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SEMINÁRIOS SOBRE VISÕES” “The Visions Seminars” Carl Gustav Jung PARTE X Seminários entre 25 de janeiro e 21 de junho de 1933.
Tipologia: Traduções
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“The Visions Seminars” Carl Gustav Jung PARTE 1 Seminários entre 30 de outubro e 5 de novembro de 1930. SPRING 1960 Observações : Esta obra foi traduzida pelo Prof. Dr. Petho Sándor, para uso restrito em grupos de estudos, em forma de apostila datilografada. Posteriormente o corpo do texto (os capítulos) foi gentilmente digitado pela psicóloga Nara Santonieri visando preservar e partilhar esse precioso material de estudos. No entanto, os números de páginas mencionados no sumário e no índice remissivo referem-se à paginação presente no formato original da tradução feita por Sándor. Mesmo assim essas sínteses foram adicionadas a este conjunto, pois podem ser úteis para orientar a sua leitura.
Primeiro Livro Senhoras e Senhores: devo explicar-lhes que estas palestras são, podemos dizer, sobre o desenvolvimento da função transcendente através dos sonhos e das imagens afetivas, as quais, em última instância, servem à síntese do indivíduo, à reconciliação dos pares de opostos e a todo o processo de formação do símbolo. Se o nosso destino é benevolente... Nossa paciente é uma mulher de aproximadamente 30 anos. Ela é altamente educada, muito inteligente, uma intelectual típica, com uma mente quase matemática. É, por formação, cientista natural e excessivamente racional. Tem muita intuição que realmente deveria funcionar, mas que é reprimida porque produz resultados irracionais, e isto é muito desagradável para a mente racional. Com uma atitude mental deste tipo alguém poderá traumatizar-se já bem cedo na vida, enfrentando uma situação onde esta atitude é inútil. Se o destino é benevolente, logo entrará num buraco bem apertado. Se ele não é benevolente, permitirá viver um longo tempo com tal atitude e assim perdem- se muitas oportunidades na vida. Bem, essa mulher entrou num buraco por volta dos trinta anos. Isto é muito bom, obviamente seu destino é benevolente. Ele lhe deu uma chance aos trinta anos. Outras pessoas têm essa chance apenas com 45 ou 50 anos. Tenho visto pessoas de 60 anos que finalmente descobriram ter visto apenas a metade do mundo, vivido apenas a metade das suas vidas o que, certamente, é uma descoberta muito dolorosa nesta idade. Esta mulher, porém, chegou ao outro lado do mundo aos 30 anos.
Por isso ocorre comumente o amor à primeira vista, a mais compulsória forma de amor. É natural que nossa paciente sofresse de alguns desses problemas, que significam o conflito último entre seu pensar racional e sua natureza primitiva. Eu omito intencionalmente detalhes pessoais, porque estes importam pouco para mim. Todos nós ficamos encantados por estas circunstâncias externas e elas distraem nossas mentes da coisa real que é o fato de que somos internamente cindidos... Muito naturalmente, estando em tal conflito incandescente, ela não sabia: o que fazer. Tentou todas as coisas usuais, esmagando-o insistindo que nunca pensou tal coisa, tentando colocar tudo isto fora da realidade e nada funcionou. Naturalmente assim não iria funcionar. E tornou-se um conflito moral, conjurando os Dez Mandamentos e Deus sabe o que ainda, mas nada funcionaria, nem mesmo a ira de Deus, porque ela estava contra um fato superior que realmente não era um elemento destrutivo. Esta foi a melhor coisa que poderia ter acontecido a ela, a bondade da Natureza que queria fazer dela uma totalidade e não algo meio-pronto. Depois que ela tinha feito todas as tentativas para esmagar o que entendeu ser a mais espantosa insensatez, finalmente desistiu e desmontou. Então ela soube da minha existência e pensou que eu poderia ser um indivíduo que conhecia alguma palavra mágica e então veio até mim, com muito da atitude da mulher primitiva que procura o pagé e diz: “pois bem, aqui está uma galinha preta e, se você quiser, eu lhe trarei como oferenda, um bonito porco preto, e agora, por favor, atue com seus milagres sobre mim”. Naturalmente, tratando-se de uma pessoa muito intelectual, eu não tive problemas em lhe mostrar que cometera um engano com tal atitude. Ela logo
estava no caminho certo e entendeu que isto dependia inteiramente dela e, que nenhum milagre poderia ser realizado nela. Eu falei: “eu não sei o que fazer, não tenho a mais leve idéia de como resolver tal problema... A única coisa que posso dizer é que certamente os seres humanos passaram pela mesma situação milhões e milhões de vezes em incontáveis milhões casos. É uma situação típica, você sabe que estas situações amorosas são as mais banais, e em cada geração as respostas conscientes diferem”. A mente do ser humano, sua consciência da psique, é um sistema de métodos de adaptação de como lidar com esses fatos recorrentes na vida. Por exemplo, nós temos olhos porque existe o sol. Nossos olhos e ouvidos são sistemas de adaptação e a nossa psique é exatamente o mesmo, adaptada não apenas às condições exteriores, mas também aos conflitos internos. Os motivos mitológicos contêm uma série de situações tipicamente humanas, como o tema de contos de fadas segundo o qual um homem cai numa armadilha em algum lugar, ou os anões o capturam e isolam numa área de onde ele não pode escapar, e então à noite vem um ratinho e fala com ele dizendo “se você fizer isto e isto, então você pode escapar”. Este é o motivo do animal auxiliador intervindo quando tudo é impossível e quando as pessoas esperam uma catástrofe – é uma ajuda para sair de um canto apertado. O que esses animais significam? São meramente representantes de forças inferiores instintivas no ser humano e úteis da mesma forma. Por exemplo: quando eu não sei onde há água, então devo observar o vôo dos pássaros e isto me mostra onde ela está, ou posso dizer a meu cavalo: “não sei onde há água, mas você pode fareja-la”. Ou se não há por perto animais que possam ajudar, devemos examinar o solo com uma vara e talvez o inconsciente dirá, onde está a água. Estes são os fatos.
maior parte do seu sentimento no inconsciente. O sonho traz este problema. Assim, tocar música significa dar vazão a seus sentimentos, compensar sua atitude predominantemente intelectual. Pois mesmo na análise ela capta as coisas predominantemente sob um ponto de vista intelectual e usa muito pouco seus sentimentos, porque eles não são manejáveis, não são disponíveis na realidade. Por conseguinte ela os usa no sonho. Como um exemplo, havia, na antiguidade, um homem muito racional, e este era o velho Sócrates. Ele tinha um tipo de demônio jocoso que lhe sussurrava conselhos muito sábios... Em uma ocasião, provavelmente depois de uma noite muito tensa de conversas racionais, o demônio falava: “Tu deves fazer mais música, Sócrates!” Ele não pode entender isto. Pensou muito e finalmente comprou uma flauta! É bastante óbvio que a música naqueles dias significava, por certo, o elemento dionisíaco que era bem um assunto de sentimento, bastante oposto à comum atitude racional de Sócrates. Assim os Senhores vêem que minha paciente, podemos dizer, foi avisada para tocar música... Mas quando ela tenta mostrar seus sentimentos, usar seus próprios sentimentos, então repentinamente torna-se evidente que todos os membros da família estão contra isto. “Tal coisa terrível não deve ocorrer em nossa família!” Ela insiste que, a despeito dos membros desta “sagrada família, ela continuará a “tocar” seus sentimentos; mas há um judeu rico que toca muito melhor que ela e, portanto, ela desiste. Mas como estes sentimentos podem se desenvolver se ela não pode usa-los? Ela tem que admitir pateticamente que irá exercita-los justamente para aviventá-los , e naturalmente tudo ao seu redor – todos os membros da sua família – será contra isto, propondo a ela que não tenha seus sentimentos. Mas então algo
sutil ocorre, isto é, a oposição da família não a faz parar, mas o fato de que alguém toca melhor música, isto a faz parar. Então, o que o judeu rico significa? Isto está um pouco oculto. Primeira sugestão: O judeu representa autoridade. Dr. Jung: Mas qualquer pessoa que tocasse melhor que ela, teria autoridade. Ele poderia ser, por exemplo, um grande artista. Segunda sugestão: Ele representa beleza e amor à arte... Terceira sugestão: Amor ao poder? Dr.Jung: Bem, há uma conexão muito mais imediata. A religião dele não é a religião do Novo Testamento. E esta mulher é uma protestante da linha puritana. Nós temos que nos aprofundar um pouco mais na psicologia da religião protestante... Vejam, o protestante é como um judeu: em seu inconsciente nós encontramos um judeu... Por exemplo, meu bisavô materno era um protestante muito piedoso e ele acreditava que a língua falada no céu era a hebraica e, portanto, ele era professor da língua hebraica... Vejam, ele queria se preparar, ser um tipo de anjo guardião que entendia a língua da comunidade celestial. Poderíamos dizer que, de outro lado, ele era um judeu do Velho Testamento. E esta também é a razão pela qual eles deram, naquele tempo, nomes judeus às crianças. Aquilo não tinha nada a ver com o Novo Testamento. Era o judeu dentro deles. De fato, toda a configuração mental do protestante mostrou que ele acreditava na autoridade, ele estava absolutamente
se particularmente atento; parece que você não esteve suficientemente consciente e não cuidou de seus tesouros; não cuidou, vamos dizer, durante certo tempo, de seu sentimento; alguma parte infinitesimal de você mesma foi deixada inconsciente e instantaneamente o Animus a tomou, ingeriu-a, e ficou forte de novo e começa a argumentar”. Por exemplo, algumas vezes ocorre que uma mulher me mostre seus sentimentos de uma maneira particularmente agradável – me dá algumas flores ou algo do gênero. Mas quando ela tem outra vez o impulso para fazer isso, emerge o pensamento: “Dr. Jung conhece tantas mulheres, todas gentis para com ele, todas as mulheres têm transferências e lhe mandam flores, portanto, por que eu deveria fazer isso?” e ela deixa passar. Isto é alimento para o Animus. Pode ser coisa muito insignificante, uma quantité négligeable , mas ela deveria ter dito algo, expressado um sentimento, me agradecido por alguma coisa, por exemplo. Instantaneamente o sentimento afasta-se, vai para o inconsciente e a omissão deste pequeno impulso de sentimento desenvolve- se na mais mordaz discussão se se é suficientemente tolo para permitir isto. A única coisa que um homem pode fazer é dizer sim, e puni-la com o desapontamento. Então ela repentinamente descobre que tem sido a vítima de um espírito seu. Há um poema alemão muito bonito, na verdade uma canção popular, sobre um pequeno corcunda que segue uma menina; em todo lugar que ela vai, lá está ele, e fala algo mau que desmancha seu prazer; uma espécie de fantasma sussurrante que assim pinga seu veneno. Este é o Animus.
Neste sonho a coisa muito sutil que ocorre é que ela não é interrompida em sua música pelo impedimento real de seus parentes, ou por suas próprias idéias expressas por eles, mas por um fator nela mesma – aquela figura de Animus que emerge tocando uma música muito mais maravilhosa do que ela poderia. Isto vem do fato de que. Psicologicamente, ela não domina sua função inferior. Do mesmo modo, uma pessoa com o sentimento diferenciado nunca está completamente de posse de seu pensar, mas é repentinamente possuída por um pensamento; ele assenta no seu cérebro como um pássaro e não vai embora quando ela assim o deseja, nem vem quando ela deseja que ele venha. A função inferior é só natureza. Não nos obedece, embora possa faze-lo parcialmente. Por exemplo, eu posso conversar com essa senhora sobre seu filho, sobre tudo que a interesse, sobre seus livros, e ela tem a mesma tonalidade de sentimento. Lá o sentimento é permitido, na medida em que é guiado pelo intelecto e sente de modo correto. Mas o sentimento que é permitido no consciente, os Senhores poderiam comparar àquela parte da natureza cultivada em seu jardim. É natureza, mas natureza escolhida pelos Senhores, de nenhum modo a força indomada e incontrolável da natureza numa floresta virgem. O resto da função, que na realidade é a parte mais admirável, não está sob o seu comando, não está sob o seu controle. Pertence à natureza, à natureza da alma, a todos aqueles reinos os quais possivelmente os Senhores não podem controlar porque são inconscientes. É como se eles estivessem sob o controle daquela poderosa figura misteriosa. Tal figura, a figura de Animus ou Anima, é sentida pelo primitivo, ou pela pessoa sem preconceitos que não pensa intelectualmente, como uma presença
tocar ele deva interrompe-la. Ela não deve permitir que ela a faça parar. Isto foi o que eu disse a ela. O médico que morava a beira-mar Sonho: “Eu ia à um médico que morava numa casa junto ao mar. Perdi o caminho e desesperadamente pedia às pessoas que me indicassem o caminho correto, de modo que eu pudesse chegar até ele”. Naturalmente, quando ela sonha com o médico, todos se inclinam a pensar que ele sou eu. Ela está sob os meus cuidados e, assim, isto se refere a mim. Bem, é engraçado, no entanto, que o inconsciente não diga isto mais definidamente. É natural que qualquer pessoa que analise sonhos de acordo com o ponto de vista de Freud diria que ele era eu, mas eu não estou tão certo. Se o inconsciente quisesse transmitir a idéia que este era o Dr. Jung, ele diria isso; então o próprio sonho, o qual não podemos criticar teria me introduzido. Mas o sonho diz “o médico à beira-mar”, e o lago de Zurique não é um mar. Portanto, há uma mudança na situação inteira e nós vemos que atrás das impressões da vida diária – atrás das cenas – outro quadro aparece coberto por um véu fino dos fatos atuais. Para entendermos os sonhos, temos que aprender a pensar assim. Não devemos julgar os sonhos pelas realidades porque, a longo prazo, isto não conduz a lugar algum. O sonho vive numa atmosfera que não é a nossa atmosfera neste mundo consciente é pesada e não há véus e se não prestamos atenção às realidades como tais, simplesmente elas nos tragam. Mas, por outro lado, tais realidades significam pouco; elas são algumas vezes tão finos véus que de uma vez
percebemos um quadro maior atrás dos véus dos fatos. Assim, os Senhores, vêem o que achamos importante aqui: este fato estupendo de que ela está realmente sob o meu tratamento, que eu tenho uma casa nas margens de um lago onde ela vem quase diariamente para ouvir novidades desagradáveis, tudo isto torna-se uma névoa. Podemos olhar através dela para outro quadro; para aquele médico no sonho cuja casa é à beira-mar, um tipo de paisagem heróica à beira-mar, diferente e grande. No sonho há a imensidão do oceano, uma vista extraordinária. Aqui, temos uma vista de poucas milhar, que nem vista, mas lá, é um horizonte tremendo. Também uma casa localizada à beira- mar é muito diferente de uma vila aqui à margem do Lago de Zurique; capta- se uma atmosfera inteiramente diferente. Além do mais, não se trata, na realidade, dela perder seu caminho. Ela não erra o caminho quando procura a minha casa. Ela está há dois meses sob o meu tratamento e mesmo que ela errasse o caminho, não haveria desespero em perguntar por ele. Mas esta casa é uma casa estranha, se este médico é um médico estranho, então ela pode errar o caminho; este é um país extenso e ela tem que lutar quase desesperadamente para encontrar o caminho para este lugar. Podem ver que este é o tipo de imagem arquetípica que nos leva de volta à épocas pré-históricas. Há um problema terrível... Ela sente-se enganada por um demônio ou, pode-se dizer, por um deus hostil. Em tal situação arquetípica ela não sabe o que fazer; procura, então, a ajuda de um pajé que tem estado lá desde a eternidade. Geralmente ele mora sozinho e num lugar inacessível... Vejam: o lugar escolhido é expressão da própria psicologia dela. Assim o pajé escolhe um lugar extraordinário e, quanto mais difícil de ser encontrado, melhor, pois certamente ele nunca está aí, ele está sempre em algum estranho canto do mundo, além dos mares... Para encontrar o pajé, esta mulher tem que
Se dissermos a ela: “Aparentemente você tem uma grande dificuldade em chegar até este doutor – quais são suas resistências para comigo?”, estaríamos no caminho errado, porque ela alegremente aceitaria este aspecto pessoal, veria uma abertura, e diria para si própria: “Este homem gosta de assumir o papel do Grande Curador. Eu entregarei a ele todo o meu material, mas ai dele se não se sair bem!” Ela teria alguém para responsabilizar se as coisas não acontecessem como deveriam. Assim, eu aprendi, através de experiência dolorosa, a interpretar sonhos corretamente. O curador é o Animus novamente, só que desta vez ele já não toca música, ele aparece sob o disfarce do médico, e mais tarde vocês verão que ele toma novamente diferentes formas. Nessa ocasião eu expliquei à senhora o que eu entendia acerca do Animus, e a relação entre o Animus e o inconsciente. Foto – pág 6 A paciente que relatou suas visões era CHRISTIANA DRUMMOND MORGAN (1897-1967). O retrato é de M. Aikan. Depois de 4 anos de trabalho psicoterápico com o Dr. C. G. Jung, tornou-se psicoterapeuta “leiga” nos Estados Unidos e colaborou com MURPHY na idealização dos testes T.A.T.
Descrevem-na como uma pessoa de integridade e sensibilidade notáveis. Relatava e ilustrava suas “visões” em vários “livros”. Os seminários foram anotados e, com a supervisão de JUNG, compilados por MARY FOOTE. Os conteúdos destes seminários de modo algum devem ser considerados como material para publicação “científica”. Demonstram, porém, os mais variados aspectos do modo de ver junguiano e por isso são de valor inestimável... (Nesse ponto a paciente foi apresentada e sua situação explicada. Imediatamente depois dessa sessão iniciaram-se suas primeiras visões. Como o Dr. Jung disse: “Ela se sentia muito sonolenta e deitou pensando que iria adormecer. Em vez disso entrou num estado sonado e com seus olhos internos mirava uma visão hipnagógica”. – Infelizmente o espaço não permite a apresentação de forma completa do material subseqüente. Suas visões iniciais têm um caráter introdutório e temos que nos limitar apenas à primeira. – Nota do Editor). O pavão nas costas de um homem Visão: Ela via um lindo pavão empoleirado nas costas de um homem, com o bico dirigido para a nuca. Ela, naturalmente, não entendia a imagem. Mas já que era extremamente simbólica, eu solicitei suas associações sobre o pavão. Ela disse que é o pássaro mais bonito quando abre sua cauda, tem olhos azuis, cores copiosas e
Observamos o mesmo em nós mesmos.No silêncio da noite, numa senda solitária, sentimos que alguém está, certamente, nos seguindo e olhamos para trás para vê-lo. Estando inteiramente sós em casa, depois de certo tempo ouvimos um ruído como se algo tivesse sido dito e temos a sensação de uma presença. Os primitivos buscavam a causa dessa sensação e expressavam-na como se fosse a sombra vivente. A sombra que está atrás de nós tornou-se uma idéia valiosa – o poder atrás de nós. Os gregos têm uma palavra bonita para isso, “sinopados”, o que significa “aquele que anda comigo e está atrás de mim”. Mas essa sombra, de modo algum é a mesma que nós denominamos assim, isto é, a falta de luz – antes é uma coisa vivente de grande mana , de grande poder. Por isso, se uma pessoa pisa nela, é algo muito perigoso; também é algo terrível se a sombra cai sobre alguém. Se você está sentado em qualquer lugar e o pajé anda por aí e sua sombra cai sobre você – em duas semanas você estará morto... Como estão vendo, para primitivo a sombra é carregada de mana. Com freqüência a sombra vem por causas mais simples, mas é misteriosa e não faz aquilo que nós estamos fazendo, tendo qualidades diferentes. Por exemplo: pode estender-se muito longe, às vezes por várias milhas e às vezes desaparece como um fantasma. Não é possível toca-la. Descrevem-na como um vento frio e dizem que os fantasmas são sombras. HADES é o mundo da sombra e as sombras têm lá sua moradia. Houve a idéia: se alguém morrer, tornar-se-á uma sombra e vestirá asas e um invólucro de penas. Podem ler no Gilgamesh sobre os lugares tristes onde as almas têm também tais invólucros. Aqui também, o pavão assume o papel de uma espécie de fantasma que se apodera do homem. Mas nós temos que nos ater à nossa hipótese original de
que esse é o Animus de novo, que este homem está dentro dele e agora a visão diz que atrás do seu homem, atrás do Animus, há um novo princípio que o possea. É o seu gênio que está atrás dele, semelhante ao gavião do Rei ou à águia de Zeus. Esse é o pavão-fantasma do desabrochar, da beleza, da primavera – de tudo que é simbolizado pelo pavão. É quase uma visão profética, difícil de ser traduzida. Por isso eu prefiro me ater bem à imagem mesma. Há aqui mais um pormenor para o qual gostaria de chamar a sua atenção: é o fato de que o pavão dirige seu bico à nuca do homem. Nisto existe uma sutil ameaça. Pensa-se: se o homem fizer algo que não deva, o pavão seria capaz de mata-lo. Nessa posição imaginamos que o pavão atinge uma área vital ao quebrar o pescoço do homem. Sugere que o homem está sendo controlado pelo inconsciente através daquele ente poderoso. Se alguém tentar traduzir esta visão hipnagógica em linguagem psicológica, terá que dizer que o Animus que vimos expressado pelo judeu rico, como doutor ou qualquer outro, na realidade não é apenas Animus, mas este, de sua parte está controlado por uma coisa maior – pelo espírito de criação, do levantar do sol, do renascimento. E isto significa também: se ela mantiver o relacionamento adequado com o homem, poderia conseguir o renascimento mágico pela realização desse espírito que a controla, o “daimonion”. Pormenores nos sonhos e a independência do inconsciente Ao analisar os sonhos é sempre aconselhável entrar nos pormenores do simbolismo já que de forma alguma é indiferente: que espécie de símbolo escolhe o sonho. O meu ponto de vista é aqui diferente do da escola freudiana,