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Guias e Dicas
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XIII - Thomas Malthus, Notas de estudo de Economia

Grandes Economistas

Tipologia: Notas de estudo

2012

Compartilhado em 31/03/2012

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Grandes Economistas XIII: Malthus e o alerta demográfico
Contribuição de Luiz Machado*
06 de August de 2007
Thomas Robert Malthus nasceu no dia 14 de fevereiro de 1766, em Guildford, no condado de Surrey, Inglaterra, no seio
de uma próspera família. Seu pai, Daniel Malthus, era adepto dos ideais de Jean-Jacques Rousseau e amigo pessoal dos
pensadores David Hume e William Godwin. Faleceu em Bath, no dia 23 de dezembro de 1834. Malthus casou-se em
1804 e no ano seguinte tornou-se professor de História Moderna e Economia Política no Colégio da Companhia das
Índias Orientais, em Harleybury, onde, segundo Galbraith, também ensinaram "James Mill e seu prodigioso filho, Stuart
Mill". Foi, provavelmente, o primeiro professor de Economia Política, já que segundo Galvêas, "pelo menos parece ter
sido essa a primeira vez em que uma disciplina acadêmica recebeu tal denominação".
"O grau de prosperidade do povo não pode senão diminuir,
quando um dos mais fortes obstáculos ao ócio e ao
desperdício é então removido e quando os homens
são levados a casar com pouca ou nenhuma perspectiva
de poder sustentar uma família com independência."
Thomas R. Malthus
Thomas Robert Malthus nasceu no dia 14 de fevereiro de 1766, em Guildford, no condado de Surrey, Inglaterra, no seio
de uma próspera família. Seu pai, Daniel Malthus, era adepto dos ideais de Jean-Jacques Rousseau e amigo pessoal dos
pensadores David Hume e William Godwin. Faleceu em Bath, no dia 23 de dezembro de 1834.
1. Aspectos da vida
Tendo nascido em plena fase da industrialização da Inglaterra, Thomas Malthus recebeu em casa uma educação
francamente liberal, até ingressar no Colégio de Jesus, da Universidade de Cambridge, no ano de 1784, aos 18 anos
de idade. De acordo com Ernane Galvêas, na apresentação da coleção Os Economistas, Malthus estudou Matemática,
Latim e Grego, ao mesmo tempo em que recebia formação sacerdotal. Após graduar-se em 1788, obteve o grau de Mestre
em 1791. Dois anos depois, em 1793, foi admitido como pesquisador da instituição e, em 1797, recebeu as ordens
eclesiásticas, tornando-se Ministro da Igreja Anglicana. 
Malthus casou-se em 1804 e no ano seguinte tornou-se professor de História Moderna e Economia Política no Colégio da
Companhia das Índias Orientais, em Harleybury, onde, segundo Galbraith, também ensinaram "James Mill e seu
prodigioso filho, Stuart Mill". Foi, provavelmente, o primeiro professor de Economia Política, já que segundo Galvêas,
"pelo menos parece ter sido essa a primeira vez em que uma disciplina acadêmica recebeu tal denominação". 
Stanley Brue destaca duas grandes controvérsias na Inglaterra que atraíram a atenção de Malthus no período em que ele
desenvolveu suas idéias e escreveu seus livros: 
A primeira foi um aumento na pobreza e a controvérsia sobre o que fazer com isso. Em 1798, alguns dos efeitos
negativos da Revolução Industrial, bem como a urbanização crescente, estavam começando a aparecer. O desemprego e a
pobreza já eram problemas, criando necessidades de tratamento reparador. 
Conselho Federal de Economia
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Grandes Economistas XIII: Malthus e o alerta demográfico

Contribuição de Luiz Machado* 06 de August de 2007

Thomas Robert Malthus nasceu no dia 14 de fevereiro de 1766, em Guildford, no condado de Surrey, Inglaterra, no seio de uma próspera família. Seu pai, Daniel Malthus, era adepto dos ideais de Jean-Jacques Rousseau e amigo pessoal dos pensadores David Hume e William Godwin. Faleceu em Bath, no dia 23 de dezembro de 1834. Malthus casou-se em 1804 e no ano seguinte tornou-se professor de História Moderna e Economia Política no Colégio da Companhia das Índias Orientais, em Harleybury, onde, segundo Galbraith, também ensinaram "James Mill e seu prodigioso filho, Stuart Mill". Foi, provavelmente, o primeiro professor de Economia Política, já que segundo Galvêas, "pelo menos parece ter sido essa a primeira vez em que uma disciplina acadêmica recebeu tal denominação".

"O grau de prosperidade do povo não pode senão diminuir,

quando um dos mais fortes obstáculos ao ócio e ao

desperdício é então removido e quando os homens

são levados a casar com pouca ou nenhuma perspectiva

de poder sustentar uma família com independência."

Thomas R. Malthus

Thomas Robert Malthus nasceu no dia 14 de fevereiro de 1766, em Guildford, no condado de Surrey, Inglaterra, no seio de uma próspera família. Seu pai, Daniel Malthus, era adepto dos ideais de Jean-Jacques Rousseau e amigo pessoal dos pensadores David Hume e William Godwin. Faleceu em Bath, no dia 23 de dezembro de 1834.

  1. Aspectos da vida

Tendo nascido em plena fase da industrialização da Inglaterra, Thomas Malthus recebeu em casa uma educação francamente liberal, até ingressar no Colégio de Jesus, da Universidade de Cambridge, no ano de 1784, aos 18 anos de idade. De acordo com Ernane Galvêas, na apresentação da coleção Os Economistas, Malthus estudou Matemática, Latim e Grego, ao mesmo tempo em que recebia formação sacerdotal. Após graduar-se em 1788, obteve o grau de Mestre em 1791. Dois anos depois, em 1793, foi admitido como pesquisador da instituição e, em 1797, recebeu as ordens eclesiásticas, tornando-se Ministro da Igreja Anglicana.

Malthus casou-se em 1804 e no ano seguinte tornou-se professor de História Moderna e Economia Política no Colégio da Companhia das Índias Orientais, em Harleybury, onde, segundo Galbraith, também ensinaram "James Mill e seu prodigioso filho, Stuart Mill". Foi, provavelmente, o primeiro professor de Economia Política, já que segundo Galvêas, "pelo menos parece ter sido essa a primeira vez em que uma disciplina acadêmica recebeu tal denominação".

Stanley Brue destaca duas grandes controvérsias na Inglaterra que atraíram a atenção de Malthus no período em que ele desenvolveu suas idéias e escreveu seus livros:

A primeira foi um aumento na pobreza e a controvérsia sobre o que fazer com isso. Em 1798, alguns dos efeitos negativos da Revolução Industrial, bem como a urbanização crescente, estavam começando a aparecer. O desemprego e a pobreza já eram problemas, criando necessidades de tratamento reparador.

Vale lembrar, neste momento, que a Revolução Industrial inglesa foi pioneira e ocorreu espontaneamente, sem que houvesse, evidentemente, qualquer planejamento prévio. Sendo assim, as primeiras cidades européias a despontarem como centros industriais importantes não estavam preparadas para receber um considerável contingente de pessoas que deixaram os campos e para lá se deslocaram em busca de melhores condições de vida.

Por essa razão, essas cidades foram palco de condições de vida bastante adversas, nas quais trabalhadores viviam aglomerados em cortiços e favelas, onde a prostituição, o crime, a promiscuidade e a miséria constituíam-se num cenário muito comum. As jornadas de trabalho eram muito longas, os salários baixíssimos e os trabalhadores eram ainda bastante desorganizados, já que havia forte repressão a qualquer tentativa de formação de sindicatos. Faço questão de mencionar dois livros que ilustram bem essa fase: o clássico Germinal, de Émile Zola, e um outro muito menos conhecido, mas também excelente, Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza, de Maria Stella Bresciani.

A segunda controvérsia digna de nota era sobre as leis dos cereais. Essas leis impunham tarifas aos grãos importados e estabeleciam, efetivamente, um preço mínimo aos grãos importados do exterior para a Inglaterra. Os donos de terras eram a favor dessas tarifas, mas eram atacados por pessoas que, como Smith adorava parafrasear, amavam colher onde não haviam plantado. Seu poder político estava sendo desafiado pelas classes que estavam surgindo, como os mercadores, os capitalistas industriais e os seguidores de cada grupo.

A população em crescimento, de acordo com o censo de 1801, estava exercendo pressão sobre a oferta de alimentos da Inglaterra. Já em 1790, a Inglaterra tinha percebido a necessidade de importar alimentos, mas as guerras napoleônicas haviam mantido essas importações relativamente baixas, e os resultados eram preços internos dos grãos e da renda da terra extremamente altos. Quando Napoleão foi capturado, em 1813, os donos de terras ingleses, que dominavam o Parlamento, ficaram extremamente preocupados, imaginando que um novo surto de grãos importados desvalorizaria o preço dos bens agrícolas e reduziria enormemente a renda com aluguéis da terra.

Assim, eles determinaram que os preços mínimos vigentes de grãos importados fossem aumentados. Os interesses comerciais, no entanto, falavam contra tarifas mais altas sobre os grãos e eram a favor da anulação total das leis dos cereais. Além dessas duas controvérsias, há ainda, segundo Stanley Brue, um outro aspecto que teve influência sobre o pensamento de Malthus:

Seu pai apoiava a crença otimista da suscetibilidade de aperfeiçoamento das pessoas na sociedade. Essa fé no progresso era baseada, em parte, nos trabalhos de Godwin (um sacerdote, romancista e filósofo político que se tornou anarquista e ateu e cujas doutrinas se assemelhavam às dos revolucionários franceses) e Condorcet (um eminente matemático francês, democrata na política, fisiocrata na economia e pacifista). Em certo sentido, esses pensadores eram influências importantes ao jovem Malthus, uma vez que ele propositadamente começou a desafiar suas teorias.

Ao longo de sua vida, Malthus pertenceu a diversas sociedades culturais, tais como:

Royal Society (1819);

Political Economy Club (1821), que tinha como membros Ricardo e James Mill;

Royal Society of Literature (1824);

Académie Française des Sciences Morales et Politiques (1833);

Real Academia de Berlim (1833);

Statistical Society of London (1834).

população e da produção de alimentos, Malthus apontou os chamados freios positivos ou naturais, cuja característica básica é de promoverem o aumento da taxa de mortalidade. Tais freios são fenômenos climáticos tais como secas, pragas, enchentes, terremotos, pestes, epidemias etc., independentes da vontade do homem, que, de tempos em tempos, dizimavam parcelas da população, produzindo o equilíbrio demográfico. Além desses fenômenos da natureza, as guerras podem ser agregadas a esse tipo de freio, o único que tem a participação ativa do homem.

Acertadamente, porém, Malthus observou que a humanidade não deveria permanecer indefinidamente dependente, exclusivamente, da providência divina. Nesse sentido, propôs os freios preventivos, cuja característica seria promover a redução da taxa de natalidade. Para tanto, sugeriu um amplo processo de conscientização, para o qual contribuiriam todas as instituições que - direta ou indiretamente - participam da formação educacional das crianças.

O objetivo principal desse processo de conscientização seria convencer as pessoas que elas só deveriam se unir em casamento após adquirirem condições econômicas satisfatórias para constituir e criar condignamente uma família. Deveriam, portanto, retardar o casamento até atingirem essa condição econômica favorável, permanecendo celibatárias (solteiras) se não conseguissem atingir essa condição. A idéia por trás dessa proposta é que com essa medida haveria uma redução da faixa média de fertilidade das mulheres que, dessa forma, teriam um número menor de filhos.

Outro aspecto merecedor de realce diz respeito à polêmica envolvendo a Lei dos Pobres, cuja aprovação tramitava no Parlamento, segundo a qual caberia ao Estado garantir a criação e a educação das crianças pobres e abandonadas. Malthus opôs-se vigorosamente à aprovação dessa Lei, afirmando que sua aprovação seria um prêmio à irresponsabilidade de pais que põem filhos no mundo sem condições de criá-los adequadamente. Além disso, tal ação seria uma interferência indevida na vontade divina, uma vez que a morte dessas crianças seria justamente um castigo de Deus à irresponsabilidade de seus pais. A esses argumentos de caráter mais teológico, Malthus acrescentou outros de fundo econômico, ligados à provável expansão do desemprego, com todas as conseqüências ruins que isso acarreta.

O Prof. Paulo Sandroni, no Dicionário de economia do século XXI, observa que "nos escritos subseqüentes, as concepções do Ensaio sobre o Princípio da População foram o ponto de partida para análises mais abrangentes de questões econômicas e sociais, tratadas em livros, panfletos e artigos".

Também outros autores incorporaram conceitos ligados ao uso de terras menos produtivas em suas idéias e obras, em especial David Ricardo, em sua teoria da renda (da terra), e na lei dos rendimentos decrescentes. Com base nisso, Galbraith afirma que se Adam Smith e Jean Baptiste Say representam a visão otimista da Escola Clássica, "já a visão de Malthus e Ricardo não tem nada de otimista".

  1. As idéias de Malthus hoje

Malthus foi muito criticado por não ter considerado, pelo lado da oferta, a incrível expansão da produtividade agrícola em decorrência dos avanços da tecnologia; e, pelo lado da demanda, o êxito dos programas de planejamento familiar, que levaria a uma redução das taxas de crescimento demográfico.

Tais observações, a bem da verdade, podem ser consideradas válidas se tomarmos como base os países desenvolvidos. Nesses, ocorreu um extraordinário aumento da produtividade, não apenas agrícola, mas de todos os segmentos da economia, gerando uma oferta abundante de bens e serviços de toda ordem, o que garante um padrão de vida bastante confortável.

É necessário lembrar, entretanto, que a esmagadora maioria da população mundial não vive em países desenvolvidos, mas em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, em muitos dos quais - sobretudo na América Latina, em parte da Ásia, e na África Subsaariana - ainda prevalece um binômio perverso: baixíssima produtividade e elevado crescimento demográfico. Nesses - repito: onde vive a maior parte da população do mundo - o alerta malthusiano permanece mais atual do que nunca!


Referências e indicações bibliográficas

BRESCIANI, Maria Stella Martins. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. (Coleção Tudo é História, 52)

BUCHHOLZ, Todd G. Malthus: profeta do Juízo Final e da explosão populacional. Em Novas idéias de economistas mortos. Tradução de Luiz Guilherme Chaves e Regina Bhering. Rio de Janeiro: Record, 2000, pp. 59 - 81.

MALTHUS, Thomas Robert. Princípios de economia política: e considerações sobre sua aplicação prática; Ensaio sobre a população. Apresentação de Ernane Galvêas. Traduções de Regis de Castro Abreu, Dinah de Abreu Azevedo e Antonio Alves Cury. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os Economistas)

Princípios de economia política. México: Fondo de Cultura, 1998.

MEIRA PENNA, J. O. de. Malthus e o princípio de população. Digesto Econômico, Novembro-Dezembro - 1994, pp. 68 - 79.

SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.

ZOLA, Émile. Germinal. Tradução de Eduardo Nunes Fonseca. Introdução e biografia de Assis Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.

Livros texto de História do Pensamento Econômico

BRUE, Stanley L. História do pensamento econômico. Tradução de Luciana Penteado Miquelino. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005, pp. 86 - 99.

FEIJÓ, Ricardo. História do pensamento econômico: de Lao tse a Robert Lucas. São Paulo: Atlas, 2001.

FUSFELD, Daniel R. A era do economista. Tradução de Fábio D. Waltenberg. São Paulo: Saraiva, 2001, pp. 55 - 57.

GALBRAITH, John Kenneth. A era da incerteza. Tradução de F. R. Nickelsen Pellegrini. 6ª ed. São Paulo: Pioneira, 1984.

O pensamento econômico em perspectiva: uma história crítica. Tradução de Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Pioneira/ Editora da Universidade de São Paulo, 1989, pp. 69 - 73.

HUGON, Paul. História das doutrinas econômicas. 14ª ed. São Paulo: Atlas, 1984, pp. 110 - 120.

HUNT, E. K. História do pensamento econômico: uma perspectiva crítica. Tradução de José Ricardo Brandão Azevedo e Maria José Cyhlar Monteiro. Revisão técnica de André Villela. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005, pp. 61 - 85.

ROLL, Eric. História das doutrinas econômicas. Tradução de Cid Silveira. 2ª ed. São Paulo: Editora Nacional, 1962, pp. 185 -