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Rulamentação do profissional de Educaçao Física , Manuais, Projetos, Pesquisas de Educação Física

LIVRO - movimentos e impactos da regulamentaçao da profissão de Educaçao Fisica na pratica pedagogica.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2010

Compartilhado em 14/08/2010

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Os Bastidores da
Regulamentação do
Profissional de
Educação Física
Renan de Almeida (Org.)
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Baixe Rulamentação do profissional de Educaçao Física e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Educação Física, somente na Docsity!

Os Bastidores daRegulamentação doProfissional deEducação FísicaRenan de Almeida (Org.)

Os Bastidores da regulamentação do profissionalB 326 de educação física/ Renan de Almeida (org)Vitória, ES : UFES, Centro de EducaçãoFísica, 2002.138 p.1.Mercado de Trabalho, 2. Educação Física,3. Educação Física – Regulamentação.1. Almeida, Renan de.

CDU: 796

Apresentação De acordo com o projeto do tipo do tipo de globalizaçãoque se tem implantado na sociedade contemporânea, vemosdois movimentos contraditórios:^ o^ primeiro^ expande

as fronteiras geográficas e gera as condições para que o capitalliberte-se de todo e qualquer tipo de amarras, com isto - capitalsem pátria e volátil - viabiliza-se a propagação da imagem domoderno, da ousadia, da liberdade e do fim das coibições.Por^ outro,^ ressurge^ a^ importância

da^ inauguração^ de formas alternativas de sociabilidade e de organização social,sobretudo daquelas que devem manter laços com o Estado -ainda preso aos interesses de classe - consagrando, por esta,a idéia que a organização é cada vez mais um instrumento dedefesa de interesses.Aparentemente,^ nada d^

muito importante,^ não^ fosse o retorno ao refugio às formas mais escusas de corporativismocom a “idéia” de organização social. Isto é, um mercado detrabalho caótico - dada à própria natureza do sistema - algunsdizem^ “EUREKA!”,^ e^ se^ encontra

a^ fórmula^ de^ promover interesses^ de^ um^ grupo^ pouco^ informado^ acerca^ das conseqüências^ referentes^ à^

um^ modelo^ de^ intervenção^ de política educacional para o país, mas bastante “esperto” nadefesa de interesses privados de alguns e de empresas que searrogam o direito (ilegítimo) de lidar com questões de formaçãohumana,^ e,^ inclusive^ com^ a^

formação^ para^ o^ exercício^ da profissão inclusa no processo pedagógico das instituições deensino.Em nada me surpreende a atitude anunciada de que oMinistério Público Federal pediu o fechamento do ConselhoRegional de Educação Física do Estado do Rio de Janeiro eEspírito^ Santo^ (CREF-1)^ ainda

na^ semana^ passada.^ A alegação do Ministério é a de que, estando regulamentado a

profissão^ de^ professor^ de^ Educação

Física^ desde^ 1998,^ o CREF-1 (sob chancela do CONFEF) resolveu criar um “cursode nivelamento” para quem não fez faculdade.Curiosa^ esta^ iniciativa^

do^ CREF-1,^ ainda^ mais^ se soubermos que era o próprio presidente da unidade do Rioquem ministrava as aulas. Então, nada mais justo do que oMinistério Público determinar a devolução das anuidades pagasno valor de R$ 80,00 pelos seus quase sete mil inscritos, alémde cancelar a afiliação dos profissionais de ioga, dança e artesmarciais.Este já me parecia um caminho previsível a ser tomadapor esta entidade que vem se proliferando no Brasil, sobretudo,as custas de uma formação nada cidadã, que é produzida apartir da escola primária no país. Porque é a ausência senso-crítico que torna profícuo um campo de especulação financeirae do ganho fácil para os que se põe como “espertalhões deplantão”.Mais o pior é ver como os lobistas das empresas privadasde equipamentos esportivos, publicações e dos “fazedores dediplomas”^ vêm^ ganhando^ poder

em^ barganhar^ junto^ do Ministério da Educação e Cultura os impropérios acerca dasDiretrizes^ Curriculares^ de^ Licenciatura

e^ Graduação^ (!),^ na formatação dos ditos “Provões”, no estabelecimento das áreasde intervenção do profissional formado em Educação Física eno^ equacionamento^ dos^ que

eles^ -^ da^ maneira^ mais presunçosa^ possível^ -^ vem chamando^ de^ qualidade^ na formação e no exercício ético e competente da profissão.Pasme! Logo quem?Destoando^ do^ coro^ dos

contentes^ e^ dos^ passivos,^

o Centro^ de^ Educação^ Física^

e^ Desportos^ da^ Universidade Federal do Espírito Santo, incentiva a publicação dos textosque seguem, entendendo que só as atitudes sensatas temlugar legitimo na veiculação da informação. Pois é dentro doaceite da pluralidade no debate, que os engodos sucumbem àfalta de argumento.

REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO E MOVIMENTONACIONAL CONTRA A REGULAMENTAÇÃO DOPROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA

1 (^2) Hajime Takeuchi Nozaki (^) O objetivo deste texto é apresentar, sucintamente,contrapontos e contradições do processo de regulamentaçãoda profissão de educação física, sobretudo no que diz respeitoao seu atual estágio de formação dos Conselhos Regionais.Um segundo ponto a ser abordado é a^ apresentação do Movimento Nacional Contra a Regulamentação do Profissionalde^ Educação^ Física^ (MNCR),

seu^ surgimento,^ seus pressupostos de luta e condições atuais para o enfrentamentoda questão instaurada. 1. Contrapontos à regulamentação em sua atual fase^ O contraponto central de nossas considerações emrelação ao processo da regulamentação da profissão, e que semantém vigente mesmo depois da aprovação da lei 9696/98, éa análise de que tal processo tem se amoldado ao atual estágiodo^ desenvolvimento^ histórico

capitalista,^ não^ trazendo, portanto, avanço nenhum aos trabalhadores de forma geral, eespecificamente^ os^ da^ educação

física.^ O^ capitalismo^ tem como^ característica^ atravessar

várias^ crises^ estruturais,^ ou seja,^ próprias^ do^ seu^ sistema,

e^ assim^ sendo,^ tenta sufocadamente,^ a^ cada^ nova

manifestação^ de^ crise^ de superprodução, superá-la reordenando suas formas. A formaneoliberal é um exemplo típico desta afirmativa, pois surge natentativa de sair de uma crise que teve seu apogeu nos anos70/90,^ provocada^ pelo^ Estado

de^ Bem-Estar^ Social,^ que 1 Texto produzido para a para a Semana Acadêmica da UFES. 2 Professor Assistente do Departamento de Desportos da UniversidadeFederal de Juiz de Fora e membro do Movimento Nacional Contra aRegulamentação do Profissional de Educação Física.

financiou o capital privado pelo fundo público, apoiando-se empolíticas^ de^ assistências^ sociais,

tais^ como^ aumento^ da empregabilidade, seguro desemprego, previdência social, entreoutras (FRIGOTTO, 1996).Os inimigos centrais do neoliberalismo eleitos comoculpados^ pela^ crise^ do^ capital

foram,^ desta^ feita,^ além^ do Estado intervencionista do modelo keynesiano, os supostosmaiores favorecidos neste modelo, ou seja, os trabalhadores,principalmente aqueles organizados na forma dos sindicatos(ANDERSON, 1995; GENTILI, 1996). Assim sendo, o grandecombate político do neoliberalismo manteve-se na recuperaçãoda economia inflacionária, fundamentalmente a partir do cortedos^ gastos^ públicos,^ e^ ataque

aos^ direitos^ e^ organização trabalhistas.^ Como^ conseqüência

deste^ reordenamento^ da política^ neoliberal^ e^ do^ avanço

tecnológico^ nos^ setores produtivos,^ percebeu-se^ também

uma^ reconfiguração^ do mundo do trabalho. Aumentou-se o número de desempregoestrutural,^ bem^ como^ o^ trabalho

nos^ setores^ de^ bens^ e serviços,^ contudo^ com^ um^

caráter^ de^ precariedade^ de condições, por meio de contratos temporários, subempregos,ou^ seja,^ modelos^ que^ não^

mantiveram^ os^ ganhos^ sociais conquistados historicamente pelos trabalhadores (ANTUNES,1995).Regulamentar a profissão no intuito de resguardar umdito mercado das atividades físicas não formais é, portanto: a)desconsiderar as questões concretas que cercam este campo,ou seja, que este mercado é um mercado da precariedade, queo^ mais^ importante^ é^ criar^ condições

concretas^ de^ trabalho nessas esferas; b) não se opor ao neoliberalismo, com elecoadunar, na medida em que utilizamos nossas forças paradisputar^ fatias^ deste^ trabalho

precário^ com^ outros trabalhadores, ou seja, aceitar o que há de mais perverso nocapitalismo:^ a^ tese^ da^ exclusão;

c)^ não^ se^ preocupar^ em organizar os trabalhadores na luta de classes: única formapossível de romper com o sistema capitalista, e, portanto com aalienação do trabalho.

serem^ estabelecidos^ pelo^ Conselho

Federal^ de^ Educação Física”^ (BRASIL, 1998). Ou seja, a retirada dos ditos leigos domercado das atividades não formais, que se tornou a bandeirado^ Movimento^ Nacional^ para

a^ Regulamentação,^ não conseguiu efetivar-se no corpo do texto lei conquistada.Por outro lado, no intuito de conseguir um mínimo deduas^ mil^ assinaturas^ para^ a

efetivação^ de^ cada^ Conselho Regional, os agentes mobilizadores logram, neste momento,suas^ investidas^ em^ torno^ dos

professores^ das^ escolas,^ de forma legalista, autoritária e coercitiva, contrariando o própriodiscurso inicial, que dizia respeito ao campo não-formal. Comoexemplos desta assertiva, observamos no Brasil a prática dedivulgação de panfletos que dizem respeito à ilegalidade (

sic! ) da atuação dos professores nas escolas sem o dito registro, aarticulação com secretarias municipais e estaduais no sentidodelas solicitarem tal registro, seja para os efetivos, como paraas novas contratações, bem como as ameaças de não entregade diplomas a formados sem a devida inscrição no Conselho.Ou^ seja,^ neste^ momento,^ são

os^ próprios^ professores^ e estudantes^ que^ apoiaram^ e^

subscreveram^ o^ PL^ 330/95^ os novos alvos de ataque do processo da regulamentação. 2.^ O^ Movimento^ Nacional^ Contra

a^ Regulamentação^ do Profissional de Educação Física^ O Movimento Nacional Contra a Regulamentação doProfissional de Educação Física (MNCR) veio amadurecendodesde^ as^ primeiras^ discussões

críticas^ apresentas^ ao^ PL 330/95 (CASTELLANI FILHO,

op.cit. ; FARIA JUNIOR,^ et.al.

1996; FERREIRA, 1996; NOZAKI, 1997; PALAFOX, TERRA,1996).^ Apoiado^ sempre^ nas

discussões^ promovidas^ pelo Movimento^ Estudantil^ de^ Educação

Física^ (MEEF),^ e^ por algumas^ Secretarias^ Estaduais

do^ Colégio^ Brasileiro^ de Ciências do Esporte (CBCE), o MNCR foi deflagrado no XXEncontro^ Nacional^ dos^ Estudantes

de^ Educação^ Física (ENEEF), em agosto de 1999, na cidade de Recife.

A partir do tema^ “Socialismo X Capitalismo, quemestá em crise?: repercussões do papel social da educaçãofísica” , o encontro pautou-se por discutir, além da questão dosocialismo^ enquanto^ projeto^ histórico

orientador^ dos movimentos^ organizados,^ temas

emergentes^ da^ educação física tais como o da regulamentação da profissão, no que dizrespeito à formação dos Conselhos Regionais de EducaçãoFísica. Um grupo de sistematização encarregou-se de aglutinarvárias propostas retiradas em encontros regionais e remetê-lasà plenária final. Houve ainda uma mesa, dentro do evento, como caráter de debater e socializar informações a respeito dotema. Assim, após 3 anos de debate e ações articuladas, oMEEF aprovou em sua plenária final a deflagração do MNCR,apontando^ um^ caráter^ amplo,

com^ diversas^ categorias (estudantes e professores) e entidades organizadas (CBCE,APEF's, Sindicatos...).Em^ vista^ do^ desenrolar

dos^ acontecimentos^ do referido encontro, um grupo de professores críticos também àquestão da regulamentação, reuniu-se no interior do evento,também^ com^ o^ intuito^ de^ ajudar

a^ organizar^ este^ legítimo Movimento. Compreendeu este grupo, que o MNCR deveriapartir dos seguintes princípios: a)^ Ser contrário à Tese da Regulamentação da Profissão,entendendo-a^ como^

uma^ tese^ fragmentária^

e corporativista, portanto, ser também contrário a qualquertentativa de disputa eleitoral em qualquer instância dosConselhos, seja ele Federal ou Regional. b) Construir um Movimento de caráter amplo, com o conjuntoda categoria dos professores, bem como dos estudantes etrabalhadores de um modo geral, tornando-o de âmbitonacional.Como estratégia de divulgação do Movimento, optou-se por torná-lo público no XI Congresso Brasileiro de Ciênciasdo Esporte (CONBRACE), realizado em outubro de 1999, nacidade^ de^ Florianópolis.^ Por^ esta

ocasião,^ para^ além^ da divulgação e adesão de vários professores e estudantes ao

“Certos de que é preciso somar esforços para lutar,diariamente, contra a sociedade do mercado (que põesempre o lucro/dinheiro a frente das pessoas) e a favorde uma sociedade mais JUSTA, onde a dignidade nãoseja tratada com moeda de troca e onde todos os benssocialmente produzidos e historicamente acumulados(entre^ eles^ a^ Educação^ Física

&^ Esportes)^ seja^ de acesso a todo e qualquer cidadão é que afirmamos:NÃO A TODO PROCESSO DE REGULAMENTAÇÃODA PROFISSÃO! Lutamos pela defesa dos direitos econquistas^ da classe^ trabalhadora. LUTAMOS

PELA

REGULAMENTAÇÃO^ DO^ TRABALHO

de^ forma^ a garantir a todo trabalhador (empregado ou não) direitosbásicos^ como:^ Estabilidade,

Férias,^ Salário^ e Aposentadoria dignos, etc.)”^ (MNCR, 1999). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo.

In:^ SADER, Emir;^ GENTILI,^ Pablo^ (org).

Pós-neoliberalismo.^ As políticas sociais e o estado democrático

. São Paulo: Paz e Terra, 1995.ANTUNES Ricardo L.^ Adeus ao trabalho?: ensaio sobre asmetamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho

3 ed. São Paulo: Cortez, 1995. o^ o^ BRASIL.^ Lei n^ 9696, de 1^ de Setembro de 1998. Dispõesobre^ a^ regulamentação^ da

Profissão^ de^ Educação Física^ e^ cria^ os^ respectivos

Conselho^ Federal^ e Conselhos^ Regionais^ de^ Educação

Física.^ Brasília: Congresso Nacional, 1998.CASTELLANI^ FILHO,^ Lino.^ Teses

acerca^ da^ questão^ da regulamentação^ da^ profissão.

In:^ Colégio^ Brasileiro^ de

Ciências do Esporte: Boletim Informativo

. Santa Catarina: ano XVIII, n.3, p.6-14, set.-dez., 1996.FARIA JUNIOR, Alfredo Gomes de. et al. O velho problema daregulamentação: contribuições críticas à sua discussão. Revista^ Brasileira^ de^ Ciências

do^ Esporte.^ Santa Catarina: 17(3):266-272, 1996.FERREIRA,^ M.^ G.^ Educação^ física:

regulamentação^ da profissão e esporte educacional ou... neoliberalismo e pós-modernidade: foi isto que nos sobrou?

Revista Brasileira de Ciências do Esporte.^ Santa Catarina: v.18, n.1, p.47-54, set., 1996.FRIGOTTO, Gaudêncio.^ Educação e crise do capitalismoreal. São Paulo: Cortez, 1996.GENTILI,^ Pablo.^ Neoliberalismo^

e^ educação:^ manual^ do usuário.^ In:^ SILVA,^ Tomas^ Tadeu

da,^ GENTILI, Pablo. Escola S.A.: quem ganha e quem perde no mercadoeducacional do neoliberalismo.

Brasília, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, 1996.MOVIMENTO^ NACIONAL^ CONTRA

A^ REGULAMENTAÇÃO

DO^ PROFISSIONAL^ DE^ EDUCAÇÃO

FÍSICA^ (MNCR).

Manifesto contra a regulamentação do profissional deeducação^ física,^ pela^ revogação

da^ lei^ 9696/98.^ In: http://homepages.msn.com/TwentiesCir/mncr/, 1999.NOZAKI, Hajime Takeuchi. Regulamentação da profissão: oembate de duas perspectivas_._^

Caderno de Debates :^ 5:36- 40, 1997.

REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA:A face podre da burocracia.^ Renato Sampaio Sadi

1 Quanto mais se entope de perfume,Mais aumenta o cheiro putrefatoNada mais fermenta nesse estrumeE no entanto, nada é mais amado. (Golpe de Estado)^ INTRODUÇÃO^ O título deste ensaio abrange a Educação Física noque diz respeito à área profissional e

acadêmica, além de incorporar o debate sobre o processo de regulamentação doprofissional^ e criação dos^ conselhos federal e regionais. Otema^ da^ burocracia^ é^ o^

mote^ para^ a^ discussão^ da regulamentação da Educação Física. Baseado neste tema e,no contexto de (des)regulamentações da atualidade brasileira,pretendo polemizar intenções e conseqüências dos diferentesprojetos^ envolvidos,^ a^ saber:

o^ projeto^ de^ manutenção^ do status-quo representado pelo neoliberalismo no país e o projetode ruptura/transformação da ordem estabelecida, representadopelos setores oposicionistas/progressistas.Parece-me que não só o profissional e sua recenteprofissão foram regulamentados: a Educação Física, de formageral, foi igualmente enquadrada no caldo sócio-político-culturaldas^ novas^ práticas^ sociais,

destacadamente^ aquelas relacionadas^ ao^ setor^ de^ serviços

tendo^ o^ mercado^ como mediação fundamental, práticas solidificadas nos anos noventa 1 Renato Sampaio Sadi, 38, é professor de Educação Física e doutorem Educação: História, Política, Sociedade pela PUC-SP.

pelo tripé desestatização/desregulamentação/desproteção dos^2 direitos sociais.^ Este enquadramento faz parte da anarquia dosistema^ vigente,^ mas^ é^ também

resultado^ intencional^ de extração^ de^ lucro^ das^ mais

variadas^ formas^ neste^ setor heterogeneizado, complexificado e emergente que tem sido aEducação Física nos anos noventa em diante.

3 Mesmo considerando o processo de regulamentaçãodo profissional de Educação Física como uma arena espúria echeia de contradições, busco respostas mais profundas para overdadeiro sentido desta regulamentação, isto é, a partir dela,quais as conseqüências (negativas e positivas) para a áreaprofissional e acadêmica? Afinal, quais são os objetivos nãoexplicitados pelo conselho federal, capazes de conformar umnovo quadro para a área? Reserva de mercado, fiscalizaçãosobre o trabalho,^ promoção^ de^ competências

profissionais diante^ dos^ usuários^ dos^

serviços^ de^ atividade^ física, 2 Segundo Luis Fernandes (1995:54) a desestatização se contrapõe àintervenção demasiada do Estado na economia. Empresas estatais emistas^ nesta lógica, devem ser privatizadas; a desregulamentaçãoreduz o controle estatal sobre a economia e a gestão da sociedade. Háperda de domínio no campo financeiro, fim das barreiras alfandegáriase^ um ataque^ político-ideológico

ao^ “burocratismo^ do^ Estado”;^

à desproteção^ dos^ direitos^ sociais

são^ contrapostos^ direitos fragmentados, particularistas. 3 A Regulamentação da Educação Física é histórica e, na perspectivado projeto dominante da burguesia, necessária para o desenvolvimentoda área, da luta contra a crise instalada, da ambição, do lucro, davalorização individual e profissional entre outras questões. O termo“regulamentação” bastante conhecido no interior da Educação Físicafoi^ muito^ estudado^ pela^ via^ legalista

dos^ documentos,^ decretos, pareceres^ etc^ e^ pouco^ abordado

pelos^ significados^ políticos^ e ideológicos dos projetos em disputa. Aqui refere-se ao

enquadramento dessa^ nova^ esfera^ que^ é^ a^ Educação

Física,^ como^ possibilidade mercadológica e/ou de serviços.

de^ fazer^ e^ conduzir^ a^

política.^ O^ ser^ político^ no desenvolvimento de sua aprendizagem e qualificação orienta-se com base em seus seguidores, pessoas mais experientesque transmitem/socializam o conhecimento político. Analisar aconjuntura política é explicitar o ordenamento hierárquico dasdiferentes linhagens políticas em disputa, como se pensa ecomo^ se^ faz^ política.^ O^ exemplo

deve^ vir^ de^ cima,^ da concepção à ação, do projeto à realidade. O atual governo jádeu inúmeros maus exemplos sobre postura e ética na política.Não se pode dizer que é um governo digno de respeito e/ouinsuspeito nas atitudes. Para governar é necessário preservar aimagem^ de^ honestidade^ e^

firmeza^ nas^ ações^ políticas. Atualmente, a roubalheira, corrupção e os piores exemplos vêmmanchando a política brasileira e a visão que os estrangeirostem do país. Estelionato, seqüestro, tráfico de entorpecentes,remessas^ de^ grandes^ quantias

para^ paraíso^ fiscais,^ entre tantas outras sacanagens, formam o caótico quadro de capitalconcentrado na mão de poucos e do sentido trágico da vida demuitos.^ São^ ramificações^

danosas^ para^ a^ sociedade, confinadas num espectro de violência putrefata espalhada portodo^ canto.^ Os^ burocratas^

de^ plantão^ não^ conseguem desvencilhar-se das amarras cotidianamente impostas sobresuas cabeças. Contribuem para formar o caldo sócio-cultural“esquecido”^ pelos^ veículos^ de

informação^ escrita^ e^ mídia eletrônica. Comenta-se sobre a injustiça social, o desnível entreo alto escalão do governo e o povo, privilégios de todo tipo masnão se fala em^ como^ distribuir a riqueza. As maravilhas domundo rápido e eficiente das novas tecnologias são realçadascomo progresso e desenvolvimento, porém não se discute emprofundidade^ a^ crise^ de^

estagnação^ vivida^ hoje^ pelo capitalismo.^ Nesse^ campo,^ abandona-se^ a^ perspectiva^ do socialismo como contraponto legítimo ao sistema vigente. Nãose aborda o tema do desemprego relacionando-o à múltiplasfunções do trabalho humano e às conseqüências irreversíveispara os desempregados. Quando abordado, o tema aparece

somente com o lado quantitativo. Os índices são mascarados eo fenômeno torna-se^ invisível.^ Hoje^ o^ mundo^ está^ marcado

pela^ estagnação,^ com raras exceções, como são a China e o esforçco deCuba, apesar do cerco norte-americano. É dominante opadrão^ capitalista^ de^ inédita

concentração^ e centralização^ do^ capital^ e^

extrema^ contenção^ do trabalho vivo, que gera uma leva de desemprego jamaisvista^ e^ combina^ a^ alta^ especulação

financeira^ com crescimento^ mínimo.^ A^

linha^ persistente^ de desvalorização^ da^ força^ de^

trabalho^ se^ traduz^ na intensificação do ritmo de trabalho exigido, regressãodas formas de trabalho, diminuição de salários, extinçãomassiva de postos de trabalho, anulação de conquistastrabalhistas, subcontratações etc. (Rabelo, 2002:02)^ A^ oligarquia^ financeira^ especula

em^ bolsas^ de valores/mercado de futuros. São mesas de apostas, "cassinos"para os milionários se divertirem, enquanto aqueles que vivemdo trabalho estão submetidos à penúria, ao sofrimento e àdesesperança.^ O^ desemprego,

visto^ sob^ o^ ponto^ de^ vista individual, é um massacre psicológico e um desastre objetivopara os chefes de família. As atuais ondas recessivas e deeconomia^ estagnada^ causam

os^ impactos^ imediatos^ da demissão e do fechamento de postos de trabalho. É o famosoenxugamento da folha de salários, triste crise visível a olho nu,contra a qual pouco se tem feito.^ Compõe o quadro de grave crise a confirmação de umatendência recessiva da economia mundial, acentuadapela deflagração da guerra atual. A Organização dasNações Unidas prevê um crescimento de apenas 1,5%para 2002 e nos 29 principais países do mundo essataxa não deve passar de 1% do Produto Interno Bruto.É^ uma^ situação^

de^ tênue^ equilíbrio:^ nemdesenvolvimento, nem colapso,^ com^ ocorrência^ degraves crises periódicas.^ Até^ quando?^ Dessa