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resumão medcel pediatria 2017, Manuais, Projetos, Pesquisas de Pediatria

resumão medcel pediatria 2017 resumão medcel pediatria 2017

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2020

Compartilhado em 26/01/2020

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pediatria

PEDIATRIA 487

Reanimação neonatal (atendimento ao

recém-nascido na sala de parto)

1. Introdução

A reanimação neonatal tem

papel importante na prática pe-

diátrica, pois define a qualidade

de vida do bebê e da família e

o papel desta na sociedade. No

Brasil, em 2005 e 2006, morre-

ram 15 Recém-Nascidos (RNs)

por dia devido a condições asso-

ciadas a asfixia perinatal, confi-

gurando-se como um importan-

te problema de saúde pública.

2. Passos para uma boa

reanimação neonatal

Para um bom atendimento na

sala de parto, a equipe deve estar

sempre preparada para o inespe-

rado e aderir ao seguinte algoritmo

(Figura 1):

Figura 1 - Reanimação do RN ≥34 semanas em sala de parto Fonte: Diretrizes 2016 da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Entidades maternas, fetais e placentárias associadas a dificuldades na transição pós-natal

de recém-nascidos prematuros <34 semanas

Problemas pré-natais Problemas no trabalho de parto

Assistência pré-natal ausente Trabalho de parto prematuro

  • Idade materna <16 anos ou >35 anos; - Rotura de membranas superior a 18 horas;
  • Hipertensão na gestação; - Corioamnionite;
  • Diabetes; - Trabalho de parto maior do que 24 horas;
  • Doenças maternas; - Período expulsivo superior a 2 horas;
  • Óbito fetal ou neonatal prévio; - Bradicardia fetal;
  • Aloimunização ou anemia fetal; - Anestesia geral;
  • Hidropsia fetal; - Deslocamento prematuro de placenta;

PEDIATRIA 489

3. Escore de Apgar

Avalia a vitalidade ao nascimento e orienta alguns prognósticos. O escore é dado com 1, 5 e

10 minutos de vida. Apgar de 5º minuto <7 determina notas adicionais a cada 5 minutos, até 20

minutos, com o objetivo de avaliar a resposta das medidas continuadas de atendimento forneci-

das ao RN.

Sinais 0 1 2

FC Zero <100 > Esforço respiratório Ausente Lento, irregular Bom, chorando Tônus muscular Hipotônico Alguma flexão de extremi-dades Ativo Irritabilidade reflexa Sem resposta Careta Tosse, espirro Cor Cianótico, pálido Cianose nas extremidades Rosado

4. Medicações

Indicadas quando a FC permanece <60bpm. A despeito de uma ventilação com oxigênio a

100% e massagem cardíaca, pode ser necessário o uso de adrenalina ou expansão volumétrica.

Não está mais indicado o uso de bicarbonato e naloxona na sala de parto.

Adrenalina intravenosa endotraquealAdrenalina Expansor de volume

Diluição 1:10.0001mL adrenalina 1:1.000 em 9mL de SF

1mL adrenalina 1:1.000 em 9mL de SF

SF

Preparo 1mL 5mL 2 seringas de 20mL Dose 0,1 a 0,3mL/kg 0,5 a 1,0mL/kg 10mL/kg IV Peso ao nascer 1kg 0,1 a 0,3mL 0,5 a 1mL 10mL 2kg 0,2 a 0,6mL 1 a 2mL 20mL 3kg 0,3 a 0,9mL 1,5 a 3mL 30mL 4kg 0,4 a 1,2mL 2 a 4mL 40mL

Velocidade e precauções

Infundir rápido na veia umbilical segui- do por 0,5 a 1mL de SF

Infusão na cânula traqueal e ventilação; uso único

Infusão lenta na veia umbilical, em 5 a 10 minutos

5. Exame inicial do recém-nascido

Inspeção Avaliação de padrão respiratório, cor, estado geral e sinais vitais

Exame cardiovascular

  • Observação de cianose;
  • Acrocianose (cianose nas extremidades) normal no RN;
  • FC entre 100 e 160bpm;
  • Procura por sopro, lembrando que algumas cardiopatias congênitas não apresentam sopro de início;
  • Palpação dos pulsos nos membros superiores e inferiores.

Exame do tórax e dos pulmões

  • FR entre 30 e 60irpm;
  • Observação de retrações e gemidos;
  • Hipertrofia das glândulas mamárias normal, por influência dos hormônios maternos.

Exame do ab- dome

  • Abdome escavado + desconforto respiratório como sinal de hérnia diafragmática;
  • Hérnias umbilicais normais;
  • Cordão umbilical com 2 artérias e 1 veia;
  • Artéria umbilical única possivelmente associada a outras malformações.

490 SIC Resumão REVALIDA

Exame do quadril Quando positivas, manobras de Ortolani e Barlow sugerindo luxação congênita do quadril Exame da região dorsal

Avaliação da integridade da coluna vertebral; observação da presença de mudanças de colo- ração da pele e de tufos de cabelo na região do cóccix, que podem sugerir espinha bífida oculta Exame do pes- coço

Observação da presença de fístulas ou cistos; avaliação da presença de crepitação nas claví- culas e sinal de fratura; mobilidade do pescoço; presença de giba dorsal

Exame da cabeça Avaliação das fontanelas, do tamanho do crânio, da presença de céfalo-hematoma ou de bos- sa serossanguinolenta

Exame dos olhos

Pupilas que devem reagir à luz e reflexo vermelho que deve estar presente; avaliação de pre- gas epicânticas, estrabismo, hemorragia subconjuntival e opacificação da córnea

Exame do nariz

Avaliação da permeabilidade das narinas, para descartar ou descobrir atresia das coanas e secreção nasal

Exame das orelhas

  • Avaliar forma, tamanho e posição;
  • Alterações podem sugerir anomalias cromossômicas ou síndromes;
  • Anormalidades pré-auriculares podem sugerir déficit auditivo ou anomalia renal.

Exame da boca

Avaliação do palato (fenda palatina), coloração dos lábios, integridade (lábio leporino), posição da mandíbula, arqueamento do palato Exame da geni- tália

  • Avaliar localização do orifício da uretra e dos testículos, presença de hérnias ou hidrocele;
  • Avaliar permeabilidade de pequenos e grandes lábios, abertura da uretra e hímen. Exame do ânus Avaliação da localização e permeabilidade

Exame neurológico

  • Observar simetria dos movimentos, tônus, choro e estado de alerta;
  • Observar comportamento: · Postura; · Reação à luz; · Nistagmo e estrabismo; · Pupilas e reflexo cocleopalpebral.
  • Reflexos normais: · Sucção; · Deglutição; · Rotação; · Preensão palmoplantar; · de Moro, tônico-cervical; · Glabelar; · Reação da marcha.

Exame dermatológico

  • Mancha mongólica: evolução benigna, com desaparecimento no 1º ano de vida;
  • Verificar a presença de descamações, petéquias e hemangioma;
  • Eritema tóxico: dermatose benigna, com lesões eritematosas vesiculares na face e no tronco, de etiologia desconhecida, com presença de eosinófilos à biópsia;
  • Miliária rubra: decorrente de obstrução intradérmica e predominante em áreas onde há au- mento da sudorese. 6. Maturidade física

Desenvolvimento Pele espessa, opaca e queratinizada; avaliação da visibilidade dos vasos e sulcos

Lanugem Pelos finos sobre o corpo, que surgem entre a 19ª e a 20ª semanas e têm máxima aparição entre a 27ª e a 28ª semanas de vida intrauterina

Superfície plantar Avaliação de rugas que se dirigem dos dedos para o calcanhar Aréola e glândula mamária Tamanho, diâmetro e coloração

Genitália externa

Descida testicular por volta do 3º trimestre para a bolsa escrotal (o tamanho final do clitóris é adquirido bem antes da deposição de gordura nas estruturas vizinhas, por isso aparenta ser falsamente hipertrofiado)

492 SIC Resumão REVALIDA

D - Diagnóstico

Avaliação de rotina para RNs prematuros por ultrassonografia transfontanela.

Diagnóstico definitivo da HPVI por meio de tomografia computadorizada ou ressonância nu-

clear magnética.

A punção liquórica está indicada a neonatos com sinais de hipertensão intracraniana ou dete-

rioração clínica.

E - Tratamento

Ventilação assistida, anticonvulsivantes, antibióticos, alimentação parenteral, correção de

anemias e acidose metabólica. Derivação ventricular, em caso de hidrocefalia.

3. Lesão de nervos periféricos

A - Paralisia braquial

Comum em fetos macrossômicos, por distocia de ombro.

B - Paralisia de Erb-Duchenne

Lesão dos V e VI nervos cervicais – posição de adução e rotação interna do braço e pronação

do antebraço; reflexo de Moro ausente no lado comprometido.

C - Paralisia de Klumpke

ͳ Lesão dos VII e VIII nervos cervicais e do I nervo torácico – paralisia da mão, miose e ptose

palpebral ipsilateral;

ͳ O tratamento consiste na imobilização parcial e no posicionamento apropriado para pre-

venir o desenvolvimento de contraturas. Se não houver melhora entre 3 e 6 meses, indicar

correção cirúrgica.

D - Paralisia do nervo facial

Periférica, resultado de pressão do nervo no útero, esforço durante o parto ou causas con-

gênitas.

4. Lesões hipóxico-isquêmicas

A asfixia perinatal é uma das principais causas de óbito em Recém-Nascidos (RNs) e uma cau-

sa importante de encefalopatia e lesão cerebral permanente entre crianças.

Asfixia segundo a Academia Americana de Pediatria:

ͳ Acidemia metabólica ou mista (pH <7) no sangue arterial do cordão umbilical;

ͳ Escore Apgar de zero a 3 por mais de 5 minutos;

ͳ Manifestações neurológicas neonatais;

ͳ Disfunção orgânica multissistêmica.

PEDIATRIA 493

A - Fatores de risco

ͳ Maternos: diabetes, hipertensão, toxemia, uso de drogas, anemia, isoimunização, infecção

materna, inserção baixa da placenta e descolamento prematuro de placenta;

ͳ Trabalho de parto: apresentação pélvica, cesárea, trabalho de parto prematuro, prolapso de

cordão, desproporção cefalopélvica, hipotensão materna, sedativos ou analgésicos;

ͳ Fetais: gemelaridade, polidrâmnio, líquido amniótico meconial, acidose, prematuro ou pós

-maduro, frequência e ritmo cardíacos fetais anormais, retardo do crescimento intrauterino,

hidropisia fetal;

ͳ Neonatais: asfixia intraparto, peso de nascimento inadequado para idade gestacional, im-

pregnação de mecônio, sinais de dificuldade respiratória.

B - Manifestação clínica

Hiperexcitabilidade, dificuldade respiratória, reflexos oculomotores anormais, resposta pupi-

lar alterada, hemorragia intracraniana nos prematuros, deterioração do estado de consciência,

hipotonia e edema cerebral. Além dos citados, pode haver alterações pulmonares, cardiovascula-

res, renais, metabólicas, hematológicas e gastrintestinais.

C - Prognóstico

Apgar baixo e ausência de respiração espontânea aos 20 minutos e persistência de sinais

neurológicos anormais com 2 semanas de vida estão associados a taxa elevada de mortalidade

ou graves déficits motores cognitivos.

Alterações do trato respiratório

1. Apneia

Trata-se de uma situação comum no Recém-Nascido (RN) pré-termo. Comumente é idio-

pática e não se relaciona com nenhuma doença predisponente, além de poder ser obstrutiva,

central ou mista.

A - Manifestação clínica

Inicia-se do 2º ao 7º dias de vida e caracteriza-se por pausa respiratória por um período igual

ou superior a 20 segundos, ou por período de menor duração se acompanhado de cianose/pali-

dez e bradicardia.

B - Tratamento

ͳ Correção do fator desencadeante;

ͳ Medidas iniciais e gerais: manter temperatura, alimentação por gavagem, oxigenoterapia,

decúbito dorsal e monitorização; manter saturação entre 88 e 92%, corrigir posicionamento

do pescoço, evitar aspirações vigorosas da orofaringe;

PEDIATRIA 495

E - Tratamento

ͳ Visa conservar oxigenação e ventilação adequadas, medidas gerais de manutenções térmi-

ca, calórica e hídrica e administração de surfactante;

ͳ Deve-se ter cuidado com a quantidade de líquido oferecida ao RN;

ͳ Oferta-se oxigênio a 60%; se for suficiente, CPAP nasal com pressão entre 5 e 10cmH 2 O e, se

não for adequado, oferecer ventilação pulmonar mecânica;

ͳ Surfactante endotraqueal 100 a 200mg/kg, de preferência de origem animal, podendo re-

petir uma 2ª ou 3ª dose se houver evidência de insuficiência respiratória progressiva.

F - Complicações

Displasia broncopulmonar (necessidade de oxigênio com mais de 36 semanas de idade gesta-

cional corrigida). A evolução é de piora progressiva, ao contrário do que ocorre na síndrome do

estresse respiratório. Ao raio x, pequenas áreas arredondadas, radiolucentes, que alternam com

áreas de densidade irregular, lembrando uma esponja. O tratamento inclui suporte nutricional,

restrição hídrica, oxigenoterapia e medicações, como diuréticos, a princípio (hidroclorotiazida,

espironolactona e furosemida, se necessário), broncodilatadores e, em último caso, corticoide

(dexametasona).

Outras complicações são pneumotórax, retinopatia da prematuridade, persistência do canal

arterial e hemorragia intraventricular.

3. Taquipneia transitória do recém-nascido

ͳ Tem início precoce, com taquipneia mais importante do que dispneia e mais comum em RN

a termo; principalmente nos nascidos de parto cesárea sem que o trabalho de parto tenha

se iniciado;

ͳ A cianose é frequentemente resolvida com pouco oxigênio;

ͳ Não é comum associar-se a hipoxemia, hipercapnia e acidose;

ͳ Dura até 72 horas, e o raio x de tórax não tem padrão reticulogranular;

ͳ O tratamento é feito com suporte metabólico, oxigenoterapia e oferta hídrica.

4. Síndrome de aspiração meconial

Trata-se de uma doença caracterizada por graus variáveis de insuficiência respiratória, mais

comum em gestações acima de 37 semanas, na pós-maturidade, no retardo de crescimento in-

trauterino, no feto com apresentação pélvica e na asfixia perinatal. É fundamental a presença de

líquido amniótico meconial no parto.

A - Manifestação clínica

ͳ Taquipneia, retrações intercostais, gemido e cianose;

ͳ Possível evolução com pneumotórax ou pneumomediastino;

ͳ Hiperinsuflação; à ausculta, temos estertores de médias e grossas bolhas difusos e expira-

ção prolongada;

496 SIC Resumão REVALIDA

ͳ Raio x de tórax que mostra infiltrado grosseiro, aumento do diâmetro anteroposterior e

retificação do diafragma.

B - Tratamento e prevenção

ͳ Intubação para aspiração direta das vias aéreas nos RNs com depressão respiratória;

ͳ Tratamento da pneumonia que consiste em suporte e manejo do estresse respiratório;

ͳ Possivelmente, hipertensão pulmonar, que exige tratamento adequado com óxido nítrico,

podendo ser útil o surfactante.

Alterações do sistema digestivo

do recém-nascido

- Enterocolite necrosante

ͳ Típica de prematuros;

ͳ Caracterizada por necrose de trecho do intestino, com acúmulo de gás na submucosa da

parede entérica (pneumatose intestinal);

ͳ Possível evolução com perfuração, sepse e morte;

ͳ Ligada à associação de isquemia intestinal, alimentação por via oral e organismos patogêni-

cos; como principal fator de risco, a prematuridade extrema, com peso de nascimento <1.500g.

A - Manifestação clínica

ͳ Início nas 2 primeiras semanas de vida;

ͳ No trato gastrintestinal, aumento de resíduo gástrico, distensão e dor abdominal, vômitos

biliosos, sangue nas fezes, diminuição de ruídos hidroaéreos, queda do estado geral e sinais

toxêmicos.

B - Diagnóstico

Raio x abdominal que mostra pneumatose intestinal (trata-se de um sinal de gravidade impor-

tante) e ausência de ar no reto. A presença de ar na veia porta sugere doença grave com perfura-

ção intestinal, pneumoperitônio que indica perfuração.

C - Tratamento

ͳ Jejum completo por 7 a 14 dias, sonda gástrica aberta (descompressão), nutrição parente-

ral precoce, suportes metabólico e ventilatório conforme necessário, antibioticoterapia com

cobertura para Gram positivos e negativos e anaeróbios;

ͳ Avaliação do cirurgião; pneumoperitônio indica intervenção cirúrgica.

D - Prevenção

ͳ Alimentação inicial com leite materno;

ͳ A prevenção da asfixia perinatal reduz a incidência de enterocolite;

ͳ Administração de corticoide antenatal com efeito protetor.

498 SIC Resumão REVALIDA

ͳ Os níveis de bilirrubina indireta variam de 10 a 30mg/dL;

ͳ A suspensão do aleitamento por cerca de 2 dias resolve a hiperbilirrubinemia;

ͳ É considerada consequência da presença de glucuronidase no leite materno;

ͳ É diferente da icterícia do aleitamento materno, que é mais precoce e está relacionada à

baixa ingestão, que acarreta desidratação e redução da ingestão calórica.

c) Kernicterus

ͳ Síndrome resultante da deposição de bilirrubina não conjugada nos gânglios da base e no

tronco cerebral;

ͳ Devido à interação entre os níveis de bilirrubina indireta, à passagem por meio da barreira

hematoencefálica e à suscetibilidade do neurônio à lesão;

ͳ Manifestações clínicas:

  • Letargia, dificuldade de alimentação e perda do reflexo de Moro. Evolui com prostração

e diminuição global dos reflexos. Podem acontecer convulsões e espasmos, e muitos

evoluem para óbito;

  • Síndrome completa: coreoatetose, com espasmos musculares involuntários, sinais

extrapiramidais, convulsões, deficiência mental, disartria e alteração da audição.

D - Tratamento

ͳ A despeito da causa, o objetivo é tratar a concentração de bilirrubina indireta elevada no

sangue;

ͳ O tratamento consiste em fototerapia e, em caso de fracasso, exsanguineotransfusão.

Abordagem de hiperbilirrubinemia em RN a termo, sadio e sem hemólise

Idade Fototerapia Fototerapia e preparo paraexsanguineotransfusão Exsanguineotrans-fusão

<24 horas * * * 24 a 48 horas 15 a 18 ≥25 ≥ 49 a 72 horas 18 a 20 ≥30 ≥

72 horas >20 ≥30 ≥ 2 semanas ** ** **

  • Icterícia em <24 horas não é vista em Recém-Nascidos (RNs) saudáveis; quando presente, sempre indica fototerapia, cuja indicação varia com o peso da criança. A exsanguineotransfusão é realizada em níveis acima de 20 em qualquer idade. ** A icterícia de aparecimento súbito após a 2ª semana ou que continua após esse período deve ser investigada para afastar doenças graves como galactosemia, hipotireoidismo ou hepatite neonatal.

ͳ Fototerapia:

  • Profilática: indicada para prematuros extremos e de baixo peso, o que diminui a incidência

de exsanguineotransfusão e o pico máximo de bilirrubina; seu uso é controverso;

  • Complicações: diarreia, rash macular eritematoso, excesso de aquecimento e desidrata-

ção, além da síndrome “do bebê bronzeado”, quando há aumento também da bilirrubina

direta em fototerapia.

ͳ Exsanguineotransfusão:

  • Indicada quando o risco de kernicterus supera o do procedimento ou quando já há sinais da

síndrome;

PEDIATRIA 499

  • Complicações:

* Acidose;

* Anormalidades eletrolíticas;

* Hipoglicemia;

* Trombocitopenia;

* Excesso de volume;

* Arritmias;

* Enterocolite necrosante;

* Infecção;

* Morte.

Alterações sanguíneas

1. Anemia no recém-nascido

A anemia que aparece nos primeiros dias de vida é frequentemente resultado da doença he-

molítica do recém-nascido.

2. Doença hemolítica neonatal (eritroblastose fetal)

Causada pela passagem transplacentária de anticorpos maternos ativos contra antígenos das

hemácias do feto, leva à destruição das hemácias fetais.

3. Doença hemolítica do recém-nascido

A - Por incompatibilidade Rh

ͳ A gestante Rh negativo é sensibilizada a partir do contato com o sangue Rh positivo;

ͳ A partir do 1º contato, a gestante passa a produzir anticorpos contra o antígeno D do grupo

Rh, inicialmente IgM e mais tarde IgG, que atravessam a barreira placentária e são os cau-

sadores das manifestações hemolíticas;

ͳ É rara durante a 1ª gestação, pois a sensibilização costuma ocorrer próxima ao parto, sem

tempo suficiente para se completar o processo e o feto sofrer as consequências. Porém, é

comum gestações terminadas em abortamentos naturais serem suficientes para sensibi-

lizar o organismo materno. A próxima gestação, às vezes a 1ª viável, já apresenta risco de

manifestações hemolíticas;

ͳ Prevenção: gamaglobulina anti-D (RHOGAM) aplicada à gestante após cada gestação Rh

positivo;

ͳ Manifestações clínicas:

PEDIATRIA 501

ͳ Manifesta-se por cianose, letargia, pletora, taquipneia, hiperbilirrubinemia, hipoglicemia e

trombocitopenia;

ͳ Complicações: convulsões, hipertensão pulmonar, enterocolite necrosante e falência renal;

ͳ Tratamento: exsanguineotransfusão parcial com soro fisiológico.

5. Hemorragia no recém-nascido

ͳ Doença hemorrágica do RN:

  • É consequente de redução dos fatores II, VII, IX e X, que normalmente ocorre em torno de

48 a 72 horas de vida; naturalmente, tais fatores retornam para níveis normais com 7 a

10 dias de vida;

  • A deficiência de vitamina K está relacionada à ausência de flora intestinal bacteriana no

RN na 1ª semana de vida e à falta de vitamina K livre na mãe, cujo leite, portanto, é fonte

pobre dessa vitamina;

  • O quadro clássico responde muito bem à oferta intravenosa de vitamina K em casos sin-

tomáticos e à prevenção com a aplicação intramuscular de 1mg dessa vitamina ao nasci-

mento;

  • Deve ser diferenciada dos quadros de coagulação intravascular disseminada, de deficiên-

cia de outros fatores de coagulação não vitamina K-dependentes e da síndrome “do san-

gue deglutido”.

Recém-nascido de mãe diabética

1. Fisiopatologia

Hiperglicemia materna leva a hiperglicemia fetal, a qual desencadeia hiperinsulinismo, que

acarreta acidose. Ao nascimento, a queda brusca da oferta de glicose pela placenta, não acompa-

nhada pelo hiperinsulinismo fetal, leva a hipoglicemia nas primeiras horas de vida.

2. Manifestações clínicas

ͳ Macrossomia;

ͳ Hipoglicemia nas primeiras horas de vida;

ͳ Maior incidência de desconforto respiratório, devida ao efeito antagônico da insulina na

síntese de surfactante endógeno;

ͳ Cardiopatia e falência cardíaca;

ͳ Maior frequência de malformações congênitas, principalmente cardiopatia e agenesia lom-

bossacra.

502 SIC Resumão REVALIDA

3. Prognóstico

Maior risco de diabetes mellitus.

4. Tratamento

ͳ Controle da glicemia materna no pré-natal;

ͳ Monitorização da glicemia do recém-nascido;

ͳ Correção imediata da hipoglicemia, mesmo que assintomática, se necessário;

ͳ Push de glicose, seguido por velocidade contínua de glicose (VIG).

Infecções no período neonatal

1. Infecções bacterianas – sepse

ͳ Diante da rotura das membranas, pode haver a contaminação do feto por organismos aeró-

bios e anaeróbios, por via ascendente. Período maior de 18 horas de rotura das membranas

corresponde a risco muito aumentado de infecção neonatal;

ͳ No caso das infecções tardias, as fontes mais comuns de contaminação do neonato hospita-

lizado são as mãos dos profissionais de saúde;

ͳ As infecções precoces são as adquiridas antes do nascimento ou durante, com manifesta-

ção, no máximo, em 48 horas;

ͳ As infecções tardias são adquiridas após o nascimento, no berçário, na Unidade de Terapia

Intensiva (UTI) neonatal ou na comunidade;

ͳ RN do sexo masculino tem 2 vezes mais risco de sepse do que um do sexo feminino. Entre

prematuros, o sexo não interfere na incidência;

ͳ Infecção nosocomial é definida como qualquer infecção após a admissão em UTI neonatal e

está relacionada ao uso de dispositivos invasivos;

ͳ As bactérias que mais comumente provocam infecção neonatal são os estreptococos do

grupo B, os organismos entéricos, os gonococos e as clamídias;

ͳ Os vírus mais relacionados são citomegalovírus, herpes-simples e HIV.

A - Diagnóstico

ͳ A infecção fúngica ou bacteriana será diagnosticada pelo isolamento do micro-organismo,

por meio de culturas;

ͳ Relação de formas imaturas/neutrófilos totais >0,2 sugere infecção bacteriana;

ͳ A trombocitopenia é um indicador não específico.

504 SIC Resumão REVALIDA

Agentes

etiológicos Manifestações clínicas^ Diagnósticos^ Tratamentos^

Sequelas/

prognósticos

Toxo- plasmose congênita

Toxoplasma gondii

  • Doença mais severa se infecção nos primeiros trimestres de gestação;
  • Restrição de crescimen- to, anemia, icterícia, hepatoesplenomegalia, calcificações cranianas, coriorretinite, hidrocefalia, microcefalia;
  • Tétrade de Sabin – hidro- cefalia ou microcefalia, retinocoroidite bilateral macular ou perimacular, calcificações cerebrais intraparenquimatosas e retardo mental.

Sorológico

Sulfadiazina (100mg/kg/d, 12/12h), por 1 ano, e pirime- tamina: ataque com 2mg/kg e manutenção com 1mg/kg/d, por 6 meses; depois, dias alternados, e por 1 ano ácido folínico 10mg, 3x/sem

  • Alteração da acuidade vi- sual;
  • Convulsões;
  • Retardo men- tal;
  • O tratamento materno não reduz a infec- ção do feto, mas diminui as sequelas;
  • O tratamento do feto pós- natal melhora o prognóstico.

Herpes- simples

Herpes tipos 1 e 2

  • Microcefalia;
  • Hidroanencefalia;
  • Meningoencefalite.

Imunofluores- cência ou isola- mento do vírus em secreções, reação em cadeia da polimerase (PCR)

Aciclovir 60mg/ kg/d IV, 8/8h, por 14 dias (reduz a mortali- dade, mas não a morbidade)

Microcefalia, coriorretinite, cegueira, espas- ticidade e retar- do mental

Sífilis congênita

Treponema pallidum

  • Anemia;
  • Plaquetopenia;
  • Hepatoesplenomegalia;
  • Secreção nasal mucossan- guinolenta;
  • Pênfigo palmoplantar;
  • Coriorretinite, fundo de olho “em sal e pimenta”;
  • Osteocondrite em os- sos longos e cranianos, pseudoparalisia de Parrot (dificuldade de mobilização dos membros por dor que melhora após antibiotico- terapia).

Sorológico (toda mãe VDRL po- sitivo necessita de pesquisa de treponema – IgM positivo, VDRL positivo no liquor – e radio- lógico – lesões em ossos longos)

Penicilina G cris- talina 50.000UI/ kg/dose, 12/12h IV, na 1ª semana de vida, e, após, de 8/8h, por 10 dias, ou penici- lina G procaína 50.000UI/kg IM, dose única por 10 dias

  • Surdez;
  • Retardo mental.

Rubéola congênita

DNA vírus da família Togaviridae

  • Diminuição do risco de contaminação com o avan- ço da gestação;
  • Possivelmente assintomática;
  • Síndrome da rubéola con- gênita: catarata, cegueira, surdez neurossensorial, retardo mental, malforma- ções cardíacas.

Sorológico Sem tratamento específico

Deficiência auditiva e alteração na linguagem, no desenvolvimento motor e na cognição

PEDIATRIA 505

Nutrição do lactente

1. Definições importantes

Alimentação complementar adequada e oportuna

Iniciada como complemento ao aleitamento materno a partir dos 4 aos 6 meses de vida com dietas adequadas Alimentos complementares ou de transição

Oferecidos à criança como complementação ao leite materno a partir dos 4 aos 6 meses de vida; nunca antes do 4º mês

Alimentos in natura

Ofertados e consumidos em seu estado natural, sem alterações industriais que mo- difiquem suas propriedades físico-químicas (textura, composição, propriedades or- ganolépticas – leites e frutas) Aleitamento materno exclusivo

Oferta de leite materno diretamente da mama ou extraído, e nenhum outro líquido ou sólido, com exceção de medicamentos Aleitamento materno predominante

Oferta de, além do leite materno, água ou bebidas à base de água, como sucos de frutas e chás Aleitamento materno complementado

Oferta de leite materno, diretamente do seio ou extraído, mesmo que esteja rece- bendo qualquer alimento ou líquido, incluindo leite não humano Observação: uma alimentação infantil adequada compreende aleitamento materno + alimentos introduzidos no momento ade- quado para complementação.

2. Introdução

Para melhorar e normatizar a alimentação infantil, a Organização Pan-Americana da Saúde/

Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde do Brasil elaboraram e recomendaram os

“10 passos para uma alimentação saudável” para crianças menores de 2 anos.

Passo 1 Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chá ou quaisquer outros tipos de ali-mentos.

Passo 2 A partir dos 6 meses, introduzir, de forma lenta e gradual, outros tipos de alimento, mantendo o leite materno até os 2 anos.

Passo 3 Após os 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas, legu-mes), 3 vezes ao dia se a criança receber leite materno e 5 vezes se estiver desmamada.

Passo 4 A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horário, respeitando a vontade da criança.

Passo 5 A alimentação complementar deverá ser espessa desde o início e oferecida com colher. Começa-se com alimentos pastosos e gradativamente se aumenta a consistência, até chegar à alimentação da família.

Passo 6 Oferecer à criança diferentes alimentos no dia; uma alimentação variada é também uma alimentação colorida.

Passo 7 Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.

Passo 8 Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas no 1º ano de vida e usar sal com moderação.

Passo 9 Cuidar da higiene no preparo e no manuseio dos alimentos e garantir o seu armazenamento e a sua conservação adequados.

Passo 10 Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.