prevalên- cias de obesidade para a região sul variam de 12,2% a 10,9% (18).
Nesta pesquisa, a obesidade esteve positivamente associada com a faixa etária para ambos os sexos. Na população feminina, a prevalência de obesidade dobra
nível 2: determinantes intermediários
História familiar de obesidade
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Tabela 1. Prevalência de obesidade de acordo com variáveis exploratórias de acordo com o sexo (Lages, Santa Catarina, Brasil, 2007).
Masculino Feminino
n Prevalência de obesidade %
Razões de prevalência
IC95% n Prevalência de obesidade %
Razões de prevalência
IC95%
Idade (anos)
20-29 257 11,30 1,00 348 13,50 1,
30-39 172 18,68 1,63 1,04-2,56 258 19,71 1,41 1,06-1,
40-49 181 24,99 2,12 1,39-3,24 335 30,43 2,19 1,69-2,
50-59 155 27,14 2,30 1,42-3,71 259 44,00 3,15 2,33-4,
Escolaridade (anos)
12 e mais 179 12,68 1,00 269 17,55 1,
9-11 251 19,33 0,87 0,57-1,35 340 20,62 1,16 0,83-1,
5-8 229 28,58 0,68 0,44-1,04 328 28,11 1,54 1,03-2,
0-4 102 37,72 1,01 0,64-1,59 244 40,64 2,27 1,69-3,
Renda familiar (per capita – salário mínimo) 1,59-19,74 201 23,40 1,00 256 18,44 1,
0,89-1,58 208 19,20 0,82 0,59-1,15 295 26,82 1,39 0,99-1,
0,60-0,88 187 17,64 0,75 0,55-1,02 299 26,13 1,39 0,96-2,
0,026-0,59 159 15,13 0,62 0,42-0,92 329 31,33 1,65 1,18-2,
História familiar de obesidade Não 388 18,05 1,00 539 19,32 1,
Pai ou mãe 277 20,66 1,15 0,77-1,71 467 29,56 1,50 1,21-1,
Ambos (pai e mãe) 89 20,23 1,06 0,65-1,75 167 38,37 2,00 1,54-2,
Número de filhos
nenhum 228 16,25 1,
1 269 17,87 1,06 0,74-1,
2 304 27,60 1,64 1,21-2,
≥ 3 400 36,23 2,13 1,48-3,
Atividade física
Ativo 290 21,74 1,0 327 27,83 1,
Sedentário 154 27,30 1,66 1,30-2,13 826 25,36 1,18 0,89-1,
após os 40 anos, em relação à faixa etária de 30 a 39 anos. Segundo dados do IBGE, homens e mulheres apresentam prevalências de obesidade semelhantes até os 40 anos, mas a partir desta idade, as mulheres apre- sentam prevalências duas vezes mais elevadas em rela- ção aos homens (19).
A obesidade é determinada por vários fatores, visto que estes atuam em conjunto na determinação clínica da doença. Portanto, o resultado encontrado seria produto da
combinação entre fatores genéticos, demográficos (maior idade), fatores ambientais e comportamentais (20).
As mulheres com maior escolaridade e com maior renda familiar apresentaram menor prevalência de obe- sidade, corroborando o estudo de Sichieri e cols. (21) e de Gigante e cols. (3) em Pelotas. Entre os homens, a associação entre obesidade e as variáveis socioeconômi- cas parece mais complexa. Na década de 1990, a obesi- dade passou a se deslocar para os estratos econômicos
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REFERÊNCIAS
Endereço para correspondência:
Giana Zarbato Longo Uniplac – Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Mestrado – Centro de Ciências Jurídicas Av. Castelo Branco, 170 – Bairro Universitário 88.509-900 Lages, SC E-mail: gianalongo@yahoo.com.br