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Uma pesquisa realizada sobre a linguagem híbrida do design, com ênfase em um copo biodegradável produzido pela startup brasileira metodologia. A pesquisa explora as características intrínsecas, extrínsecas e de uso e funcionalidade do produto, além de sua configuração dentro de um ciclo de sustentabilidade. O texto também discute as três dimensões analíticas da linguagem híbrida do design: sintática, semântica e pragmática.
Tipologia: Esquemas
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O papel da linguagem híbrida do design ALUNO: Raphael Arruda RAMOS ORIENTADORA: Vera Lúcia NOJIMA PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ INTRODUÇÃO Este relatório apresenta os resultados do trabalho desenvolvido a partir de agosto de 2019, relativo ao projeto de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq) vinculado ao eixo temático ‘A linguagem híbrida do design’ do Grupo de Pesquisa ‘Linguagens do Design’ - TRIADES, dentro do Laboratório de Comunicação no Design LabComDesign, do Departamento de Artes & Design da PUC-Rio. Hibridismo é um conceito de multiplicidades, de misturas e convergências, na qual tudo, potencialmente, se hibridiza. Todos nos encontramos, cada vez mais, mergulhados em um mar de artefatos híbridos que, a partir de sua manifestação por meio das dimensões semióticas da linguagem, se realizam plenamente no cumprimento de suas funções enquanto produto (estética, simbólica e prática) na medida em que suas formas, seus significados e usos e hibridizam. OBJETIVO O objetivo da pesquisa foi explorar o papel da tipologia da linguagem híbrida do design com base no estudo da configuração híbrida de produtos para além do intuito comunicacional, compreendendo como suas características intrínsecas: Forma (materiais, tecnologias, custos, e qualidades estéticas), características extrínsecas: Significado (aspectos afetivos, socioculturais, semânticos, e simbólicos), e de uso e funcionalidade: Função (comportamento de uso, enriquecimento das funções, manutenção - durabilidade, confiança - segurança) (Schulmann 1994,p.60) podem vir a gerar ciclos de sustentabilidade a partir de um processo de ressignificação e reaproveitamento. Selecionamos como objeto de análise uma linha de embalagens 100% biodegradáveis e compostáveis de fécula de mandioca desenvolvida pela startup brasileira “Já Fui Mandioca!”/CBPAK. METODOLOGIA Foi realizada uma revisão dos conceitos da semiótica peirceana e das dimensões semióticas desenvolvidas por Morris para analisar a configuração dos produtos híbridos, tendo como base as noções de características intrínsecas, extrínsecas e de usos e funcionalidades segundo Schulmann (1994), permitindo a classificação dos produtos ressignificados conforme a Tipologia da Linguagem híbrida do Design. Esse aprofundamento no referencial teórico serviu como base para o estudo técnico dos produtos
ressignificados e da maneira como se configuram dentro de um ciclo de sustentabilidade. Pela semiótica, a ciência dos signos que busca estudar questões de significação de qualquer linguagem, a construção dos significados dos produtos em questão foi estudada de acordo com Peirce, em três instâncias fenomenológicas. A primeiridade, a secundidade e a Terceiridade são instâncias interdependentes, porém cumulativas, já que não há terceiridade sem a primeiridade e a secundidade e não há secundidade sem antes haver a primeiridade. Cada parte corresponde a um momento único nesse processo de construção sígnica. As qualidades percebidas pelo sentido como cores, formas e materiais estão ligadas à primeiridade. A secundidade é o momento em que a informação da primeiridade é interpretada e possíveis significados são gerados. A terceiridade ocorre mediante a relação entre a primeiridade e a secundidade, criando um vínculo entre o signo (representâmem) e seu significado (interpretante). A partir dessas instâncias, as foram tomadas para direcionar a análise as três dimensões analíticas (sintática, semântica e pragmática) estabelecidas por William Morris (1976). Dentro dessa estrutura triádica (Braida & Nojima, 2014), por qual a trajetória da análise se guiou, verificou-se as três categorias principais de hibridismo (hibridismo sintático: que se manifesta na forma dos produtos; hibridismo semântico: que se manifesta na semântica dos produtos; hibridismo pragmático: que se manifesta na função dos produtos) propostas por Braida & Nojima (2019) que fundamentam as bases lógicas da tipologia e se subdividem para melhor definir as diferentes manifestações do hibridismo na contemporaneidade, reconhecendo a possibilidade de uma convergência entre as características intrínsecas, extrínsecas e de uso e funcionalidade. Fig 1. A tipologia da linguagem híbrida do design (Fonte: Manifestações da linguagem híbrida no design contemporâneo. Braida & Nojima. 2019)
a sociedade se encontra mergulhada. Embora o hibridismo não esteja explícito, a possibilidade de o produto se reconfigurar no seu discurso semanticamente pode vir a ser categorizado como hibridismo semântico dos arquétipos ou dos contextos caso ele seja utilizado para um fim não projetado, ou seja, recontextualizado. Fig 3. Possível recontextualização (hibridismo semântico dos contextos e arquétipos) de uma embalagem da CBPAK (Fonte:CBPAK) Este discurso se manifesta também pelo hibridismo pragmático na medida em que o copo possui como principal função e uso - reter líquidos de temperaturas variadas para consumo imediato e seguro e, consequentemente, ser descartado e assumir outros usos por questões ligadas a aspectos formais (hibridismo sintático dos materiais e das técnicas). Não se trata mais de apenas um receptáculo de líquidos para consumo. Destruído, pode vir a ser fertilizante. Mantendo a forma de copo, pode se transformar em recipiente para a produção de mudas em geral. Novas práticas de uso lhe acarretarão novos sentidos, novas maneiras pelas quais é percebido. O reuso é o reaproveitamento da forma no qual o objeto retoma seus aspectos intrínsecos, tais como materiais, técnicas utilizadas, dimensões e qualidades. Pelo reuso, o objeto recria seus aspectos extrínsecos, estabelecendo novas estruturas simbólicas, afetivas e socioculturais que vão lhe assegurar novas funções. A manifestação de diferentes funções permite a categorização do objeto dentro da subcategoria do hibridismo pragmático dos usos. Esta categorização permite que o copo seja inserido em um modelo econômico circular em que são contemplados a eliminação dos resíduos e da poluição, a manutenção dos produtos e materiais em ciclos de uso e a
regeneração dos sistemas naturais, garantindo um desenvolvimento com menor impacto ambiental. CONCLUSÃO O produto analisado, recipiente “Já Fui Mandioca!” da CBPak, é um artefato de grande importância cultural dado que é uma demonstração material das possibilidades que se manifestam no desenvolvimento de produtos híbridos com o intuito de criar sistemas regenerativos. Ao longo da pesquisa, foi possível classificar o produto conforme a Tipologia da Linguagem Híbrida do design e averiguar como o mesmo, é ressignificado por meio do hibridismo sintático dos materiais e das técnicas, do hibridismo pragmático dos usos, representa uma estratégia em que se subverte o atual paradigma de produção, baseado em uma economia linear, a favor de um sistema circular que considera todas as etapas de vida de um produto. Destaca-se também que copos e tigelas “Já Fui Mandioca!” da CBPak, sendo compostáveis, biocompatíveis e recicláveis, entram no processo de sustentabilidade, voltando para a terra como adubo e podendo ir para o lixo orgânico junto com os restos de alimentos depois de usados. O estudo sobre o CopEco da CBPak demonstra que a ressignificação por meio do hibridismo sintático dos materiais e das técnicas e do hibridismo pragmático dos usos representa uma estratégia em que se subverte o atual paradigma de produção baseado em uma economia linear em favor de um sistema circular que considera todas as etapas de vida de um produto. Reafirma o potencial do design como reestruturador de novos paradigmas de criação em prol de um mundo mais próspero dentro dos padrões do desenvolvimento sustentável que orienta sua prática. Fig 4. Copos Ressignificados (Fonte: Foto do autor)