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Resenha Critica - Filme Carlota Joaquina
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
(Brasil 1995) DIREÇÃO: Carla Camurati. ELENCO: Marieta Severo, Marco Nanini, Ludmila Dayer, Maria Fernanda, Marcos Palmeira, Antonio Abujamra, Vera Holtz, Ney Latorraca. Duração: 100 min.
Filme que procura retratar a vida de D. João e sua esposa D. Carlota Joaquina, desde o casamento até a vinda para o Brasil e retorno a Portugal após treze anos de permanências nas terras brasílicas.
D. João, segundo filho da rainha Maria I, que por sua insanidade veio a ser conhecido como, a Louca. Veio a tornar-se príncipe regente e em seguida rei de Portugal, após a morte de seu primeiro irmão, D. José, adquirindo então o título de D.
João VI. Casou-se com a princesa espanhola Carlota Joaquina a primeira filha do rei Espanhol Carlos 4º com Dona Maria Luísa de Bourbon, ela nasceu a 25 de abril de 1775 na cidade de Aranjuez. Aos dez anos contrai matrimônio, por meio de procuração, com o príncipe português O casamento de ambos deu-se por interesse das duas famílias, que ambicionavam um acordo entre os dois países e assim alcançar a união das coroas e reinos ibéricos.
Carlota Joaquim ganhou fama de que era uma pessoa que se não atendia aos padrões de beleza de seu tempo, era feia desde o nascimento, mulher de gênio muito forte e extremamente impositiva quando tratava de seus caprichos e vontades. Para escapar ao cerco das tropas napoleônicas em 1807, o casal transfere às pressas a casa real para o Brasil, no Rio de Janeiro, onde a família real vive até 1920 durante 13 anos, até que regressam a Portugal. A vida na colônia vai fazer aumentar em muito os desentendimentos entre Carlota e D. João VI.
O filme apresenta uma imagem já cristalizada na historiografia da família real, tanto no contexto português que precede a fuga das tropas napoleônicas com a ajuda inglesa, para o Brasil, quanto em relação à permanência da família real no Brasil.
Assim, apresenta a cara da princesa do Brasil com o semblante de uma mulher truculenta e cobiçosa, que usando de truques e artimanhas tentou mandar em seu esposo. Dona de um humor que variava muito dava se a extravagantes caprichos e cenas mandava castigar com chicotadas os que não dobravam os joelhos quando ela passava com sua comitiva. Uma mulher que é marcada pelos caprichos, de voraz apetite sexual mantém vários amantes, conspiradora contra o seu esposo a quem acha um banana e a quem deseja subverter o trono e o poder.
O príncipe é retratado como um débil mental, um embasbacado, incapaz e dopado por uma overdose de frango. A imagem de D. João é tão caricata com fulcro na historiografia que pinta o português apático e submisso á corte, que sua aparência é bem próxima a de um doente mental, um mentecapto que só em lances fugidios tem alguma ação de sanidade e percepção da realidade que o rodeia.
No entanto, mesmo nos jargões célebres atribuídos a D. João e a Dona Carlota, é possível ver sinais de outro discurso possível, embora apagado na caricatura eternizada dos dois personagens. A tentativa de unificar as coroas ibéricas sob seu domínio demonstra as habilidades politicas e ambições de uma rainha integrada com a realidade que se informava e acompanhava a politica real e mundial, embora o filme a reduza a uma rechaçada rainha, isolada em suas manias e crimes.
A sagacidade de D. João, desde sua regência em Portugal, quando ludibria as tropas napoleônicas e transferem o reino para o Brasil. Mesmo sua capacidade demonstrada no filme de não expor ao ridículo sua imagem, administrando os excessos de Dona Maria, transferindo seus amantes e os cooptando ao séquito de seus fiéis servidores. A abertura dos portos brasileiros, a fundação do banco do Brasil etc. São sinais de que o homem D. João não era de fato um idiota e esfomeado que passava o dia a embalar-se sobre seu próprio eixo, com um aspecto mentecapto e retardado, alienado do mundo e do reino.
Aos mais desavisados esta perspectiva passa morta no conjunto da obra cinematográfica que corrobora a visão tradicional de Um rei apático e tolo e uma rainha maluca e devassa, que não estavam aptos aos cargos e funções que exerciam. Somente com uma abordagem inovadora de revisão dessa tradição da caricatura antilusitana que foi construída ao longo da história e que ainda vigora com força é possível reler a história da relação Brasil e Portugal e escrever uma história menos pejorativa e tendenciosa para entrar mais profundamente nestes personagens históricos que até hoje são lidos e descritos de uma perspectiva caricata.
O filme enquanto entretenimento é razoável enquanto discurso histórico é passível de critica, mas é um meio novo de deixar a história acessível num veículo midiático que pode colaborar com o ensino e o estudo da história, desde que não seja adotado como discurso expressão da verdade, mas seja instrumento de construção de releituras de leituras já feitas, com o proposito de contribuir com a discussão para adensá-la e aprofunda-la. Pois o filme trabalha o tempo todo com caricaturas de personagens que muito certamente eram mais complexos e completos do que se mostram no filme. Se a história já os caricaturam em certa medida, o filme reforça essa imagem e maximiza a, pois que não constroem um discurso diferente ou nem o sugere, se o cito nesta crítica, não é por tê-lo percebido no filme, mas por tê-la apreendido nas leituras e discussões do curso de História.