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Psicopedagogia: História, Função e Importância no Processo Ensino x Aprendizagem, Trabalhos de História da Psicologia

Uma pesquisa bibliográfica sobre a psicopedagogia, sua história, função e importância no processo ensino x aprendizagem. A autores jorge visca e sara paín ofereceram uma visão da pluricausalidade de fatores que envolvem o processo de aprendizagem, facilitando a compreensão de motivos de alguns problemas na aprendizagem. A psicopedagogia tem desempenhado um papel fundamental na busca de soluções para problemas de aprendizagem, mas ainda enfrenta descrédito por parte dos profissionais da área de educação.

O que você vai aprender

  • Quais foram as contribuições da psicopedagogia para a qualidade do ensino oferecido nas escolas?
  • Quem foram Jorge Visca e Sara Paín e como contribuíram para a psicopedagogia?
  • Quais são as áreas de conhecimento necessárias para uma ação efetiva na psicopedagogia?
  • Quais são os distúrbios de aprendizagem que eram tratados nos consultórios e passaram a ser identificados nas escolas?
  • Qual é a importância da psicopedagogia no processo ensino x aprendizagem?

Tipologia: Trabalhos

2021

Compartilhado em 25/06/2021

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PSICOPEDAGOGIA: TEORIA E PRÁTICA
Por: Eliane Corrêa de Carvalho de Oliveira
Orientador
Prof. Magaly Vasques
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PSICOPEDAGOGIA: TEORIA E PRÁTICA

Por: Eliane Corrêa de Carvalho de Oliveira

Orientador Prof. Magaly Vasques

Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PSICOPEDAGOGIA: TEORIA E PRÁTICA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia Por: Eliane Corrêa de Carvalho de Oliveira

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à minha filha Camille. Que todo meu esforço sirva de exemplo na sua vida futura e que ela nunca não venha a desistir diante dos obstáculos que possam se apresentar em sua a vida.

RESUMO

A psicopedagogia exerce um papel fundamental na busca de soluções para os problemas de aprendizagem. Teve sua origem na Europa no século XX com caráter médico – pedagógico, o qual visava à readaptação de crianças com comportamentos socialmente inadequados. O Brasil foi influenciado fortemente pela Argentina e iniciou com assuntos psicopedagógicos na década de setenta e tem como “luz” a teoria criada por Jorge Visca: a Epistemologia Convergente que propõe um trabalho clínico utilizando-se da integração de três linhas: a psicogenética, a psicanalítica e a psicologia social. Naquela época os distúrbios de aprendizagem que eram tratados nos consultórios chegaram às escolas, que sem critério algum passaram a “taxar” crianças como sendo “disléxicas”, “hiperativas”, entre outros adjetivos. A partir deste fato, constatou-se a necessidade de um aprofundamento nos estudos de casos e a ação de um profissional competente para solucioná- los. Jorge Visca e Sara Paín ofereceram à psicopedagogia uma visão da pluricausalidade de fatores que envolvem o processo de aprendizagem, facilitando assim, a compreensão dos motivos de alguns problemas na aprendizagem. O psicopedagogo é, visto então, como um profissional responsável por sanar todos os problemas de aprendizagem que se apresentam em nossas crianças e adolescentes. No entanto, para sanar tais problemas na aprendizagem o psicopedagogo utiliza vários instrumentos de apoio que o auxiliam no processo, tais como: diagnóstico psicopedagógico, caixa de trabalho, EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem), provas piagetianas e outros recursos. Com tantos instrumentos e técnicas a sua disposição, o psicopedagogo deve ter cuidado no uso de tais instrumentos e lembrar-se que o método é um meio e não um fim em si mesmo.

SUMÁRIO

  • INTRODUÇÃO
  • CAPÍTULO I - Psicopedagogia: Um breve histórico
  • CAPÍTULO II - A psicopedagogia e sua teoria
  • CAPÍTULO III – A psicopedagogia e sua prática
  • CONCLUSÃO
  • BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
  • BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional)
  • ANEXOS
  • ÍNDICE

INTRODUÇÃO

A psicopedagogia é a área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os problemas decorrentes deste processo. A Psicopedagogia é vista por Souza (1996), como área que investiga a relação da criança com o conhecimento. A psicopedagogia não é sinônimo de psicologia educacional ou psicologia escolar. Psicopedagogia estuda a atividade psíquica da criança e dos princípios que daí recorre. Hoje, é uma área pouco divulgada e bem restrita em termos de atuação. Existem profissionais com esta formação, mas que atuam em outras áreas da educação. Apesar de ser de fundamental importância para o processo ensino x aprendizagem, vê-se ainda certo descrédito por parte dos profissionais da área de educação. A presente pesquisa bibliográfica, em seu primeiro capítulo, mostra um breve histórico sobre a psicopedagogia, seu surgimento na Europa, no Brasil e sua influência na busca dos motivos de alguns problemas na aprendizagem. Há também uma breve definição do termo psicopedagogia com o objetivo buscar uma melhor compreensão do que vem a ser a psicopedagogia. Pela seriedade deste trabalho não poderia deixar de citar a criação da Associação Brasileira de Psicopedagogia, que contribui diariamente na função da psicopedagogia frente aos problemas de aprendizagem no campo educacional do nosso país. Mais complexo que o termo psicopedagogia é a função da mesma no processo complexo do ensino x aprendizagem. Para tentar esclarecer sobre a real função da psicopedagogia, no segundo capítulo, é feito um levantamento sobre as teorias que embasam o trabalho psicopedagógico, através das contribuições de alguns autores com Nádia Bossa, Maria Lúcia Weiss, Jorge Visca, entre outros. Há também um breve relato sobre a Epistemologia Convergente, de Jorge Visca. Teoria que é a base da psicopedagogia. O psicopedagogo pode atuar de duas maneiras: preventiva e curativa. A preventiva se dá antes do problema de aprendizagem se instalar na criança;

CAPÍTULO I

PSICOPEDAGOGIA: UM BREVE HISTÓRICO

Para entender um pouco sobre a psicopedagogia é necessário fazer um levantamento sobre seu histórico. É difícil datar com precisão o aparecimento da expressão. Há registros do começo do século XX. Segundo Bossa (2007) a psicopedagogia não nasceu aqui e tampouco na Argentina. A preocupação com os problemas de aprendizagem teve origem na Europa, ainda no século XIX. Os primórdios Centros Psicopedagógicos foram inaugurados na Europa, mais precisamente na França, em 1946, por J Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica, com objetivo de tratar comportamentos socialmente inadequados de crianças, tanto na escola como no lar, visando sua readaptação. Observamos que a psicopedagogia teve uma trajetória significativa tendo inicialmente um caráter médico-pedagógico dos quais faziam parte da equipe do Centro Psicopedagógico: médicos, psicólogos, psicanalistas e pedagogos. Segundo Bossa (2000) esses centros contribuíram com ação terapêutica em crianças que tinham lentidão ou dificuldades para aprender. Segundo Bossa (2007) a criança que não conseguia aprender era taxada como “anormal”, devido à interpretação de que a causa de seu fracasso era atribuída a alguma anomalia anatomofisiológica. Esperava-se através desta articulação entre Psicologia-Psicanálise- Pedagogia, conhecer a criança e o seu meio, e buscar a solução dos problemas de comportamento e aprendizagem. Esta corrente europeia influenciou significativamente a Argentina (que influenciou a práxis brasileira). Conforme a psicopedagoga Alicia Fernández (apud BOSSA, 2000), a Psicopedagogia surgiu na Argentina há mais de 30 anos e foi em Buenos Aires, sua capital, a primeira cidade a oferecer o curso de Psicopedagogia. A partir de 1948 o termo pedagogia curativa passou a ser definido como terapêutica, o qual visava atender crianças e adolescentes desadaptados que,

embora inteligentes, tinham maus resultados escolares. Essa pedagogia curativa poderia ser conduzida individualmente ou em grupos. Desde a primeira intenção de se definir como seria o atendimento psicopedagógico até os dias de hoje, vemos que, segundo Sara Paín o objetivo do tratamento psicopedagógico é o desaparecimento do sintoma e a possibilidade de o sujeito aprender normalmente em condições melhores. O curso de psicopedagogia, inicialmente, visava fornecer maiores conhecimentos quanto ao processo de desenvolvimento, maturação e aprendizagem. Scoz (1994) relata que a partir da década de sessenta a categoria profissional dos psicopedagogos começa a expandir-se e a organizar-se, buscando, inicialmente, as causas do fracasso escolar através da sondagem de aspectos do desenvolvimento físico e psicológico do aprendiz. Nessa época, os psicopedagogos prendiam-se a uma concepção organicista e linear, com conotação nitidamente patologizante, que encarava os indivíduos com dificuldades na escola como portadores de disfunções psiconeurológica, mentais e/ou psicológicas. A partir da década de oitenta, a psicopedagogia, em função da eficiência demonstrada na prática clínica, tem se estruturado como corpo de conhecimentos e se transformando em campo de estudos multidisciplinares. No Brasil a psicopedagogia surge na década de setenta através dos cursos de extensão da PUC/SP. Em 1979 surge como especialização, mas com o título de Tratamento dos problemas de aprendizagem. Em 1985 inicia-se o curso de psicopedagogia, em nível de especialização na PUC/SP. Este com enfoque preventivo e preparando para o processo institucional. Segundo Johnson & Myklebust (1987), pesquisadores do Intitute for Linguage Disorders, os conceitos de Disfunção cerebral Mínima (DCM) e o de Distúrbios de Aprendizagem (afasias, disgrafias, discalculias, dislexias) eram considerados os principais responsáveis pela incapacidade de algumas crianças para aprender. Essas ideias, inicialmente difundidas através dos consultórios particulares, acabaram chegando às escolas que, sem nenhum critério, classificavam as crianças com dificuldades para ler e escrever como

Mais recentemente, os psicopedagogos, à luz de contribuições de diversas áreas do conhecimento como, por exemplo, da psicologia, sociologia, antropologia, linguística, psicolinguística, vem reformulando suas linhas de análise. Para Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo das crianças é, inicialmente, determinado por processos biológicos e quando, subsequentemente, por interações sociais com adultos, que iniciam e mediam, pelas interações sociais, o desenvolvimento das habilidades cognitivas. Alguns autores que tomam a psicopedagogia como campo principal de seus estudos, entre os quais Jorge Visca e Sara Paín, também têm oferecido valiosas contribuições para o avanço desse campo na tentativa de elaborar uma teoria da prática psicopedagógica. Visca (1991) concebe a aprendizagem como uma construção intrapsíquica, com continuidade genética e diferenças evolutivas, resultantes das pré-condições energético-estruturais do sujeito e das circunstâncias do meio. Para Paín (1985), a aprendizagem depende da articulação de fatores internos e externos ao sujeito. Os fatores internos referem-se ao funcionamento do corpo, do organismo, do desejo, das estruturas cognitivas e da dinâmica do comportamento. Os fatores externos são aqueles que dependem das condições do meio que circunda o indivíduo. Por apresentarem uma concepção mais complexa do ser humano, estes autores tiveram o mérito de oferecer à psicopedagogia uma visão da pluricausalidade de fatores que envolvem o processo de aprendizagem e os problemas dele decorrentes, o que evidencia a necessidade de um conhecimento multidisciplinar na ação psicopedagógica.

1.1 – A Associação Brasileira de Psicopedagogia

A associação Brasileira de Psicopedagogia tem contribuído para que a psicopedagogia assuma uma nova função no cenário educacional brasileiro, a partir de um redimensionamento da concepção de problema de aprendizagem. Ao iniciar suas atividades, em 1980, denominando-se inicialmente Associação

de Psicopedagogos de São Paulo, já se preocupava em definir o perfil desses profissionais. Para isso promovia pequenos encontros para reflexão e troca de experiências de trabalho, enfocando os problemas de aprendizagem. Com o crescente avanço do campo de atuação da psicopedagogia, os psicopedagogos sentiram a necessidade de aprimorar a própria formação, adquirindo conhecimentos multidisciplinares. Partindo dessa perspectiva, a Associação passou a promover diversas modalidades de atividades (cursos, palestras, conferências, seminários, etc.). A necessidade de conhecimentos multidisciplinares impunha-se cada vez mais para uma atuação psicopedagógica mais abrangente. Em razão de sua crescente expansão, assinalando-se, sobretudo a criação de inúmeros núcleos associativos em diversos estados do Brasil – em 1998, passa a denominar-se Associação Brasileira de Psicopedagogia e realiza o I Congresso e o 3º encontro de psicopedagogos. A contínua expansão da psicopedagogia, em decorrência disso, a abertura indiscriminada de cursos de formação nessa área em todo o país, levou a Associação a elaborar um documento sobre a Identidade Profissional do Psicopedagogo, a partir da delimitação de seu campo de estudos e de atuação. No II Congresso e V Encontro realizados em julho de 1992, a Associação abordou o tema “A Práxis Psicopedagógica na Realidade Educacional Brasileira”. Nessa oportunidade ficou clara a posição da Associação em enfatizar a psicopedagogia enquanto uma práxis e, como tal, capaz de oferecer alternativas de ação no sentido de uma melhoria nas condições de aprendizagem, objetivando reverter a situação dramática em que se encontram as escolas brasileiras. Em julho de 1996, a Associação realizou o III Congresso e o VII Encontro, com o tema “A Psicopedagogia em Direção ao Espaço Transdisciplinar”. O objetivo desse encontro foi solidificar a ideia de que a Psicopedagogia ultrapassasse as interpretações cartesianas em direção a uma concepção de mundo indivisível. Entre os dias 05 e 08 de julho de 2012 foi realizado o IX Congresso Brasileiro de Psicopedagogia promovido pela Associação Brasileira de

CAPÍTULO II

A PSICOPEDAGOGIA E SUA TEORIA

Para entender o que é Psicopedagogia, é importante ir além da simples junção dos conhecimentos oriundos da Psicologia e da Pedagogia, que ocorre com bastante frequência no senso comum, isto porque, em sua própria denominação Psicopedagogia aparecem suas partes constitutivas – psicologia

  • pedagogia – e que oferece uma definição reducionista a seu respeito.

2.1 – O que é Psicopedagogia?

A psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades e apresenta um caráter preventivo. Nasceu com o intuito de resolver e compreender os problemas de aprendizagem que se apresentavam inicialmente no âmbito escolar. Assim, a psicopedagogia visa identificar, analisar, planejar e intervir nos problemas que se apresentam no processo de aprendizagem. O Código de Ética da Psicopedagogia, no Capítulo I, Artigo 1 º, afirma que " A Psicopedagogia é campo de atuação em saúde e educação o qual lida com o conhecimento, sua ampliação, sua aquisição, distorções, diferenças e desenvolvimento por meio de múltiplos processos ". Com a reformulação do Código de Ética em 1996, a conceituação de Psicopedagogia sofre alteração, passando ser a seguinte: "... campo de atuação em Educação e Saúde que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, usando procedimentos próprios da Psicopedagogia ". (Cap. I; Artigo 1º). Continua afirmando que a Psicopedagogia é uma área de atuação que engloba saúde e educação, também limita o campo de atuação à cognição, destacando que envolve os padrões normais e patológicos da

aprendizagem, ainda, enfatiza a influência do meio (família, escola e sociedade). A Psicopedagogia é uma área de estudos nova que pode e está atendendo os sujeitos que apresentam problemas de aprendizagem. Segundo Bossa (1994), a Psicopedagogia nasce com o objetivo de atender a demanda - dificuldades de aprendizagem. Existem várias definições de vários autores. A maioria escrita de formas diferentes, porém com a mesma essência. Esses autores enfatizam o caráter interdisciplinar. Segundo Bossa (2007)

“reconhecer tal caráter significa admitir sua especificidade enquanto área de estudos, uma vez que, buscando conhecimentos em outros campos, cria o seu próprio objeto, condição essencial da interdisciplinaridade”. (BOSSA, 2007, p. 27)

Scoz (1992) define psicopedagogia como área que estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades e em uma ação profissional, deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sistematizando-os. Lino Macedo (1992) define:

“A psicopedagogia é uma (nova) área de atuação profissional que tem, ou melhor, busca uma identidade e que requer uma formação de nível interdisciplinar (o que já é sugerido no próprio termo psicopedagogia)”. (MACEDO, 1992, p. 47).

Ainda segundo Macedo (1992) no novo dicionário Aurélio da língua portuguesa o termo psicopedagogia é definido como aplicação da psicologia experimental à pedagogia. Alguns profissionais brasileiros também têm dado suas contribuições no que se refere à definição sobre psicopedagogia.

identificação, a análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem”. (GOLBERT, 1985, p. 24).

A psicopedagogia preventiva visa à prevenção de possíveis problemas na aprendizagem. Seu trabalho gira em torno de questões metodológicas, bem como orientando professores e trabalhando com os pais, enquanto a terapêutica visa diretamente recuperar crianças com distúrbios já instalados e manifestados. Busca “curar os sintomas”. Essa prática acontece nos consultórios de psicopedagogia, a forma de atendimento pode ser individual ou em grupo. O trabalho desenvolvido com cada criança varia de acordo com a teoria e a prática de cada psicopedagogo. Segundo Kiguel (1991)

“o objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento”. (KIGUEL, 1991).

Do ponto de vista de Weiss (1991) a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores. Vê-se, portanto, que esses autores corroboram em algumas considerações em relação ao objeto de estudo da psicopedagogia: o fato de que ela ocupa-se em estudar a aprendizagem humana e as problemáticas estruturais que se apresentam em seu processo. Para Bossa (2007) a concepção de aprendizagem resulta de uma visão de homem, e é em razão desta que acontece a práxis psicopedagógica. Porém, não foi sempre assim. Houve um tempo em que a psicopedagogia visava à reeducação, após a avaliação dos déficits que se apresentavam e o resultado que se buscava era o de vencer tais defasagens.

Num outro momento o objeto de estudo da psicopedagogia era o de buscar a solução do motivo pelo qual o sujeito “não aprendia”, através de análises feitas em grupos de sujeitos com idades semelhantes. Mais adiante, o “não aprender” passou a ter significados e não mais o oposto do aprender. Nessa concepção o sujeito passou a ser visto com suas singularidades, particularidades e com uma história própria dentro do seu mundo sociocultural. Toda essa variação na concepção de sujeito não aconteceu do dia para a noite. Variou de acordo com o momento histórico correspondente a concepção de aprendizagem. Nos dias atuais, a psicopedagogia trabalha com uma concepção de sujeito dotado de um aparelho biológico. Aparelho esse que sofre influências afetivas e intelectuais do meio que vive. Ou seja, ele influencia e é influenciado o tempo todo pelas condições socioculturais do seu meio.

2.2 – As teorias do Trabalho Psicopedagógico

Não dá para embasar o trabalho psicopedagógico numa única teoria. A psicopedagogia necessita da interação de várias teorias que incidam sobre seu objeto de estudo. Como exemplo, a psicanálise que se encarrega do mundo inconsciente e suas representações profundas; a psicologia social que trata a constituição do sujeito em relação aos familiares, grupo que vive e instituições, como também suas condições socioculturais e econômicas específicas; a epistemologia e psicologia genética que se encarregam de analisar e descrever o processo construtivo do conhecimento do sujeito em interação com outros sujeitos e objetos; a linguística que traz a compreensão da linguagem como um dos meios que caracterizam o sujeito como humano e social, tendo a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e historiado; a pedagogia que contribui com as diversas abordagens do processo ensino-aprendizagem; e por fim, os fundamentos da neuropsicologia que possibilita compreender os mecanismos cerebrais necessários à aprendizagem, indicando, do ponto de vista orgânico, as evoluções ocorridas nesse processo. Todas essas áreas servem de apoio à psicopedagogia, fornecendo meios para refletir e operar no campo psicopedagógico.