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EMOÇÕES E SISTEMA IMUNOLÓGICO: UM OLHAR SOBRE A
PSICONEUROIMUNOLOGIA
Ângela da Costa Maia
1
Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, Portugal
Resumo - A concepção do sistema imunológico como sistema autónomo de funcionamento
exclusivamente químico deu lugar, especialmente a partir dos anos oitenta, a uma concepção
integrada em que se reconhece que o sistema imunológico está integrado com outros sistemas
sendo sensível à regulação do sistema nervoso (Ader, 1983; Rabin, Cohen, Ganguli, Lysle &
Cunnick, 1989; Cohen & Herbert, 1996). Reconhece-se assim o papel que as diferentes áreas
do funcionamento humano, nomeadamente cognitivo e emocional, pode ter sobre a sua
eficiência. Deste modo nasceu uma disciplina designada por Psiconeuroimunologia dedicada a
estudar as relações entre os stressores psicossociais, as emoções e os sistemas
neuroimunológicos que organizam a resposta adaptativa ao stress. A hipótese base deste
modelo é que os stressores psicossociais diminuem a eficiência do sistema imunológico o que
leva ao aumento de sintomas médicos. Neste trabalho abordamos esta temática, descrevendo
a investigação actual sobre as condições psicossociais e emocionais que parecem afectar a
imunocompetência.
Palavras chave: psiconeuroimunologia, emoção, stress, saúde
Key words: Psychoneuroimmunology, emotion, stress, health
INTRODUÇÃO
Uma das razões para o forte interesse que a psiconeuroimunologia desperta entre os
profissionais de vários domínios advém do seu contributo para compreender porque razão os
acontecimentos de vida ou as emoções afectam a saúde. O estudo da função imunológica na
relação com a experiência revelou-se assim um campo promissor, onde têm ocorrido grandes
avanços e onde se adivinham continuamente novas descobertas.
(^1) Toda a correspondência relativa a este artigo deve ser enviada para Ângela da Costa Maia, Instituto de Educação e
Psicologia, Departamento de Psicologia, Campus de Gualtar, Universidade do Minho; Tel: 253 604240; Fax: 253 678987; E-mail: angelam@iep.uminho.pt
A concepção do sistema imunológico como sistema fisiológico autónomo de
funcionamento exclusivamente químico com a tarefa de reconhecer o que é e não é do próprio
organismo deu lugar, especialmente a partir dos anos oitenta, a uma visão integrada em que se
reconhece que o sistema imunológico interage com outros sistemas sendo sensível à
regulação dos sistemas nervoso e endócrino (Ader, 1983; Rabin, Cohen, Ganguli, Lysle &
Cunnick, 1989).
A disciplina designada por Psiconeuroimunologia
1
é o campo científico que investiga as
ligações entre o cérebro, o comportamento e o sistema imunológico, bem como as implicações
que estas ligações têm para a saúde física e a doença (Kemeny & Gruenewald, 1999). A
hipótese base deste modelo é que os stressores psicossociais diminuem a eficiência do
sistema imunológico o que leva ao aumento de sintomas médicos (risco de uma doença).
Assim, face a uma ameaça biológica com uma determinada potência, a
imunocompetência, ou seja, a capacidade do sistema imunológico proteger o corpo num
determinado momento
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estará relacionada com os factores psicossociais que afectam o
sistema imunológico. Entre estes factores contam-se os estados emocionais; o tipo e a
intensidade de stress que a pessoa está a enfrentar, as características de personalidade e a
qualidade das relações sociais.
A relação entre stress e doença começou por ser estabelecida por Selye (1976)
sugerindo que os stressores crónicos contribuíam para um estado de exaustão do organismo
pondo em causa o seu equilíbrio. Assim, as respostas que envolvem as ligações entre cérebro,
hormonas e sistema imunológico, passariam, ao fim de um determinado tempo, a ter
dificuldades em lidar com o stress e as manifestações de doença ocorreriam num grau que
poderia conduzir até à morte.
Um segundo momento na conceptualização dos desafios colocados pelos
acontecimentos de vida sobre a saúde física e emocional começou a ter em conta as
características psicológicas e as estratégias de confronto utilizadas pelos sujeitos para lidar
com essas situações. Este desenvolvimento assume que o impacto de uma situação no sujeito
depende da avaliação que o sujeito faz dela, bem como das estratégias que mobiliza de modo
a fazer-lhe face.
Assim, enquanto alguns investigadores procuram averiguar o impacto de
acontecimentos de vida na saúde e/ou no sistema imunológico; outros tentam diferenciar o
efeito dos acontecimentos de vida em função das emoções envolvidas, do estilo cognitivo, ou
das características de personalidade da pessoa.
Uma terceira abordagem sugere que o processamento dos acontecimentos de vida,
especialmente das situações traumáticas, os significados que os sujeitos constroem, ou as
estratégias de coping que vão sendo utilizadas, passam por uma série de fases sobre as quais
poderá haver uma intervenção de modo a diminuir os efeitos nefastos sobre o sistema
imunológico. A psicoterapia ou outras estratégias poderão ser concebidas como formas de
intervir nesta sequência, contribuindo para acelerar o processo de lidar com o trauma e
prevenindo os potenciais efeitos nefastos sobre a saúde de uma determinada experiência.
SUSCEPTIBILIDADE À DOENÇA
identificadas (Felten, Felten, Carlson, Olschowka, & Livnat, 1985; Felten & Olschowka, 1987),
nomeadamente pela observação de que linfócitos como as NK têm receptores para os
neurotransmissores. Vários autores encontraram igualmente ligações entre o sistema
imunológico e o endócrino através do efeito de diferentes mediadores hormonais como
catecolaminas (epinefrina e norepinefrina), cortisol, prolactina, ACTH, TSH, hormona do
crescimento ou opiáceos endógenos, hormonas que estão relacionadas com a resposta ao
stress (cf. Schneiderman & Baum, 1992; Cohen, 1994; Wang, Delahanty, Dougall, & Baum,
1998). Além disso existe enervação simpática e parasimpática dos órgãos linfóides (Felten &
Olschowka, 1987). Por seu lado alguns comportamentos que são associados a características
psicológicas ou são respostas ao stress podem influenciar o sistema imunológico: práticas de
saúde más como fumar, dieta inapropriada e sono perturbado diminuem a resposta
imunológica.
ACONTECIMENTO DE VIDA
MUDANÇA IMUNOLÓGICA
Figura. 1. Relação entre acontecimento de vida, características e estados psicológicos e mudança imunológica (Adaptado a partir de Cohen & Herbert, 1996).
Podemos dividir as investigações que analisaram a relação entre os factores
psicológicos e a saúde e/ou a eficiência imunológica em quatro grupos: os que estudaram o
efeito das situações de stress (quer em condições naturalistas, quer em laboratório); os que
estudaram o efeito do afecto, nomeadamente o humor triste e a depressão; os que estudaram
o efeito das características de personalidade; e, finalmente, os que estudaram a importância
das relações interpessoais
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ACTIVAÇÃO
DO SNC
RESPOSTA
HORMONAL
MUDANÇA
COMPORTAMENTAL
CARACTERÍSTICAS E ESTADOS PSICOLÓGICOS
2.1.Estudo do efeito do stress
2.1.1. Estudo do efeito do stress em contexto naturalista
Janice Kiecolt-Glaser é uma das investigadoras que mais tem procurado averiguar o
efeito de variáveis psicosociais sobre o funcionamento do sistema imunológico. Os seus
primeiros estudos, em meados dos anos oitenta, procuraram observar, em contextos
naturalistas, o efeito do stress durante a época dos exames escolares sobre o funcionamento
imunológico de estudantes universitários. Os resultados sugerem que em épocas de maior
stress, em comparação com épocas após férias, existe uma diminuição da actividade dos
linfócitos NK (Kiecolt-Glaser, Garner, Speicher, Penn, Holliday, & Glaser, 1984); na proliferação
de linfócitos (Glaser, Kiecolt-Glaser, Stout, Tarr, Speicher, & Holliday, 1985; Glaser, Rice,
Sheridan, Fertel, Stout, Speicher, Pinsky, Kotur, Post, Beck, & Kiecolt-Glaser 1987; Glaser,
Lafuse, Bonneau, Atkinson, & Kiecolt-Glaser, 1993); e na citocidade dos linfócitos (Glaser,
Rice, Speicher, Stout, & Kiecolt-Glaser, 1986; Glaser et al., 1987). Paralelamente foi verificado
que durante estas fases de stress há um aumento na circulação de anticorpos anti herpes
virus(Glaser et al., 1985; Glaser et al., 1987; Glaser, Pearson, Jones, Hillhouse, Kennedy, Mao,
& Kiecolt-Glaser 1991); bem como uma cura mais lenta de feridas após biópsias (Kiecolt-
Glaser, Page, Marucha, MacCallum, & Glaser, 1998).
Outra situação que tem mostrado estar relacionada com um aumento do stress a
prestação de cuidados a doentes crónicos, nomeadamente doentes com Alzheimer. O estudo
da resposta imunológica de familiares cuidadores destes doentes têm mostrado uma resposta
diminuída do sistema imunológico, incluindo diminuição do número de linfócitos totais e células
T, menor reacção dos linfócitos NK e maior número de anticorpos aos vírus herpes (e.g.
Kiecolt-Glaser, Fisher, Ogrocki, Stout, Speicher, & Glaser, 1987; Esterling, Antoni, Fletcher,
Margulies, & Schneiderman, 1994).
Para além do efeito do stress relacionado com as épocas de exames e com o cuidado
de doentes, foram igualmente avaliados os efeitos de uma variedade de acontecimentos que
incluem situações tão diversas como desastres naturais, desemprego, guerra, acidente nuclear
ou conflitos conjugais. Por exemplo McKinnon, Weiss, Reynolds, Bowles e Baum (1989)
verificaram que os residentes à volta de uma Central Nuclear em que houve uma ameaça de
acidente tiveram mais doenças nos meses seguintes. As análises sobre a função imunológica
permitiram verificar uma diminuição das células B, Células T CD3, CD4 e NK e menor produção
de anticorpos em reacção à vacina de hepatite B. Por seu lado Kiecolt-Glaser, Malarkey, Chee,
Newton, Cacioppo (1993) verificaram que em casais com comportamentos mais negativos e
hostis, e que estão a passar por momentos de mal estar na relação, têm maiores diminuições
nas NK e menor resposta de proliferação dos linfócitos.
Uma outra forma de avaliar o efeito do stress sobre o sistema imunológico é pedir
para os sujeitos registarem o nível de stress experienciado/percebido, relacionando esse relato
com medidas do sistema imunológico ou medidas de infecção Por exemplo, Jabaaij, Grosheid,
Manuck. (2001) ao fazerem a revisão dos estudos realizados em laboratório, é o facto de haver
uma covariação entre a magnitude da activação do Sistema Nervoso Simpático e a variação na
resposta imunológica. Os sujeitos com reacção mais marcada a nível das respostas simpática
e imunitária tornam-se assim naqueles que são mais vulneráveis aos desafios do dia a dia.
2.2. Estudo do efeito do humor sobre o funcionamento do sistema imunológico
A associação entre a depressão clínica e a imunosupressão foi estabelecida há muito
tempo. Herbert e Cohen (1993), numa meta-análise de 40 estudos sobre a relação entre
depressão clínica e sistema imunológico, verificaram que os resultados são consistentes e
permitem concluir que os deprimidos exibem uma menor resposta de proliferação dos
linfócitos; menor actividade dos linfócitos NK; e um menor número de células NA, B, T, T
auxiliadoras e T Supressoras / Citotóxicas. Estas relações são mais elevadas nos idosos e
sujeitos hospitalizados; e os estudos têm verificado que quando as pessoas recuperam da
depressão a actividade dos linfócitos NK aumenta de novo. Atendendo a que na depressão
muitos comportamentos dos sujeitos ficam alterados, muitos estudos procuraram controlar
comportamentos potencialmente prejudiciais para o sistema imunológico. Quando foram
controlados os hábitos de exercício, dietas, fumo, medicamentos, etc., os resultados foram os
mesmos.
Quando, em vez do efeito da depressão, foi avaliado o efeito do humor deprimido
sobre o sistema imunológico em amostras não clínicas, os resultados são muito semelhantes
ao que acontece na depressão: as meta-análises revelaram os mesmos efeitos que a
depressão clínica, nomeadamente menor actividade dos linfócitos NK e menor proliferação de
linfócitos; mas o efeito é menos significativo (cf. Herbert & Cohen, 1993).
A relação entre funcionamento imunológico e estados associados ao processo de luto
foi igualmente estudado, no contexto do estudo do efeito de estados emocionais negativos
sobre o sistema imunológico. Os estudos realizados com pessoas em processo de luto
permitiram concluir que o seu sistema imunológico está afectado: foi verificado que as
mulheres que tinham ficado viúvas recentemente tinham uma diminuição na função das células
T (Bartrop, Lazarus, Luchurst, Kiloh & Penny, 1977); ou uma actividade proliferativa inferior de
NK do que as esposas de homens saudáveis (Schleifer, Keller, Camerino, Thornton, & Stein,
1983; Irwin, Daniels, Smith, Bloom & Weiner, 1987a). Estudos realizados por Kemeny, Weiner,
Duran, Taylor, Visscher e Fahey (1995); Irwin, Daniels, Smith, Bloom e Weiner (1987b) e Linn,
Linn e Jensen, (1984) encontraram resultados semelhantes, sendo a imunosupressão maior
quanto maior for o grau de humor negativo. As perdas por separação ou divórcio resultam
igualmente em imunosupressão (Kiecolt-Glaser, Fisher, Ogrocki, Stout, Speicher, & Glaser,
1987; Kiecolt-Glaser, Kennedy, Malkoff, Fisher, Speicher, & Glaser, 1988).
Quando, em vez de olhar para efeito do humor negativo, se procura saber o efeito do
humor positivo sobre o sistema imunológico, verifica-se que existem poucos estudos sobre o
efeito do humor positivo no sistema imunológico. Num estudo realizado sobre a relação entre
acontecimentos do dia a dia e a quantidade de imunoglobulina A (IgA) em resposta a um
antigene, foi verificado que esta era maior quando o humor do sujeito era positivo e menor
quando o humor do sujeito era negativo (Stone, Cox, Valdimarsdottir, Jandorf & Neale, 1987;
Stone, Neale, Cox, Napoli, Valdimarsdottir, & Kennedy-Moore, 1994). Curiosamente Futterman,
Kemeny, Shapiro, e Fahey (1994) verificaram que a indução de humor positivo e negativo tinha
efeito diferenciado na resposta imunológica: após indução de humor positivo aumentava a
proliferação de linfócitos e o contrário acontecia face à indução de humor negativo.
Em suma, da revisão dos diferentes estudos que procuraram avaliar o efeito da
depressão ou humor triste sobre o sistema imunológico, pode-se concluir que o afecto negativo
está relacionado com uma diminuição da sua competência.
2.3. Estudo do efeito das características da personalidade sobre o funcionamento do
sistema imunológico
Desde há muito tempo que se tem associado características da personalidade com a
saúde, mas não são muitos os estudos realizados directamente sobre o efeito de
características da personalidade sobre o funcionamento do sistema imunológico.
A tendência para o desânimo e o estilo pessimista foi relacionado com um pior
funcionamento do sistema imunológico (e.g. Kamen-Siegel, Robin, Seligman, Dwyer & 1991),
mas a característica de personalidade mais estudada tem sido a repressão/negação.
As estratégias inibitórias, repressivas ou de negação, têm sido associadas ao
aumento de sintomas físicos, com mais visitas médicas, a mais irregularidades do sistema
nervoso autónomo e a mais perturbações do sistema imunológico. O efeito da repressão das
emoções negativas tem vindo a ser salientado nos modelos psicossomáticos. Schwartz (1990),
por exemplo, relacionou a repressão de emoções negativas com a susceptibilidade à doença e
vários autores sugeriram que a supressão de emoções negativas potencia o risco de cancro
(Gross, 1989; Kune, Kune, Watson & Rahe, 1991; Shaffer, Graves, Swank & Pearson, 1987).
Por exemplo Garssen e Goodkin (1999), verificaram que repressão de emoções negativas e o
baixo suporte social (dois factores que podem ocorrer associados) eram, para além da
tendência para o desânimo, factores de risco para o cancro.
Os sujeitos introvertidos são mais susceptíveis de contrair infecções respiratórias
superiores após uma exposição viral (Broadbent, Broadbent, Phillpots, Wallace & 1984;
Totman, Kiff, Reedy & Craig, 1980) e têm mais infecções periodontais (Manhold, 1953; cit. por
Cohen, 1994)
Medidas directas sobre o sistema imunológico revelaram que um nível elevado de
repressão estava relacionado com a supressão da resposta imunológica nomeadamente
observável num nível mais elevado do anticorpo do vírus do herpes (Esterling, Antoni, Kumar,
& Schneiderman, 1990; Esterling, Antoni, Fletcher, Margulies, & Schneiderman, 1994). Cole e
enquanto Kiecolt et al. (1987) verificaram que as mulheres separadas e divorciadas têm nível
mais elevado de anticorpo anti-vírus herpes, menor percentagem de linfócitos NK e menor
proliferação dos linfócitos. Em outro estudo Kiecolt-Glaser, Kennedy, Malkoff, Fisher, Speicher,
& Glaser (1988) encontraram que os homens separados e divorciados têm uma nível mais
elevado de anticorpo anti-vírus herpes, e mais infecções.
Outros estudos que deram resultados que vão no mesmo sentido foram realizados por
Baron, Cutrona, Hicklin, Russel, & Lubaroff (1990) que observaram que os cônjuges de
doentes com cancro com mais apoio social têm uma melhor actividade dos linfócitos NK e
melhor resposta de proliferação dos linfócitos; Genest (1989) que pôde constatar uma relação
entre suporte social e a diminuição da probabilidade de artrite em situações de stress; Thomas,
Goodwin, e Goodwin (1985) ao constatar que idosos que relatam ter relações íntimas têm
melhor resposta de proliferação dos linfócitos ou ainda Glaser, Kiecolt-Glaser, Bonneau,
Malarkey e Hughes, (1992) que verificaram que os estudantes universitários com maior suporte
social produziam mais anticorpo em resposta à vacina da hepatite B.
Em suma, como concluem McGuire e Kiecolt-Glaser (2000), as relações interpessoais
positivas estão relacionadas com menores níveis de hormonas de stress (e.g. cortisol,
catecolaminas), melhor resposta do sistema imunológico, e diminuição do risco de contrair
vários tipos de infecção.
O que vamos analisar a seguir pode contribuir para explicar a efeito robusto do suporte
social sobre a saúde e o sistema imunológico, bem como explicar porque é que alguns estilos
de personalidade em que predomina a negação ou repressão emocional estão associados a
mais problemas de saúde.
- IMPACTO DOS ACONTECIMENTOS DE VIDA EM FUNÇÃO DOS SIGNIFICADOS E DO TIPO DE PROCESSAMENTO
A ideia base da conceptualização e investigação sobre o efeito do tipo de
processamento das experiências de vida sobre o equilíbrio físico é a de que há formas de
processamento das situações (especialmente quando traumáticas) que são mais eficazes do
que outras; e que este processamento passa por uma série de fases. Enquanto os estudos
realizados no âmbito da primeira linha procuram averiguar de que modo a construção de
significados sobre uma experiência afecta a saúde, na segunda linha encontramos os estudos
sobre o efeito da expressão emocional.
3.1. Acontecimentos de vida, construção de significados e saúde
Alguns autores têm sugerido que os acontecimentos traumáticos confrontam o sujeito
com informação que é inconsistente com o modo como normalmente organiza a informação e
exigem da parte deste um trabalho para integrar a nova informação. Por exemplo Horowitz
(1986), Janoff-Bulman (1989) e Silver, Boon e Stones (1983) defenderam que as experiências
traumáticas são uma ameaça aos esquemas com que a pessoa organiza o mundo e a si
próprio, pondo em causa as suas crenças básicas sobre a existência de um mundo previsível e
a sua dignidade e eficácia como participante da sociedade. Para lidar com essa ameaça é
necessário reformular estas ideias e redefinir a si próprio e ao seu mundo. Isto implica um
trabalho activo de pensar quer sobre o acontecimento, quer sobre os pensamentos e sobre as
emoções a ele associado (cf. Harber & Pennebaker, 1992).
Bower, Kemeny, Taylor e Fahey (1998) sugerem que pensar/elaborar sobre um
acontecimento stressante pode aumentar o sentido de mestria e a probabilidade de a pessoa
sentir que tem controlo sobre a sua vida, aumentando a auto-estima. Para estes autores
encontrar um significado positivo para as experiências difíceis é um dos resultados potenciais
deste processamento. Exemplos desta construção de significados são, segundo Taylor (1983)
e Yalom (1980); uma redefinição das prioridades para a vida; aumento da sensação de viver no
presente; uma redefinição das relações interpessoais especialmente pelo aumento de
intimidade com os outros significativos; e uma maior apreciação pela fragilidade e preciosidade
da vida.
A ideia de que esta construção de significado aumenta a adaptação psicológica tem sido
defendida por vários autores (e.g. Mendola, Tennen, Affleck, McCann, & Fitzgerald, 1990);
tendo Afflect, Tennen, Croog e Levine (1987) encontrado um efeito sobre a saúde: os sujeitos
que reorganizaram a vida e perceberam benefícios do facto de terem sido vítimas de um
ataque cardíaco (mudando os seus valores e filosofia de vida) revelaram menos probabilidade
de ter um novo ataque e diminuíram a morbilidade num follow up de 8 anos.
Um estudo realizado por Bower, Kemeny, Taylor e Fahey, (1998) verificou que o
processamento cognitivo e a procura de significado após a morte de um amigo está
relacionado com um menor declínio das células CD4 T e maior sobrevida entre um grupo de
sujeitos contaminados com HIV. Exemplos de indicadores de processamento cognitivo são
frases como: “Eu tenho pensado muito nele como uma pessoa, um amigo. Mais importante
ainda, tenho pensado nele como uma vida”. Exemplos de descoberta de significado encontram-
se nas afirmações seguintes “Eu agora aprecio muito mais os amigos que tenho e tornei-me
um amigo mais íntimo” ou “de certa fora a sua morte levou-me a acreditar mais firmemente na
qualidade da vida e levou-me a procurar vivê-la de um modo mais satisfatório”.
Em suma, alguns estudos sugerem que face a experiências que dasafiam as
concepções com que o sujeito antes organizava o mundo, a capacidade de dar um significado
positivo à experiência parece estar relacionada com efeitos positivos a nível da saúde e do
sistema imunológico.
3.2. Acontecimentos de vida, expressão emocional
5 e saúde
Ainda que o trabalho individual de pensar e elaborar os significados dos acontecimentos
traumáticos seja uma dimensão importante ou mesmo suficiente para alguns sujeitos, é na
demostrou mesmo que se se pedir a alguém para inibir um pensamento ele torna-se mais
frequente e a concentração diminui (Gilbert, Krull & Pelham, 1987).
A relação entre inibição e perturbação física foi já estabelecida. A inibição exige trabalho
fisiológico e está associada ao aumento da actividade do sistema nervoso autónomo como o
aumento da conductividade da pele, activação do sistema nervoso central nas regiões do septo
e hipocampo, e activação nas áreas corticais (cf. revisão realizada por Pennebaker,1988).
Quando a inibição ocorre por períodos de tempo muito longos, conduz a mais episódios de
doença e dificuldades imunológicas. Por exemplo, Pennebaker (1989) e Pennebaker e
Susman, (1988) verificaram que os sujeitos que tiveram um trauma na infância sobre o qual
não puderam falar têm mais probabilidade de ficar doentes do que aqueles que passaram
pelas mesmas experiências mas puderam partilhá-las. Este resultado está de acordo com o
que antes vimos acerca dos sujeitos com estilo de personalidade mais inibidos e/ou com menor
rede de relações interpessoais, que têm mais problemas de saúde.
Para testar o efeito da expressão sobre a saúde e mais exactamente sobre o sistema
imunológico, Pennebaker, Kiecolt-Glaser & Glaser (1988) pediram a sujeitos para escrever
quatro dias seguidos sobre situações traumáticas da sua vida, enquanto outros escreviam
sobre situações triviais. Os sujeitos que escreveram sobre situações traumáticas não só
diminuíram os valores de activação do sistema nervoso autónomo e o número de consultas
médicas, como a avaliação da sua função imunológica revelou uma melhoria da eficácia dos
linfócitos T. Num estudo realizado por Petrie, Booth, Pennebaker, Davidson e Thomas (1995)
em que existiram igualmente dois grupos com a tarefa de escreveram ou sobre situações
traumáticas ou sobre assuntos triviais, verificou-se que escrever sobre situações
emocionalmente dolorosas estava associado a uma resposta mais eficaz do sistema
imunológico, medido por um maior número de anticorpos face à vacina da hepatite B. Mais
recentemente Petrie e Pennebaker (1998) verificaram que os sujeitos que escreveram durante
3 dias seguidos acerca das suas emoções revelaram um aumento significativo de linfócitos
CD4, enquanto os que só puderam relatar os factos sem revelar pensamentos ou emoções
diminuíram os níveis de linfócitos CD3.
Em suma, este conjunto de estudos parece indicar que o processamento das situações
traumáticas passa por uma série de fases, havendo tarefas, como escrever ou falar sobre os
acontecimentos e as emoções a eles associados, que parecem contribuir para amortecer o
efeito potencialmente nefasto associado a essas experiências.
Mas não podemos deixar de lembrar que sendo a relação entre partilha e saúde
extremamente importante, ela em alguns casos é independente do suporte social. Como
Pennebaker (Pennebaker & Susman, 1988; Pennebaker, 1992) afirma, ter uma experiência
traumática e não poder partilhá-la quando se tem amigos ainda é mais exigente do ponto de
vista da inibição e, por isso, potencialmente mais perturbador.
CONCLUSÃO
Partindo de uma concepção do sistema imunológico como um sistema integrado com os
sistemas endócrino e nervoso, e por isso sensível às emoções, neste artigo procuramos
sistematizar a investigação sobre algumas das condições que estão relacionadas com a
imunocompetência. Os resultados da investigação realizada nos últimos vinte anos permite
concluir acerca das consequências negativas para o sistema imunológico do stress, das
emoções negativas, dos estilos de personalidade repressivos e do isolamento social.
A investigação sobre a construção de significado e o processamento das experiências de
vida mais adversas têm revelado que o modo como estas experiências são organizadas e
processadas pode ser mais ou menos eficaz, quer do ponto de vista psicológico, quer da
saúde. Os resultados recentes sobre a relação entre tipo de processamento e resposta
imunológica vêm contribuir para explicar este efeito e, tal como em relação a outros factores
psicológicos (stress, depressão, repressão, isolamento), confirmam o efeito já longamente
observado destas condições sobre os problemas físicos.
Assim, se não se pode afirmar que as alterações observadas directamente sobre o
sistema imunológico implicam necessariamente alterações nas condições de saúde, a verdade
é que todas estas dimensões foram associadas ao aumento de sintomas médicos.
Provavelmente o estudo dos processos imunológicos ajuda a esclarecer o porquê desta
associação entre mente e corpo são.
Ainda que este trabalho se centre nas condições que afectam negativamente o sistema
imunológico, não podemos deixar de referir algumas das condições que parecem estar
relacionadas com a promoção do seu funcionamento.
Se o stress está relacionado com problemas imunológicos, parece óbvio que as
estratégias que procuram reduzir o stress terão um efeito positivo sobre o seu funcionamento.
Estudos sobre o efeito do relaxamento, gestão do stress, e grupos de suporte mostraram que
estas actividades têm um efeito positivo sobre a saúde (cf. Cohen & Herbert, 1996); e alguns
estudos mostraram um impacto positivo directo sobre o sistema imunológico. Por exemplo,
Kielcolt-Glaser et al., (1985) verificou que a prática do relaxamento aumenta as NK e células T
num grupo geriátrico. Mais recentemente Fawzy, Fawzy, Hyun, Elashoff & Guthrie (1993)
verificaram que sujeitos com melanoma maligno que foram submetidos a um tratamento que
incluía gestão do stress e estratégias de coping, revelaram um melhor funcionamento do
sistema imunológico e maior sobrevida.
Se a psicoterapia for entendida como suporte social e uma oportunidade para acelerar
o processamento das experiências, ela terá, concerteza, um efeito positivo sobre o
funcionamento imunológico. Lidar com acontecimentos negativos exige a utilização de
estratégias de coping que passam por uma série de fases mais ou menos previsíveis (e.g.,
teoria do luto de Kubler-Ross, 1969) e a psicoterapia constitui uma forma de realizar as tarefas
de modo a diminuir as consequências negativas. De facto a psicoterapia pode ser concebida
como forma de acelerar o processo de lidar com as experiências negativas e prevenir os
potenciais efeitos nefastos de uma determinada experiência. Os estudos de Pennebaker, ao
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Abstract
The idea of the immunological system as an autonomous system with an exclusively chemical functioning has resulted mainly in the early eighties in comprehensive perspective where it is recognized that the immunological system is integrated with other systems and is sensitive to the central nervous system regulation (Ader, 1983; Rabin, Cohen, Ganguli, Lysle & Cunnick, 1989; Cohen & Herbert, 1996). This recognizes that other areas of human functioning, as is the case of emotion and cognition, may influence its efficiency. Psychoneuroimmunology has appeared to study the relationship among the psychosocial factors, the emotions and the neuroimmunological systems that organize the adaptative response to stress. This model is based on the hypothesis that psychosocial factors diminish the efficiency of the immunological system and contribute to an increase in medical symptoms. In this work we discuss this issue and current research on the emotional and psychosocial conditions that seem to affect immunocompetence.