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VI - John Kenneth Galbraith, Notas de estudo de Economia

Grandes Economistas

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 31/03/2012

luiz-paloschi-10
luiz-paloschi-10 🇧🇷

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Grandes Economistas VI: A fina ironia de John Kenneth Galbraith
Contribuição de Luiz Machado*
11 de June de 2007
John Kenneth Galbraith nasceu no condado de Elgin, em Ontário, Canadá, no ano de 1908. Naturalizado norte-
americano, vive em Cambridge, Massachusetts, na área residencial da Universidade de Harvard, da qual é professor
emérito. Ainda lúcido, segue refletindo e escrevendo sobre os problemas econômicos da atualidade, com toda a
sabedoria acumulada ao longo de seus 97 anos de idade. Galbraith é um dos economistas mais lidos de todos os
tempos. 
"Especificamente, o planejamento industrial exige
que os preços estejam sob controle. A tecnologia
moderna reduz a segurança do mercado e aumenta
o comprometimento de tempo e capital que se exigem
na produção. Por essa razão, não se podem deixar os
preços aos caprichos do mercado não dirigido".
(John Kenneth Galbraith) 
John Kenneth Galbraith nasceu no condado de Elgin, em Ontário, Canadá, no ano de 1908. Naturalizado norte-
americano, vive em Cambridge, Massachusetts, na área residencial da Universidade de Harvard, da qual é professor
emérito. Ainda lúcido, segue refletindo e escrevendo sobre os problemas econômicos da atualidade, com toda a
sabedoria acumulada ao longo de seus 97 anos de idade.
Poucos (talvez nenhum) economistas tiveram uma influência tão forte sobre o meu interesse pela economia quanto
John Kenneth Galbraith. Seguramente porque ele possui uma qualidade muito rara entre os economistas: a de escrever
de forma clara e com estilo agradável, tornando prazerosa a leitura de seus inúmeros livros e artigos.
Este aspecto não escapou ao Prof. Gesner de Oliveira que, tendo a incumbência de fazer a apresentação de Galbraith
para a coleção Os Economistas, iniciou da seguinte forma:
Para vender um livro de Economia é preciso, muitas vezes, saber "dourar a pílula". Uma capa atraente, sumários que
prometam a síntese mais bem feita das grandes questões econômicas etc. Mas é provável que o leitor não especializado
se sinta frustrado logo nas primeiras páginas de seu novo produto. Sob títulos pomposos de "Teoria da Produção",
"Teoria do Capital" e "Teoria do Lucro" etc. não é raro surgirem textos áridos e abstratos que se remetam apenas
remotamente à discussão econômica cotidiana. Já alguns guias de leitura mais acessíveis são privados do aval de
qualidade e rigor científico da Academia.
A obra de John Kenneth Galbraith constitui uma notória exceção. Os redutos acadêmicos mais vetustos tiveram que
incluir seu nome, e seus livros dispensam qualquer esforço adicional de marketing por parte dos editores.
Segundo Galbraith, "há poucas idéias úteis em Economia, se é que há, que não se podem exprimir em linguagem
clara". Trata-se de um exagero. Não são muitos os que conseguem dar conta de objetos tão complexos quanto às
modernas economias industriais de maneira acessível.
Conselho Federal de Economia
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Grandes Economistas VI: A fina ironia de John Kenneth Galbraith

Contribuição de Luiz Machado* 11 de June de 2007

John Kenneth Galbraith nasceu no condado de Elgin, em Ontário, Canadá, no ano de 1908. Naturalizado norte- americano, vive em Cambridge, Massachusetts, na área residencial da Universidade de Harvard, da qual é professor emérito. Ainda lúcido, segue refletindo e escrevendo sobre os problemas econômicos da atualidade, com toda a sabedoria acumulada ao longo de seus 97 anos de idade. Galbraith é um dos economistas mais lidos de todos os tempos.

"Especificamente, o planejamento industrial exige

que os preços estejam sob controle. A tecnologia

moderna reduz a segurança do mercado e aumenta

o comprometimento de tempo e capital que se exigem

na produção. Por essa razão, não se podem deixar os

preços aos caprichos do mercado não dirigido".

(John Kenneth Galbraith)

John Kenneth Galbraith nasceu no condado de Elgin, em Ontário, Canadá, no ano de 1908. Naturalizado norte- americano, vive em Cambridge, Massachusetts, na área residencial da Universidade de Harvard, da qual é professor emérito. Ainda lúcido, segue refletindo e escrevendo sobre os problemas econômicos da atualidade, com toda a sabedoria acumulada ao longo de seus 97 anos de idade.

Poucos (talvez nenhum) economistas tiveram uma influência tão forte sobre o meu interesse pela economia quanto John Kenneth Galbraith. Seguramente porque ele possui uma qualidade muito rara entre os economistas: a de escrever de forma clara e com estilo agradável, tornando prazerosa a leitura de seus inúmeros livros e artigos.

Este aspecto não escapou ao Prof. Gesner de Oliveira que, tendo a incumbência de fazer a apresentação de Galbraith para a coleção Os Economistas, iniciou da seguinte forma:

Para vender um livro de Economia é preciso, muitas vezes, saber "dourar a pílula". Uma capa atraente, sumários que prometam a síntese mais bem feita das grandes questões econômicas etc. Mas é provável que o leitor não especializado se sinta frustrado logo nas primeiras páginas de seu novo produto. Sob títulos pomposos de "Teoria da Produção", "Teoria do Capital" e "Teoria do Lucro" etc. não é raro surgirem textos áridos e abstratos que se remetam apenas remotamente à discussão econômica cotidiana. Já alguns guias de leitura mais acessíveis são privados do aval de qualidade e rigor científico da Academia.

A obra de John Kenneth Galbraith constitui uma notória exceção. Os redutos acadêmicos mais vetustos tiveram que incluir seu nome, e seus livros dispensam qualquer esforço adicional de marketing por parte dos editores.

Segundo Galbraith, "há poucas idéias úteis em Economia, se é que há, que não se podem exprimir em linguagem clara". Trata-se de um exagero. Não são muitos os que conseguem dar conta de objetos tão complexos quanto às modernas economias industriais de maneira acessível.

Apesar de seu extraordinário êxito em termos editoriais - Galbraith é um dos economistas mais lidos de todos os tempos e seu livro, A era da incerteza, foi transformado pela BBC numa série em vídeo que foi transmitida em dezenas de países - seu enquadramento entre os maiores economistas contemporâneos está longe de se constituir numa unanimidade, tanto é que ele não foi até hoje agraciado com o prestigiado Prêmio Nobel de Economia, tema de interessante do artigo do Prof. David Warsh no livro Economic principals: masters and mavericks of modern economics.

Entre os motivos que podem explicar este "esquecimento" eu me arriscaria a destacar dois. O primeiro, mencionado por muitos analistas, seria decorrente da falta de contribuições originais de Galbraith para a evolução da teoria econômica. De acordo com essa linha de argumentação, ele seria muito mais um divulgador de idéias do que um proponente de alguma idéia que tenha se constituído num ramo de pesquisa de contribuição significativa para a economia. Além disso, Galbraith ousou escrever sobre temas muito variados, como se pode verificar na extensa lista de livros de sua autoria indicados no final deste artigo, não tendo tempo, por isso, para um trabalho mais sistemático e profundo sobre um mesmo tema. De certa forma, esse mesmo tipo de crítica foi feito a Stuart Mill, cuja importância para a evolução da teoria econômica também é questionada por alguns analistas (poucos, felizmente!). Procurarei pôr em xeque este motivo mais adiante, neste artigo.

O segundo, jamais admitido, seria conseqüência da combinação de dois fatores:

  1. a forma crítica com que ele se refere à chamada sabedoria convencional;

  2. ao estilo irônico e "politicamente incorreto" com que ele muitas vezes trata a economia e os próprios economistas.

Examinando um pouco a trajetória pessoal de Galbraith, cabe destacar desde logo que ele teve papel importante tanto na esfera real como na esfera acadêmica, não sendo, portanto, merecedor do incômodo rótulo de "economista desocupado", utilizado por alguns ministros menos polidos desgostosos por críticas que lhes são dirigidas. Tendo se especializado inicialmente em economia agrícola, foi diretor do Gabinete de Administração de Preços, em Washington, numa de suas primeiras funções exercidas em diferentes gestões do Partido Democrata. Nessa área, ligada à economia agrícola, foi também consultor da Federação dos Agricultores dos Estados Unidos.

No final da Segunda Guerra, Galbraith coordenou um amplo estudo governamental sobre as economias alemã e japonesa. Apesar de ter colaborado, como já assinalado, com diversas gestões do Partido Democrata, foi ao presidente John Kennedy - a quem conheceu em Harvard - que ele prestou colaboração mais efetiva, tendo exercido forte influência na formulação de seu programa de governo, além de ter sido embaixador dos Estados Unidos na Índia.

Essa destacada trajetória pessoal permitiu-lhe não apenas participar de grandes acontecimentos, mas também travar relações de conhecimento pessoal com alguns dos mais notáveis personagens da história do século XX, tais como os economistas John Maynard Keynes, Joseph A. Schumpeter, Paul M. Sweezy, Paul Baran, Wassily Leontief, W. W. Rostow e Theodore W. Schultz, o primeiro ministro da Índia, Jawaharlal Nehru, Harry Luce, um dos maiores nomes do mundo das comunicações, além de vários presidentes dos Estados Unidos. Memoráveis relatos desses acontecimentos e dessas e outras pessoas ilustres com quem ele travou relações podem ser vistos em três dos livros indicados ao final: Uma vida em nossos tempos; Uma visão de Galbraith sobre pessoas, políticos, poder militar e as artes; e Contando vantagem.

Na esfera acadêmica, Galbraith lecionou inicialmente na Universidade de Toronto. Depois de se radicalizar nos Estados Unidos, esteve em Berkeley, posteriormente em Princeton, para, finalmente, se fixar em Harvard, onde se tornou catedrático e professor emérito. Além das atividades já mencionadas nas esferas real e acadêmica, Galbraith também se dedicou ao jornalismo, escrevendo para a revista Fortune nos anos de 1943 e 1944. Foi ainda presidente da American Economic Association.

Obviamente, os responsáveis pela concessão do Nobel, que muitas vezes justificaram suas indicações nos últimos anos pelas contribuições de economistas que fazem amplo uso da econometria e de métodos quantitativos para estimações econômicas, não devem se sentir nem um pouco à vontade com a ironia contida nesse comentário.

A segunda citação encontra-se em A era da incerteza. A certa altura, Galbraith alerta para o fato de que raramente os economistas, quando se encontram, conseguem chegar a algum consenso. A seguir, conclui de forma arrebatadora: "O que é ótimo, pois é muito provável que estivessem todos errados".

É por essas e outras que considero a leitura dos textos de Galbraith uma das mais deliciosas experiências da minha carreira como economista. E, por que não, da minha admiração pela economia, ciência lúgubre, mas, acima de tudo, apaixonante e repleta de desafios.


Referências e indicações bibliográficas

GALBRAITH, John Kenneth. A economia e a arte da controvérsia. Tradução de Gilberto Paim. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura, 1959.

O desenvolvimento econômico em perspectiva. Tradução de Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura,

O novo estado industrial. Apresentação de Gesner José de Oliveira Filho. Tradução de Leônidas Gontijo de Carvalho. Revisão de Aldo Bocchini Neto. São Paulo: Abril Cultural, 1982 (Os Economistas).

A era da incerteza. Tradução de F. R. Nickelsen Pellegrini. 6ª ed. São Paulo: Pioneira, 1984.

Anatomia do poder. Tradução de Hilário Torloni. São Paulo: Pioneira, 1984.

Uma vida em nossos tempos. Tradução de Wamberto H. Ferreira. 2ª ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1986.

A sociedade afluente. São Paulo: Pioneira, 1987.

1929, o colapso da Bolsa. Tradução de Oswaldo Chiquetto da 5ª edição americana baseada na tradução de Carlos Nayfeld da 3ª edição americana. São Paulo: Pioneira, 1988.

O pensamento econômico em perspectiva: uma história crítica. Tradução de Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Pioneira/Editora da Universidade de São Paulo, 1989.

Uma visão de Galbraith sobre pessoas, políticos, poder militar e as artes. Selecionado e editado por Andrea D. Williams Tradução de Carlos Alberto Malferrari. São Paulo: Pioneira, 1989.

O professor. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo: Trajetória Cultural, 1990.

A cultura do contentamento. Tradução de Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Pioneira, 1992.

Uma breve história da euforia financeira. Tradução de Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Pioneira, 1992.

Uma viagem pelo tempo econômico. São Paulo: Pioneira, 1994.

Moeda, de onde veio, para onde foi. Tradução de Antonio Zoratto Sanvicente. Revisão de Janete Yunes Elias. 2ª edição atualizada. São Paulo: Thomson Pioneira, 1997.

Contando vantagem. Tradução de Flávia Villas-Boas. Rio de Janeiro: Record, 2000.

A economia das fraudes inocentes. Verdades para o nosso tempo. Tradução de Paulo Anthero Soares Barbosa. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

GALBRAITH, J. K. e SALINGER, Nicole. A economia ao alcance de quase todos. Tradução de F. Nickelsen Pellegrini. São Paulo: Pioneira, 1980.

GALBRAITH, J. K. e MENSHIKOV, S. Capitalismo, comunismo & coexistência: de um passado amargo a esperanças melhores. Tradução de Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Pioneira, 1988.

SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.

SCREPANTI, Ernesto e ZAMAGNI, Stefano. Profilo di Storia del Pensiero Economico. Roma: La Nuova Italia Scientifica, 1991, p. 403.

VEBLEN, Thorstein. A teoria da classe ociosa: um estudo econômico das instituições. Tradução de Olivia Krähenbühl. Apresentação de Maria Hermínia Tavares de Almeida. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Os Economistas).

WARSH, David. Why Galbraith wont receive the Nobel Prize. Em Economic principals: masters and mavericks of modern economics. New York, NY: The Free Press, 1992, pp. 123 - 126.

Referências e indicações webgráficas

http://cepa.newschool.edu/het/profiles/galbraith.htm

http://www.blupete.com/Literature/Biographies/Philosophy/Galbraith.htm