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Este documento discute a anatomia da glândula mamária e o processo de lactação, bem como os benefícios da amamentação para a saúde do bebê e da mãe. Também são apresentadas as contraindicações à amamentação e as orientações para pediatras e obstetras. O texto destaca a importância da prolactina e da ocitocina na lactação e como o choro do bebê pode estimular a descida do leite. Além disso, são mencionados estudos que relacionam a amamentação a um possível desenvolvimento cognitivo.
Tipologia: Resumos
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Amamentação
Cada glândula mamária madura é composta por 15 a 25 lóbulos que são dispostos radialmente, separados por gordura. Cada lóbulo é formado por vários lóbulos, que por sua vez são constituídos por um grande número de alvéolos. Cada alvéolo é provido de um pequeno ducto que se une a outros para formar um único ducto para cada lóbulo. O epitélio secretor alveolar sintetiza os vários componentes do leite. Após o parto, os seios começam a segregar o colostro, que é um líquido amarelo-limão. Em comparação com o leite maduro, o colostro contém mais minerais e proteínas, mas menos açúcar e gordura. Essa secreção de colostro persiste por cerca de cinco dias, com a conversão gradual para o leite maduro durante as quatro semanas seguintes. Os anticorpos são demonstráveis no colostro, e seu conteúdo de imunoglobulina A (IgA) pode oferecer proteção para o recém-nascido contra patógenos entéricos. Outros fatores de resistência do hospedeiro que são encontrados no colostro e no leite incluem complemento, macrófagos, linfócitos, lactoferrina, lactoperoxidase e lisozimas. O leite humano é uma suspensão de gordura e proteína em uma solução de hidrato de carbono-mineral. A prolactina é essencial para a lactação. Apesar de a prolactina plasmática cair após o parto para os níveis mais baixos do que durante a gravidez, cada ato de sucção provoca aumento nos níveis. A neuro-hipófise secreta ocitocina de forma pulsátil, e isso estimula a expressão do leite de uma mama em lactação, causando contração das células mioepiteliais. A descida do leite pode ser provocada até mesmo pelo choro do bebê e pode ser inibida pelo medo ou estresse. Pesquisas, já há muito tempo, apontam que a alimentação com leite humano diminui a incidência e/ou gravidade de diarreia, infecção respiratória baixa, otite média, bacteremia, meningite
bacteriana, botulismo, infecção do trato urinário e enterocolite necrosante. Existe uma série de estudos que mostra um efeito protetor possível de alimentação com leite humano contra a síndrome da morte súbita infantil, diabetes melito insulinodependente, doença de Crohn, colite ulcerativa, linfoma, doenças alérgicas e outras doenças do aparelho digestivo crônicas. A amamentação também tem sido relacionada a uma possível valorização do desenvolvimento cognitivo. A American Academy of Pediatrics (AAP) reafirma sua recomendação de amamentação exclusiva por cerca de seis meses, seguindo-se a continuidade da amamentação com a introdução de alimentos complementares. Pediatras e obstetras desempenham um papel crítico como defensores do aleitamento materno e devem informar sobre os riscos à saúde dos não amamentados, os benefícios econômicos para a sociedade da amamentação e as técnicas de gerenciamento e suporte da díade amamentação. Existem poucas, mas importantes orientações quanto a contraindicações à amamentação: Infecção materna pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) – Mulheres que vivem em países ricos em recursos naturais devem ser aconselhadas a não amamentar se estiverem infectadas com Aids; Mulheres que são positivas para células T humanas de vírus tipo linfotrópico I ou II ou brucelose não tratada – Não devem amamentar nem fornecer o leite expressado aos seus bebês; Mulheres com lesões herpéticas mamárias – Não devem amamentar na mama afetada até que as lesões sumam, porque o contato direto com as lesões pode transmitir o herpes-vírus simples para a criança. As mães devem ter higiene cuidadosa das mãos e cobrir eventuais lesões com as
quais a criança possa entrar em contato; Mulheres que desenvolvem varicela cinco dias antes e dois dias após o parto – Devem ser separadas de seus filhos, mas o seu leite ordenhado pode ser usado para alimentá-los; Mulheres com tuberculose ativa – Não devem amamentar até que não estejam contagiosas (geralmente duas semanas após o início da terapia antituberculostática), porque a tuberculose é transmitida por meio de gotículas respiratórias, e não do leite materno. As mães podem bombear o leite materno e dá-lo à criança; Mulheres com gripe H1N1 – Devem ser separadas de seus filhos até que estejam afebris. As mães podem bombear o leite para ser dado à criança; Hepatite materna – É compatível com a amamentação após imunoprofilaxia adequada; Abuso de substâncias – O abuso de substâncias pelas lactantes não é uma contraindicação categórica à amamentação. No entanto, a amamentação é contraindicada em mães que estejam fazendo uso de drogas ilícitas, como fenciclidina, cocaína ou cannabis, por causa de preocupações de desenvolvimento em longo prazo para os seus filhos. Mães com histórico de abuso de drogas devem receber aconselhamento e devem ser monitorizadas para a evidência de reincidência enquanto amamentam; Ingestão de álcool – Pode mascarar a resposta da prolactina à amamentação e pode afetar o desenvolvimento motor da criança. Como resultado, a ingestão de álcool materna deveria ser minimizada ou descontinuada; Tabagismo – Apesar de o tabagismo materno não ser uma contraindicação absoluta para a amamentação, deve ser fortemente desencorajado, pois ele está associado a risco aumentado de
síndrome da morte súbita do lactente e alergia respiratória infantil; Medicamentos maternos – A maioria (mas não todos) dos fármacos terapêuticos é compatível com a amamentação; os medicamentos devem ser revistos caso a caso para potenciais contraindicações; Galactosemia na criança – A galactosemia, um erro inato do metabolismo, é uma contraindicação absoluta à amamentação. Os lactentes com esse distúrbio são incapazes de utilizar galactose, um componente de açúcar, a lactose, presente no leite humano. O acúmulo de galactose leva a consequências adversas, incluindo insuficiência de crescimento, disfunção hepática, catarata e deficiência intelectual (retardo mental). Mães de crianças assintomáticas que são positivas para galactosemia no teste de rastreio inicial devem interromper a amamentação imediatamente; Outros erros inatos do metabolismo, como a fenilcetonúria – Podem ser compatíveis com a amamentação parcial, mas os níveis sanguíneos infantis de fenilalanina ou outros metabólitos devem ser monitorizados, e a amamentação deve ser ajustada para se manterem níveis seguros. Estrogênios e inibidores da prolactina, como bromoergocriptina, podem ser utilizados para inibir a lactação, mas não estão isentos de paraefeitos, como eventos tromboembólicos, hipertensão grave, convulsões, acidente vascular encefálico e infarto do miocárdio. As mães, especialmente aquelas que nunca amamentaram, devem receber instruções de um profissional treinado sobre a mecânica da amamentação que incluam o posicionamento da criança na mãe, a vedação dos lábios da criança ao mamilo e grande parte da aréola da mama e a transferência de leite. Com uma pega adequada, a língua da criança alonga o mamilo e comprime os seios lactíferos abaixo da aréola contra o seu palato duro, o que facilita o acesso aos ductos de leite além da base do mamilo. A mãe deve sentir
Depressão pós-parto
O pós-parto é um período de alto risco para a ocorrência de episódios ansiosos e depressivos. De fato, durante os primeiros dias após o parto, as mães podem apresentar sintomatologia do blues pós- parto: fadiga, ansiedade, sono desordenado e mudança de humor. A depressão pós-parto caracteriza-se por mudança de humor, ansiedade, irritabilidade, depressão, pânico e fenômenos obsessivos. A prevalência exata depende dos critérios utilizados para a detecção. Os primeiros sintomas geralmente aparecem entre a 4ª e a 6ª semana pós-parto. No entanto, a depressão pós-parto pode começar a partir do momento do nascimento, ou pode resultar de uma evolução contínua desde a gravidez. A intensidade dessa patologia no pós-parto é um fator de risco que pode perturbar o desenvolvimento neonatal. Por isso, é importante que os profissionais de saúde estejam atentos a esses sintomas.
A depressão pode ocorrer em 10 a 20% das mulheres após o nascimento de seus filhos. Em um estudo com 352 mães realizado em uma área rural de Portugal, foi encontrada uma prevalência de 13,1% de depressão pós-parto medida em 2 e 5 meses após o nascimento. Nesse estudo, utilizou-se uma versão traduzida da escala de Edimburgo (EPDS – Edinburgh Postnatal Depression Scale). As mulheres com mais filhos e as dos grupos socioeconômicos mais baixos estavam em maior risco. Em um estudo de coorte realizado em Recife (PE), foram entrevistadas 1.121 mulheres durante a gestação e 1.057 após o parto com o objetivo de analisar a associação entre gravidez indesejada e depressão pós-parto. A frequência de gravidez não intencional nesse grupo foi de 60,2%, e 25,9% apresentaram sintomas de depressão pós- parto, o que alerta para o risco de depressão nessa situação. Essa alteração do humor no puerpério, geralmente autolimitada, ocorre por problemas na adaptação da mãe ao nascimento do bebê. São fatores de risco: história de depressão em gestações ou puerpérios anteriores, gestação indesejada, eventos traumáticos na gestação e no parto, baixo suporte social, baixo nível socioeconômico, adolescência, história de síndrome pré-menstrual com sintomas depressivos ou presença de transtornos de humor ou mentais prévios, tabagismo ou drogas ilícitas e hiperêmese gravídica. Em alguns casos, pode ocorrer agravamento importante com aparecimento de sintomas psicóticos com risco ao recém-nascido e à própria paciente. O tratamento consiste em aconselhamento com terapeutas treinados, grupos de ajuda e/ou medicações antidepressivas seguras para o período da amamentação. Com relação às opções de tratamento, pesquisas têm utilizado técnicas de tratamento psicofarmacológico, psicossocial, psicoterápico e tratamentos hormonais, além da eletroconvulsoterapia (ECT), indicada para casos mais graves ou refratários a outras formas de tratamento. A decisão de se oferecerem tratamentos às gestantes é um processo complexo que
envolve uma interação constante entre paciente, família, obstetra e psiquiatra. Em relação aos psicofármacos que podem ser usados, os antidepressivos tricíclicos estão há muito tempo em uso, e sua segurança tem sido estabelecida ao longo dos anos, particularmente a amitriptilina (risco B pela classificação do Food and Drug Administration [FDA]: sem evidência de risco em humanos. Ou os achados em animais demonstram risco, mas os achados em humanos não, ou, se estudos adequados em humanos não têm sido realizados, achados em animais são negativos). Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRSs), em geral, também têm tido sua segurança bem estabelecida ao longo do tempo, embora tenham, obviamente, menos tempo de mercado do que os tricíclicos. A fluoxetina é largamente usada e tem risco B; alguma restrição ficaria por conta de sua meia-vida, que é bastante longa e, em uma eventual necessidade de retirada, o fármaco ainda permaneceria algum tempo no organismo. A paroxetina, que até recentemente era bastante utilizada em gestantes, teve a sua segurança contestada em artigo de Williams e Wooltorton, que apontou risco teratogênico bastante importante para esse medicamento, que está sendo reclassificado como risco D (evidência positiva de risco. Dados de investigação ou relatados posteriormente mostram risco ao feto. Ainda assim, potenciais benefícios podem ter mais valor do que o risco em potencial), devendo ser, portanto, utilizada em último caso. Particularmente seguros e cada vez mais utilizados são a sertralina e o citalopram, com o estabelecimento de sua segurança cada vez maior (risco B). Com relação aos medicamentos estabilizadores do humor e anticonvulsivantes, o carbonato de lítio (risco D) é associado a malformações, em particular cardiovasculares – especialmente à anomalia de Ebstein – , e o seu uso é proibido no primeiro trimestre de gestação. Pode ser utilizado no segundo e terceiro trimestres com clara indicação, esgotadas outras possibilidades. Carbamazepina e oxcarbazepina têm risco C associado, mas
parecem ser a melhor opção, particularmente para o primeiro trimestre, já que o valproato/divalproato atravessa facilmente a placenta e tem sido ligado a algumas malformações, em particular à espinha bífida (risco D). Fenitoína também tem risco D, pois atravessa a membrana fetal e é associada a síndrome fetal hidantoínica, caracterizada por retardo do crescimento, retardo mental, defeitos faciais, hirsutismo, anomalias cardiovasculares, urogenitais e gastrintestinais. Fenobarbital tem clara implicação teratogênica (risco D). Na classe dos antipsicóticos, a risperidona tem mais tempo no mercado e não lhe têm sido atribuídos efeitos teratogênicos, embora ainda apresente risco C. Quetiapina e olanzapina também têm alguma segurança associada (risco C), pois não se fez ainda nenhuma associação de teratogenicidade. A quetiapina pode ser interessante por sua falta de ação sobre a prolactina, assim como a clozapina (risco B), particularmente segura, mas com a limitação da farmacovigilância relacionada à agranulocitose, além de efeitos hipotensores e grande sedação. O haloperidol e as fenotiazinas (levomepromazina, clorpromazina) apresentam segurança relativamente bem- estabelecida, pelo tempo de mercado que possuem (risco B). Os benzodiapínicos têm tido alguma teratogenicidade associada, embora os dados sejam controversos pela sua frequente associação com álcool e drogas ilícitas. Alprazolam não traz relatos formais de teratogenicidade (risco C). Diazepam e lorazepam, se usados no último trimestre, podem levar a recém-nascidos hipotônicos ou com lentificação de respostas, incluindo- se o reflexo para mamar; por isso, seriam classificados como risco D. Clonazepam apresenta relativa segurança e recebe a classificação C. Atualmente, muitos antidepressivos estão sendo estudados em relação à lactação, e os ISRSs foram os menos presentes no leite materno. Entre eles, a sertralina e a paroxetina parecem ser as melhores alternativas. Também foram considerados seguros (de baixo risco) os seguintes