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Radiofármacos para diagnóstico e terapia, Notas de estudo de Medicina

Radiofármacos são fármacos radioativos utilizados no diagnóstico ou tratamento de patologias e disfunções do organismo humano. Vários radioisótopos são utilizados na preparação de radiofármacos, entre os quais o tecnécio-99m (99mTc), que apresenta características físicas ideais para aplicação em Medicina Nuclear Diagnóstica. Uma vez administrado ao paciente, o radiofármaco deposita-se no órgão ou tecido alvo e imagens podem ser adquiridas a partir da detecção da radiação proveniente do pacie

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

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CADERNOS TEMÁTICOS DE QUÍMICA NOVA NA ESCOLA
N° 6 – JULHO 2005O tecnécio no diagnóstico de patologias
Radiofármacos para diagnóstico e
terapia
Um radiofármaco é uma subs-
tância que, por sua forma far-
macêutica, quantidade e quali-
dade de radiação, pode ser utilizada
no diagnóstico e tratamento de seres
vivos, qualquer que seja a via de
administração utilizada. De forma
mais simples, podemos dizer que
radiofármacos são moléculas ligadas
a elementos radioativos (radioisóto-
pos ou radionuclídeos), constituindo
dessa forma fármacos radioativos
que são utilizados em uma especiali-
dade médica denominada Medicina
Nuclear. Os radiofármacos são utili-
zados em quantidades traços (traça-
dores radioativos) com a finalidade de
diagnosticar patologias e disfunções
do organismo. Em menor extensão,
são aplicados na terapia de doenças,
particularmente no tratamento de tu-
mores radiosensíveis.
Quando a finalidade é diagnos-
ticar patologias, como por exemplo o
infarto do miocárdio ou uma disfun-
ção renal, utiliza-se, na composição
dos radiofármacos, radionuclídeos
emissores de radiação gama. A
radiação gama é uma onda eletro-
magnética e, portanto, apresenta
grande penetrabilidade nos tecidos e
baixo poder de ionização quando
comparada às radiações particu-
ladas, representadas pela emissão,
pelo núcleo dos átomos radioativos,
de partículas alfa (α)
ou de négatrons (β).
O menor poder de
ionização da radia-
ção gama minimiza a
dose de radiação
absorvida pelo paci-
ente. Radionuclídeos
emissores de radia-
ção gama, tais como o tecnécio-99m,
iodo-123, índio-111, galio-67 e o tálio-
201, entre outros, são utilizados na
composição de radiofármacos para
diagnóstico.
Quando a finalidade é terapêutica,
o efeito deletério da radiação é utili-
zado para destruir células tumorais.
Nesse caso, os radiofármacos são
compostos por radionuclídeos emis-
sores de radiação particulada, (α ou
β), que possuem pequeno poder de
penetração mas são altamente ener-
géticas, ionizando o meio que atra-
vessam e causando uma série de
efeitos que resultam na morte das
células tumorais. Como exemplo de
radionuclídeos emissores de radiação
β utilizados em terapia, podemos
citar o iodo-131, ítrio-
90, lutécio-177, rê-
nio-188, estrôncio-
90 e o samário-153,
entre outros.
A maioria dos
procedimentos reali-
zados atualmente
em Medicina Nucle-
ar tem finalidade diagnóstica. O
paciente recebe uma dose de um ra-
diofármaco composto por um radio-
nuclídeo gama emissor, e é posterior-
mente examinado por um equipa-
mento capaz de detectar a radiação
oriunda do paciente e convertê-la em
uma imagem que representa o órgão
ou sistema avaliado. Esses equipa-
Elaine Bortoleti de Araújo
Radiofármacos são fármacos radioativos utilizados no diagnóstico ou tratamento de patologias e disfunções do organismo
humano. Vários radioisótopos são utilizados na preparação de radiofármacos, entre os quais o tecnécio-99m (99mTc), que
apresenta características físicas ideais para aplicação em Medicina Nuclear Diagnóstica. Uma vez administrado ao paciente,
o radiofármaco deposita-se no órgão ou tecido alvo e imagens podem ser adquiridas a partir da detecção da radiação proveniente
do paciente, utilizando-se equipamentos apropriados. Trata-se de um procedimento não invasivo, que possibilita avaliações
anatômicas, morfológicas e funcionais. O radionuclídeo 99mTc é obtido a partir do decaimento radioativo de outro radionuclídeo,
o molibdênio-99m (elemento pai), podendo ser facilmente disponibilizado, no ambiente hospitalar, a partir de geradores de
99Mo-99mTc. O tecnécio-99m pode ligar-se a diferentes substratos ou ligantes, por reação de complexação, originando
radiofármacos com afinidade por diferentes órgãos, sistemas ou receptores no organismo. O conhecimento da química de
complexação do elemento tecnécio é de extrema importância para o desenvolvimento destes radiofármacos.
radiofármacos, tecnécio-99m, Medicina Nuclear, complexação
Radiofármacos são
moléculas ligadas a
elementos radioativos que
são utilizadas em uma
especialidade médica
denominada Medicina
Nuclear
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Radiofármacos para diagnóstico e

terapia

U

m radiofármaco é uma subs- tância que, por sua forma far- macêutica, quantidade e quali- dade de radiação, pode ser utilizada no diagnóstico e tratamento de seres vivos, qualquer que seja a via de administração utilizada. De forma mais simples, podemos dizer que radiofármacos são moléculas ligadas a elementos radioativos (radioisóto- pos ou radionuclídeos), constituindo dessa forma fármacos radioativos que são utilizados em uma especiali- dade médica denominada Medicina Nuclear. Os radiofármacos são utili- zados em quantidades traços (traça- dores radioativos) com a finalidade de diagnosticar patologias e disfunções do organismo. Em menor extensão, são aplicados na terapia de doenças, particularmente no tratamento de tu- mores radiosensíveis. Quando a finalidade é diagnos- ticar patologias, como por exemplo o infarto do miocárdio ou uma disfun-

ção renal, utiliza-se, na composição dos radiofármacos, radionuclídeos emissores de radiação gama. A radiação gama é uma onda eletro- magnética e, portanto, apresenta grande penetrabilidade nos tecidos e baixo poder de ionização quando comparada às radiações particu- ladas, representadas pela emissão, pelo núcleo dos átomos radioativos, de partículas alfa (α) ou de négatrons (β–^ ). O menor poder de ionização da radia- ção gama minimiza a dose de radiação absorvida pelo paci- ente. Radionuclídeos emissores de radia- ção gama, tais como o tecnécio-99m, iodo-123, índio-111, galio-67 e o tálio- 201, entre outros, são utilizados na composição de radiofármacos para diagnóstico. Quando a finalidade é terapêutica, o efeito deletério da radiação é utili- zado para destruir células tumorais. Nesse caso, os radiofármacos são

compostos por radionuclídeos emis- sores de radiação particulada, (α ou β–^ ), que possuem pequeno poder de penetração mas são altamente ener- géticas, ionizando o meio que atra- vessam e causando uma série de efeitos que resultam na morte das células tumorais. Como exemplo de radionuclídeos emissores de radiação β–^ utilizados em terapia, podemos citar o iodo-131, ítrio- 90, lutécio-177, rê- nio-188, estrôncio- 90 e o samário-153, entre outros. A maioria dos procedimentos reali- zados atualmente em Medicina Nucle- ar tem finalidade diagnóstica. O paciente recebe uma dose de um ra- diofármaco composto por um radio- nuclídeo gama emissor, e é posterior- mente examinado por um equipa- mento capaz de detectar a radiação oriunda do paciente e convertê-la em uma imagem que representa o órgão ou sistema avaliado. Esses equipa-

Elaine Bortoleti de Araújo

Radiofármacos são fármacos radioativos utilizados no diagnóstico ou tratamento de patologias e disfunções do organismo humano. Vários radioisótopos são utilizados na preparação de radiofármacos, entre os quais o tecnécio-99m (99mTc), que apresenta características físicas ideais para aplicação em Medicina Nuclear Diagnóstica. Uma vez administrado ao paciente, o radiofármaco deposita-se no órgão ou tecido alvo e imagens podem ser adquiridas a partir da detecção da radiação proveniente do paciente, utilizando-se equipamentos apropriados. Trata-se de um procedimento não invasivo, que possibilita avaliações anatômicas, morfológicas e funcionais. O radionuclídeo 99m^ Tc é obtido a partir do decaimento radioativo de outro radionuclídeo, o molibdênio-99m (elemento pai), podendo ser facilmente disponibilizado, no ambiente hospitalar, a partir de geradores de (^99) Mo- 99m (^) Tc. O tecnécio-99m pode ligar-se a diferentes substratos ou ligantes, por reação de complexação, originando radiofármacos com afinidade por diferentes órgãos, sistemas ou receptores no organismo. O conhecimento da química de complexação do elemento tecnécio é de extrema importância para o desenvolvimento destes radiofármacos.

radiofármacos, tecnécio-99m, Medicina Nuclear, complexação

Radiofármacos são moléculas ligadas a elementos radioativos que são utilizadas em uma especialidade médica denominada Medicina Nuclear

mentos são denominados câmaras- gama ou câmaras de cintilação, e nesse caso adquirem imagens cinti- lográficas em um único plano. Mas podem ainda estar associados a tomógrafos, que permitem a aquisi- ção de imagens em cortes, possibili- tando a avaliação de um órgão em toda a sua profundidade. As imagens tomográficas em Medicina Nuclear são denominadas SPECT, sigla do inglês “Single Photon Emission Com- puter Tomography” ou seja, Tomogra- fia Computadorizada por Emissão de Fóton Único. Dessa forma, todo exa- me em Medicina Nuclear inicia-se com a administração do radiofármaco ou fármaco radioativo. Podemos dizer que o radiofármaco é uma das prin- cipais ferramentas de trabalho do médico nuclear. Desenvolver e produzir radiofár- macos significa estudar, entre outras coisas, a química da interação entre elementos radioativos e diferentes moléculas (substratos ou ligantes), para a preparação de compostos ra- dioativos com afinidade e especifici- dade por diferentes órgãos, sistemas ou patologias. Os substratos para radiofármacos são geralmente com- postos orgânicos, mas também podem constituir-se de espécies co- loidais ou particuladas, proteínas (anticorpos ou peptídeos) ou mesmo células, como as células vermelhas e brancas do sangue. A natureza do ligante geralmente determina a especificidade do radio- fármaco. Outras vezes, a ligação do elemento radioativo ao substrato pro- move alterações nas propriedades químicas e, conseqüentemente, nas propriedades biológicas do compos- to. Dessa forma, após o estudo da ligação do elemento radioativo ao substrato, o desenvolvimento de um radiofármaco não pode prescindir dos estudos de distribuição biológica em animais de experimentação, de modo a determinar a eficácia da distri- buição ou a especificidade biológica. Atualmente, o radionuclídeo mais importante para a preparação de ra- diofármacos com finalidade diagnós- tica é o tecnécio-99m ( 99mTc). Ao propor a Tabela Periódica dos elementos em 1869, Mendeleev dei-

xou vários lugares vazios para os ele- mentos até então desconhecidos e previu que os espaços abaixo do manganês, correspondentes aos nú- meros atômicos 43 e 75, seriam even- tualmente ocupados por elementos parecidos a este e, por isso, chamou- os de ekamanganês e dvimanganês (Murphy e Ferro Flores, 2003). O elemento de número atômico 43, que ficava entre o manganês e o rênio, foi descoberto em 1937 por Carlo Perrie e Emilio Gino Segrè. Após a Segunda Guerra Mundial, o elemen- to foi batizado com o nome de tecné- cio. Esse nome vem do adjetivo grego technetos ou artificial, e foi utilizado pelo fato de o tecnécio ter sido o pri- meiro elemento químico preparado artificialmente (Murphy e Ferro Flores, 2003). O tecnécio (Tc) é um metal da se- gunda série de transição da Tabela Periódica, pertencente à família 7B, e está localizado entre o molibdênio e o rutênio e entre o manganês e o rênio (Murphy e Ferro Flores, 2003). Mn Mo Tc Ru Re Até o momento, todos os isótopos conhecidos do tecnécio são radioati- vos, desde o tecnécio-90 ao tecnécio- 110, e incluem oito pares de isômeros nucleares, entre eles 99m^ Tc-^99 Tc (Mur- phy e Ferro Flores, 2003). Isômeros nucleares são nuclídeos que se dife- renciam apenas pelo seu conteúdo energético. O nuclídeo no estado mais energético (metaestável), libera energia eletromagnética (radiação gama) na transição para um estado isomérico de energia mais baixa. O tecnécio-99m é um radionuclí- deo que apresenta características físicas ideais para utilização em Medicina Nuclear Diagnóstica: é mo- no-emissor gama de baixa energia (140 keV), possui tempo de meia-vida físico relativamente curto (6,02 h, ou seja, a cada intervalo de 6,02 h a ati- vidade de uma amostra de tecnécio- 99m decai pela metade), e não emite radiação do tipo particulada (α ou β–). Essas características físicas, em con- junto, possibilitam a aquisição de ima- gens cintilográficas com excelente resolução, utilizando-se os equipa-

mentos de detecção de radiação atualmente disponíveis, sem compro- metimento dosimétrico para o pacien- te. Assim, a grande maioria dos radiofármacos utilizados atualmente são preparados a partir desse radio- nuclídeo (Saha, 1998). O tecnécio-99m é produto do decaimento radioativo do molibdênio-

  1. Cerca de 87,5% dos átomos de (^99) Mo de uma amostra desintegram- se por emissão de radiação β–^ e origi- nam núcleos de 99m^ Tc que, por sua vez, desintegram-se por emissão de radiação gama para originar o 99 Tc, o qual se desintegra a 99 Ru (estável) (Figura 1) (SAHA, 1998). Dessa forma, (^99) Mo é chamado de elemento “pai” e 99mTc de elemento “filho”. 99 Mo e 99m (^) Tc formam um par radioativo em equi- líbrio transiente, já que o tempo de meia-vida físico do pai é cerca de dez vezes maior que o do filho. Esse equi- líbrio possibilita a fabricação do siste- ma gerador de radionuclídeo de 99 Mo- 99m (^) Tc. Por meio do sistema gerador de (^99) Mo- 99mTc, o elemento tecnécio-99m pode ser facilmente disponibilizado no hospital ou serviço de Medicina Nuclear. O gerador é um sistema fe- chado, composto por uma coluna cromatográfica de óxido de alumínio (Al 2 O 3 ), na qual é depositada uma atividade conhecida de 99 Mo. 99 Mo desintegra-se na coluna e origina o 99mTc. Fazendo-se passar através da coluna uma solução salina estéril (solução NaCl 0,9%), coleta-se no líquido eluente somente o tecnécio- 99m na forma de pertecnetato de sódio (Na +^ TcO 4 -^ ), enquanto que o (^99) Mo permanece adsorvido à coluna de alumina (Figura 2) (Saha, 1998). Após um período de crescimento ideal (aproximadamente 24 h), o gerador pode ser novamente eluído com rendimento teórico máximo de

Figura 1: Esquema de decaimento do (^99) Mo.

O ácido dietilenotriamino pentacé- tico (DTPA), o ácido dimercaptosuc- cínico (DMSA) e o ácido glucohep- tônico ou glucoheptonato de sódio (GH) são agentes quelantes que possuem grupos coordenantes tais como amino, tiol, hidroxi ou carboxi- lato (Figura 5) (Saha,1998; Welch e Redvanty, 2003). No caso do DMSA, os grupamen- tos tiol de duas moléculas coorde- nam-se a um átomo de Tc (um com- plexo bis). Em contraste, no GH, dois grupos hidroxila de cada molécula são responsáveis pela complexação (Figura 6) (Murphy e Ferro Flores, 2003). O DTPA interage com o 99m^ Tc redu- zido para formar complexos com car- ga negativa em meio neutro ou leve- mente ácido. O estado de oxidação do 99mTc no complexo não é conhe- cido, mas tem sido relatado como III, IV e V ou uma combinação destes. Os três radiofármacos são utiliza- dos em estudos renais. O DTPA- 99mTc

é utilizado para avaliar a função de filtração glo- merular dos rins. DMSA- 99m^ Tc e GH- 99m^ Tc con- centram-se no córtex renal e são utilizados em avaliações anatômicas e morfológicas. O tecnécio- 99m também forma quelatos com compostos ami- notiólicos ou tetraamínicos, resul- tando em complexos lipofílicos que apresentam a propriedade de atra- vessar a barreira hemato-encefálica, distribuindo-se no tecido cerebral. É o caso do complexo formado com a etilenodicisteína dietil éster (ECD) e com um derivado propileno amino oxima, denominado HMPAO (Figura

  1. (Saha,1998; Welch e Redvanty, 2003). Esses complexos possibilitam a realização de estudos de perfusão sanguínea cerebral, contribuindo para o diagnóstico de morte cerebral, bem como na investigação de inúmeras patologias relacionadas ao sistema nervoso central, tais como o mal de Parkinson e a doença de Alzheimer. Um complexo catiônico hexacoor- denado de carga final +1 é formado quando seis moléculas da isonitrila 2- metoxi-2-isobutil isonitrila (MIBI) ligam-se a um átomo de Tc. O radio- fármaco assim constituído denomina- se hexamibi- 99m^ Tc (Figura 8) e é utiliza- do em estudos de perfusão do miocár- dio para detecção de anormalidades

como o infarto do miocárdio (Saha,1998; Welch e Redvanty, 2003). O tecnécio-99m pode também se ligar a espécies coloidais ou particu- ladas. Colóides pré-formados de sul- feto de antimônio (Sb 2 S 3 ) ou nanoco- loides obtidos a partir de soro albu- mina humana (SAH) podem ser posteriormente marcados com 99mTc. Colóides de enxofre ou de estanho são formados durante a redução do 99mTcO 4 em presença de tiossulfato ou cloreto de estanho. As preparações coloidais radiomarcadas são utiliza- das para obtenção de imagens do fí- gado, baço e medula (Murphy e Ferro Flores, 2003). Partículas maiores, formadas a partir de SAH, podem constituir ma- croagregados (MAA) de tamanho de 10 a 90 μm que, marcados com 99mTc, são utilizados para mapeamento pulmonar. Na busca por radiofármacos cada vez mais específicos, com especial interesse para o diagnóstico de dife- rentes tipos de tumores, vários radio- fármacos de tecnécio vêm sendo pro- postos, constituídos de ligantes pro- téicos. Tais proteínas são represen- tadas por anticorpos monoclonais e peptídeos que reconhecem algum antígeno de superfície ou receptor presente na célula tumoral. Marcadas

Figura 5: Agentes quelantes para marcação com 99m^ Tc: ácido dietilenotriamino pentacético (DTPA); ácido glucoheptônico ou glucoheptonato de sódio (GH); ácido dimercaptosuccínico (DMSA).

Figura 6: Complexo de glucoheptonato de sódio (GH)- 99mTc.

Figura 7: Complexos lipofílicos de etilenodicisteína dietil éster (ECD)- 99mTc (direita) e de um derivado propileno amino oxima, HMPAO- 99mTc (esquerda).

Figura 4: Estrutura provável do complexo metileno-difosfonato (MDP)- 99m^ Tc.

Abstract: Radiopharmaceuticals are radioactive compounds used in the diagnostic and treatment of pathologies and dysfunctions of the human organism. A variety of radioisotopes can be employed in the preparation of radiopharmaceuticals, among which technetium-99m (99mTc), which presents ideal physical characteristics for its application in Diagnostic Nuclear Medicine. Once administered to the patient, the radiopharmaceutical is deposited in the target organ or tissue and suitable equipments can acquire images from the radiation emitted by the patient. It is a noninvasive process which allows anatomic, morphological and functional evaluations. 99mTc is obtained from the radioactive decay of molybdenum-99 and can be made available in the hospital from 99 Mo-^99 Tc generators. 99m^ Tc can bind to different substrates or ligands, by means of complexation reactions, originating radiopharmaceuticals with affinities for different organs, systems or receptors in the organism. Knowing 99m^ Tc coordination chemistry is extremely important for the development of these radiopharmaceuticals. Keywords: radiopharmaceuticals, technetium-99m, Nuclear Medicine, complexation

Referências bibliográficas

COMET, M. e VIDAL, M. Radiophar- maceutiques - chimie des radiotraceurs et applications biologiques. Grenoble: Presses Universitaries de Grenoble,

MURPHY, C.A. e FERRO-FLORES, G. Compuestos de tecnecio. 1ª ed. México: Instituto Nacional de Ciencias Médicas y Nutrición Salvador Zubirán, 2003. SAHA, G.B. Fundamentals of nuclear pharmacy. 4ª ed. EUA: Springer, 1998. WELCH, M.J. e REDVANTY, C.S. Hand- book of radiopharmaceuticals – Radio- chemistry and Applications. Inglaterra: John Wiley & Sons Ltda, 2003.

Para saber mais

www.ipen.br.

Figura 8: Complexo de isonitrila 2-metoxi-2-isobutil isonitrila (MIBI) contendo seis (hexa) ligantes HEXAMIBI- 99mTc.

com tecnécio-99m e administradas ao paciente, essas moléculas reco- nhecem e se ligam às células tumorais, possibilitando o diagnóstico precoce do câncer bem como o acompanhamento de recidivas pós- tratamento. Tais radiofármacos são chamados de receptor-específicos (Murphy e Ferro Flores, 2003; Comet e Vidal, 1998). Muitos ligantes foram estudados para marcação com 99mTc e apresen- tam utilidade real em Medicina Nu- clear Diagnóstica. Uma vantagem inerente dessa técnica diagnóstica é a de ser um procedimento não inva- sivo que possibilita uma avaliação anatômica ou morfológica dos órgãos

e, principalmente, uma avaliação fun- cional dos mesmos. A busca pela especificidade no diagnóstico movimenta pesquisas no mundo todo para o desenvolvimento de novos radiofármacos, com grande interesse por radiofármacos de tecné- cio-99m, em razão das propriedades físicas ideais deste radionuclídeo, além da disponibilidade do uso atra- vés dos sistemas geradores e custo relativamente baixo. Nesse sentido, o conhecimento da química de coorde- nação do tecnécio é imprescindível para o desenvolvimento de tais radio- fármacos, contribuindo para um dos aspectos do conhecimento multidis- ciplinar envolvido nesta ciência deno-

minada Radiofarmácia.

Elaine Bortoleti de Araújo (ebaraujo@net.ipen.br), farmacêutica-bioquímica pela Universidade de São Paulo, doutora em Tecnologia Nuclear (Radiofarmá- cia) pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) da Universidade de São Paulo, é chefe da Divisão de Pesquisa e Desenvol- vimento de Radiofármacos do IPEN.

Nota

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